Medidas contra corrupção: parecer pode ser votado na terça

Reunião da comissão especial está agendada para às 14h. O relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem gerado polêmicas entre os parlamentares

por Giselly Santos dom, 20/11/2016 - 09:02

A comissão especial que analisa o Projeto de Lei 4850/16, referente as 10 medidas contra a corrupção criadas pelo Ministério Público Federal (MPF), vai se reunir, na próxima terça-feira (22), às 14h, para tentar votar o relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Neste domingo (20), o Vem Pra Rua realiza manifestações em nove cidades do país em apoio ao projeto. 

Na semana passada, a votação foi adiada em função de mudanças de última hora em um dos pontos considerados polêmicos da proposta: a possibilidade de magistrados e membros do Ministério Público serem processados por crime de responsabilidade.

Atualmente, só podem ser julgados por crime de responsabilidade o presidente da República e seus ministros, os ministros do Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República e os governadores. Segundo o presidente do colegiado, deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), os deputados não aceitaram a retirada do dispositivo, anunciada pelo relator na última segunda-feira (14), depois de conversar com o coordenador da Operação Lava Jato no Ministério Público, procurador Deltan Dallagnol.

Passarinho disse que está em negociação um novo texto, que mantenha a possibilidade de punição, mas que impeça retaliações a investigadores. "Não tem sentido um magistrado ou um procurador que cometa um crime não poder pagar como qualquer cidadão. Eles não podem estar acima da lei", disse.

Mudança

O relator também havia elaborado substitutivo em que previa a possibilidade de processos contra juízes e promotores responderem por crime de responsabilidade. No entanto, após reunir-se com procurador Dallagnol, anunciou que iria retirar o dispositivo. Dallagnol pediu a retirada do trecho, sob a alegação de que a medida abriria a possibilidade de investigados entrarem com ação por crime de responsabilidade contra os investigadores. A mudança, no entanto, foi mal recebida na Câmara.

Lorenzoni admitiu na última quarta-feira (17) que ainda há negociações em curso para alterar o texto. Ele disse que espera sugestões das bancadas dos partidos. "Neste momento a parte relativa a processos por crime de responsabilidade, da maneira como estava no substitutivo original, está fora. Mas é um assunto que precisa ser discutido, já que não podemos deixar duas categorias acima da lei. Ao mesmo tempo, não podemos nos alinhar com iniciativas em curso no Congresso que visam apenas punir os investigadores”, afirmou.

*Com a Agência Câmara

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