Miguel Arraes, o guerreiro do povo brasileiro

No seu centenário, comemorado no dia 15 de dezembro, a história relembra os marcos do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. Ele ficou conhecido como o guerreiro do povo brasileiro

por Taciana Carvalho qui, 15/12/2016 - 08:00
Partido Socialista Brasileiro/Flicrk Partido Socialista Brasileiro/Flicrk

Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, não se preocupava com rótulos, como o mesmo disse em um discurso. “O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim (...). O que importa é a prática política, o que me importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais”, declarou num tempo em que boa parte dessa camada citada pelo líder ansiava por dias mais igualitários e justos. 

O primogênito e único filho homem de Maria Benigna Arraes de Alencar e José Almino de Alencar e Silva, foi adorado muito mais do que pela criação do programa Chapéu de Palha, que atendeu os trabalhadores rurais da palha da cana e suas famílias, na região da Zona da Mata, durante o período da entressafra da cana-de-açúcar.

                                                                                                               

Arraes trouxe, para muito deles, o significado da importância que eles tinham diante das suas próprias vidas ao colocar, numa mesma mesa, usineiro, os fornecedores de donos de engenho e os trabalhadores.

Um verdadeiro “choque cultural e político” como definiu o próprio neto Eduardo Campos, que herdaria o dom e o carisma do sertanejo que ficaria marcado na história brasileira. “Ele chegou ao governo e faz que a lei seja cumprida na realidade onde não existia lei para os pequenos. Um usineiro sentar na mesma condição diante de um governador com trabalhadores em busca que se cumprisse a lei”, chegou a dizer Eduardo. Ali, um tempo novo estaria por iniciar.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                    O sertanejo foi visto como um santo por muitos. Nascia o mito Arraes

O ex-governador de Pernambuco ficaria rotulado ora por ser um homem cabeça-dura, teimoso, de posturas convictas, ora pela sensibilide humana aguçada que o fez ser venerado pela população mais necessitada, que o tinham como um santo, principalmente, pelos camponeses, que diziam que ele era capaz de fazer chover. Era o mito Arraes que nascia, o mito do Sertão. O guerreiro do povo brasileiro, como a população entoava em diversas visitas que ele fazia pelos municípios do estado. Arraes deixaria marcas inigualáveis para a política brasileira. 

Arraes conseguiu realizar o que registrou em seu discurso quando assumiu pela primeira vez o Governo de Pernambuco, no dia 31 de janeiro de 1963, onde citou um poema do escritor Carlos Drummond de Andrade. Em sua lápide ficaria registrada uma parte do texto: “Luto com as velhas armas que sempre lutei: as minhas duas mãos e o sentimento do mundo”. Sentimento, esse, que marcaria a vida dos de milhares de pessoas eternizando o seu nome na história.

                                                                                                        

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