Criminoso poderoso nunca é punido, diz membro da Lava Jato

Carlos Fernando, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF, também disse que os pobres é que vão para a cadeia

por Taciana Carvalho sex, 12/05/2017 - 18:08
Brenda Alcântara/LeiaJáImagens Brenda Alcântara/LeiaJáImagens

O procurador regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira (12), em conversa ao LeiaJá na série Entrevista da Semana, declarou que é preciso mudar a regra que só pune as pessoas pobres e afirmou que criminoso poderoso nunca é punido. Ele participa, no Recife, do I Congresso Internacional de Direito Penal e Processo Penal, promovido pela UNINASSAU. 

“Você tem que mudar a regra que só se pune pessoas pobres. No Brasil, nós temos que punir os ricos. Punir os ricos significa mudar as leis penais e impedir que o poder econômico prevaleça sobre a Justiça”, declarou. 

O procurador enfatizou que o Brasil precisa de reformas diversas, principalmente, a política e nas leis penais e processuais. “Nós precisamos mudar o Brasil para que não seja mais o país da impunidade. Hoje um criminoso poderoso pode usar de uma legião de advogados, recursos inúmeros e medidas procrastinatórias. No final das contas, ele nunca é punido. Entretanto, os pobres vão para a cadeia”, disparou. 

O membro da Lava Jato também disse que o sistema político brasileiro gera criminalidade e que é preciso combater essa situação. “Nós precisamos trazer uma mensagem que nós podemos ter esperança em um Brasil melhor sem corrupção. A Lava Jato é apenas um momento em que estamos revelando esses fatos. Nós precisamos que a população haja para um apoiamento dela e de medidas legislativas que melhorem nosso sistema político". 

Carlos Fernando ainda disse acreditar na condução do processo. “Nós temos que separar muito bem as questões. As questões em Curitiba elas são simples de investigação criminal. Nós temos preocupação com o Supremo Tribunal Federal, mas nós temos muita confiança no relator [da Lava Jato] ministro Fachin que tem sido muito firma na condução do processo”, concluiu. 

COMENTÁRIOS dos leitores