Clebel: gestão passada deixou 'carreta desgovernada'

O gestor de Salgueiro, cidade localizada no sertão pernambucano, revelou desafios administrativos

por Taciana Carvalho qua, 05/07/2017 - 18:10
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo . Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Em um tom de desabafo misturado com esperança, o prefeito do município de Salgueiro, Clebel Cordeiro (PMDB), em entrevista concedida ao LeiaJá, disse que a cidade está um caos em termos financeiros. “Salgueiro era diferente e hoje a realidade de Salgueiro é totalmente o inverso do que todo mundo está passando no país. Salgueiro está pior do que todo mundo”, disparou. 

Entre outras justificativas, o prefeito apontou como um dos fatores a paralisação das obras da Transposição do Rio São Francisco pelos trabalhos da Mendes Júnior, que ocasionou o fechamento de mais de 100 empresas na cidade. Ele também disse que boa parte da população está desempregada (7 mil desempregados), um cenário bem diferente do que existia há três anos quando havia mais de 14 mil empregos. “É um momento muito difícil também por conta da irresponsabilidade, por conta de quem comeu o dinheiro, que gerou o atraso dentro de Salgueiro. Uma crise política em uma cidade de 60 mil habitantes”, lamentou. 

O peemedebista diz que agrava a situação o “descontrole da gestão passada”. Antes, o prefeito era Marcones Libório (PSB) “A cidade não tem débito, mas tem descontrole da gestão passada. É uma carreta desgovernada que a gente precisa colocar no eixo. Um trabalho que não é fácil. São besteiras que atrapalham”, diz o gestor, em relação à prestação de contas pendentes.  

Ele também criticou o governo municipal anterior ao seu por ter cancelado todos os contratos em dezembro, a exemplo da coleta de lixo. “Não deixou nada. Na época foi dito que não tinha precatório e, depois, apareceu precatório. Disseram que era a melhor prefeitura do mundo, mas a prefeitura está no caos. Essas coisas que viemos encontrando nesses seis meses e que estamos tentando erguer a cabeça e partir para frente para buscar resultados. Deixaram o alfinete para que a gente possa se engasgar no decorrer do caminho, essas cascas de bananas”, frisou, sem revelar valores. 

O baiano, que mora há 32 anos em Salgueiro, contou que o fato dele “gostar das pessoas simples” favoreceu o resultado que o fez vencer uma oposição que estava na cidade há mais de uma década. Clebel confessou que "um pouco de vaidade" foi outro fator que o influenciou a gerir o município, além do seu lado gestor.

“Político é uma coisa que não sou. Não sou político, eu apesar de tudo, sou comerciante, toco as minhas empresas, mas quando se fala em política, o Brasil está desacreditado. E você precisa provar todo dia que não é desonesto, todo dia precisa provar que veio para trabalhar com honestidade”, disse. 

Clebel garantiu que está fazendo um trabalho de gestão e apenas “a coisa correta”. “Não estou aqui para tirar vantagem nenhuma. Os servidores estão em dia, não uso carro da prefeitura, não uso combustível da prefeitura, não tenho motorista para tentar fazer uma coisa diferente porque se eu tenho um salário que já é alto por que eu vou querer mais?”, indagou.  “Quando você chega dentro, você vê que não é como se fosse sua empresa. Aqui tem um fator que é gerenciar o dinheiro do outro. Quando é do seu é muito fácil, você faz o que quer, mas dos outros você tem que explicar e tentar gerenciar com a maior responsabilidade possível e é isso que eu prego aqui dentro”, completou.

Sobre se irá continuar na política, após todo o cenário desfavorável que encontrou, o prefeito falou que não dá para dizer nem sim nem não. “Só queria 4 anos, mas na hora que você vê um projeto que você está cuidando, que você vê a coisa começar a funcionar e quando estiver faltando detalhes, abandonar e vir outro e desarrumar, aí eu não sei como vai ser o futuro, só a Deus pertence”, ressaltou. 

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