Mais de 65% dos recifenses não projetam ir a manifestações
Dos ouvidos pelo Instituto de Pesquisas Uninassau, 73,4% são favoráveis as mobilizações que já ocorreram na capital pernambucana, mas 80,1% não participaram de nenhuma delas
Céticos com as manifestações, que por um período recente foram tidas como o meio mais viável de pressão popular com efeitos no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, 65,7% dos recifenses não pretendem participar dos próximos atos na capital pernambucana. O percentual foi obtido pelo Instituto de Pesquisas Uninassau, a partir de um estudo sobre o engajamento da população nos protestos. Dos ouvidos pelo levantamento, 73,4% são favoráveis as mobilizações, mas 80,1% não participaram de nenhuma delas por apatia [22,7%], medo [17,5%] ou a consciência de que ‘não daria em nada’ [14,4%].
A sondagem, encomendada pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commércio, registrou que entre os 19,4% que saíram de casa para ir às ruas, 37% disseram que foram com o intuito de 'melhorar o país' e 31,1% para defender os direitos. Já sobre os atos que devem acontecer em breve na cidade, apenas 17,6% pretendem ir.
Mesmo com a descrença dos entrevistados, o Instituto também questionou sobre quais motivos a população deveria ir às ruas. A sinalização positiva para itens como violência [87%], corrupção [84,9%], os políticos [84,1%], além das reformas trabalhista [84,1%] e previdenciária [83,7%] se sobressaiu diante da negativa.
Quer seja contra a corrupção ou contra o governo vigente, até 2016 as manifestações no Brasil arrastaram milhares de pessoas e apesar da conjuntura atualmente propícia para os atos no país, segundo o coordenador da pesquisa e cientista político Adriano Oliveira, “faltam instituições da sociedade que possam mover estes eleitores a irem às ruas”.
“Para manifestações ocorrerem, o ambiente precisa estar propício. E ele está. Contudo, existem dois vetores que aumentam a possibilidade dos eleitores que desejam se manifestar irem às ruas. Primeiro, existência de instituições, como sindicatos e organizações da sociedade, que mobilizem e incentivem a participação do indivíduo. Segundo, um estrondo social, como as frequentes denúncias de corrupção contra o governo Dilma e a delação da JBS contra o governo Temer. Então, por que, neste instante, não ocorrem manifestações contra o presidente Temer? Simples: faltam instituições para mobilizar parte dos indivíduos que desejam ir às ruas contra o seu governo”, salientou.
A referência do estudioso ao presidente Michel Temer (PMDB) diz respeito também a um outro dado sugerido pela pesquisa onde 84% dos recifenses ouvidos dizem ser contra a manutenção do mandato do peemedebista, mas 60,3% não querem ir às ruas reivindicar sua saída.
O cenário não é tão diferente quando o Instituto indaga a população quanto a época em que a Presidência era ocupada por Dilma Rousseff (PT). Apesar de 41,7% se colocarem favoráveis aos atos contra a petista, 91% não foram às manifestações enquanto 8,8% sim. Destes, a maioria [33,3%] justificou a participação pelo desejo de melhorar o país.
Recifenses são contra ocupações
A análise do Instituto Uninassau apresenta ainda dados sobre a avaliação dos entrevistados quanto a alguns métodos adotados por manifestantes em atos recentes, a maioria deles encabeçados por movimentos alinhados à política de esquerda e contrários às ações da gestão de Michel Temer como centrais sindicais e o Movimento Sem Terra (MST).
A interrupção estradas e ruas, alvos das últimas greves gerais contra por exemplo as reformas trabalhista e da Previdência, é reprovada por 61,9% dos entrevistados. E a invasão de prédios públicos, mais conhecidas como ocupações, também são rejeitadas por 68,7%.
A invasão de fazendas por parte do MST também foram criticadas. A maioria, 73,5% sinalizou estar contra a atitude, enquanto 21,2% colocou-se favorável.
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