Doria põe ministros de Temer em secretariado

O tucano convidou o ministro da Educação, Rossieli Soares, para comandar a Secretaria da Educação do Estado

qua, 07/11/2018 - 07:59
Marcos Corrêa/PR Marcos Corrêa/PR

Um dia depois de confirmar o nome do atual ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), para a Casa Civil de seu governo, o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta terça-feira (6) mais dois integrantes do governo Michel Temer (MDB) para compor seu secretariado.

Desta vez, o tucano convidou o ministro da Educação, Rossieli Soares, para comandar a Secretaria da Educação do Estado. Já Sérgio Sá Leitão, que comanda a área de Cultura no governo federal, vai assumir a pasta no secretariado paulista - que será rebatizada como Secretaria da Cultura e Economia Criativa. A notícia foi antecipada pelo estadão.com.br.

"São Paulo é uma nação. O Estado pretende ter essa visão global e ampla de gestão. Não vamos pensar pequeno. Vamos pensar grande", disse Doria, quando questionado sobre o que motivou a escolha de remanescentes da Esplanada dos Ministérios.

O governador eleito também se reuniu no começo da semana com o atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, mas não confirmou se fez a ele um convite para integrar sua equipe de governo. No ano passado e no início de 2018, Doria foi um dos principais interlocutores entre Temer e o PSDB. O tucano, porém, se afastou do Palácio do Planalto durante o processo eleitoral e, no segundo turno, colou sua campanha à do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Na última reunião da executiva nacional do PSDB, no dia 9 de outubro, o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente da sigla, interrompeu a fala de Doria por duas vezes e o chamou de "Temerista".

Antes do ministério, Rossieli Soares foi secretário de Educação de Amazonas e secretário da Educação Básica durante a gestão de Mendonça Filho no MEC. Na entrevista coletiva desta terça, João Doria ressaltou a "relação estreita" de Rossieli com "o grande ministro Mendonça Filho", que é um dos principais quadros do DEM.

Em São Paulo, Rossieli terá o desafio de melhorar a aprendizagem das crianças e adolescentes, cujos resultados de avaliações têm ficado abaixo de Estados com menos recursos. Nos resultados deste ano do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), o ensino médio público paulista aparece apenas na 7.ª e na 11.ª posições no ranking de Português e Matemática, respectivamente. Fica abaixo de Estados com menor nível socioeconômico como Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Especialista em educação, Mozart Neves, que era cotado para o cargo de secretário paulista e agora estaria entre os nomes para o ocupar o MEC no governo Bolsonaro, vai presidir um conselho que acompanhará o trabalho da Secretaria de Educação. Ele atuará ao lado da presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, que também estará no conselho.

Sérgio Sá Leitão chegou a titular do MinC com apoio do MDB, embora não seja filiado ao partido. Ele foi secretário municipal de Cultura do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) e diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Doria classificou Sá Leitão como o "pacificador" do Ministério da Cultura.

O futuro secretário estadual disse que um dos seus objetivos na pasta será fortalecer as atividades culturais sob os aspectos social e econômicos. Sá Leitão afirmou ainda que os equipamentos culturais do Estado serão geridos por meio de organizações sociais.

Transição

O vice governador eleito, Rodrigo Garcia (DEM), se reuniu nesta terça, pela primeira vez, com o governador Márcio França (PSB) para tratar da transição em São Paulo. O pessebista definiu que a primeira reunião dos representantes das duas partes ocorrerá apenas daqui a uma semana, o que frustrou as expectativas de aliados de Doria. O governador sequer definiu quem indicará para o processo de integração.

Já Doria escalou Garcia, seu ex-chefe de gabinete Wilson Pedroso, o deputado estadual Marco Vinholi (PSDB) e o coordenador de plano de governo, Milton Santos, para representá-lo na transição. Serão criados cinco grupos de trabalho com membros da atual e futura administração: gestão fiscal, segurança, saúde, educação e mobilidade.

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