Bolsonaro ataca governadores com carta de suposto suicida

Mais uma vez o presidente da República pressionou pelo fim das medias restritivas de controle da pandemia

por Victor Gouveia sex, 12/03/2021 - 09:48
Marcos Corrêa/PR Bolsonaro, em convenção das Assembleias de Deus Marcos Corrêa/PR

Para pressionar pelo fim das medidas restritivas contra a Covid-19 adotadas por governadores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) leu a carta de despedida de um suposto suicida em sua live dessa quinta-feira (11). Apesar da divulgação ser condenada pela Organização Mundial da Saúde, o deputado federal Eduardo (PSL) repetiu o gesto do pai e ainda publicou a foto da suposta vítima.

Ao comentar sobre o caso que teria ocorrido na Bahia, antes de ler a carta, o presidente disse que "estamos tendo aí casos de suicídio pelo Brasil por causa do lockdown". Ele ainda sugere que outro episódio tenha ocorrido em Fortaleza, no entanto volta a atacar as medidas de controle da pandemia sem provas.

Para reafirmar que apenas idosos e pacientes com comorbidades devam ficar em casa, Bolsonaro mais uma vez aumentou o tom para desafiar governadores. "O resto, pessoal, toma as medidas ali que estão sendo usadas no momento e vão para o trampo. Vão trabalhar, pô. Eu ando no meio do povo. Eu duvido que este governador da Bahia, do Rio ou do Rio Grande do Sul vá no meio do povo. Ele vai falar 'mas eu não quero contaminar ninguém'. Bota três máscaras e vai para o meio do povo, porr*!", declarou. Posteriormente, o representante do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PSC) foi excluído da lista.

Ainda contra os governadores que criticam a política descoordenada do Governo Federal no enfrentamento à doença, o chefe do Executivo indicou que ficar em casa também mata. "Quem nunca passou necessidade ou nunca esteve no meio do povo pode falar 'fique em casa, estou cuidando da tua saúde'. Está cuidando da saúde? Você está matando o cara", destacou.

A OMS possui um manual voltado à imprensa sobre como cobrir suicídios. A primeira recomendação é não divulgar cartas de despedida, pois pode funcionar como efeito gatilho para potenciais suicidas. O presidente também desrespeitou outras duas orientações ao fazer sensacionalismo cobre o caso e atribuir culpados.

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