Políticos veem debate civilizado entre presidenciáveis
O encontro foi classificado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como um "debate político interessante, não necessariamente de candidatos à Presidência"
O debate online inédito, ocorrido na noite do sábado (17), entre possíveis candidatos à Presidência da República mostrou, segundo líderes partidários ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, que é possível discutir política com civilidade, mesmo entre representantes de siglas diferentes, e que a busca de uma unidade contra a reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro, em 2022 já começou.
O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT), os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) - ambos do PSDB -, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) e o apresentador de TV Luciano Huck participaram do painel de encerramento da sétima edição da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento organizado pela comunidade de estudantes brasileiros de Boston (EUA), em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo.
Quase sempre unidos em críticas ácidas ao presidente, eles também falaram em "convergência" num projeto de País.
O encontro foi classificado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como um "debate político interessante, não necessariamente de candidatos à Presidência". Segundo a deputada federal, a conversa virtual mostrou que "é possível discutir política com civilidade no Brasil, apesar de Bolsonaro".
Representado por Haddad, o PT agora espera ter a chance de lançar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a anulação de todas as condenações do ex-presidente na Lava Jato, tornando-o elegível.
O possível retorno de Lula ao jogo eleitoral, no entanto, não foi tratado pelos participantes do debate, que evitaram mencionar diretamente as eleições.
Único a colocar-se como candidato de forma mais clara, Ciro Gomes teve desempenho elogiado pelo presidente de seu partido, Carlos Lupi. "O encontro foi bastante importante. Vi ali uma demonstração de unidade contra Bolsonaro. E é essa mesmo a hora de unirmos as forças democráticas. Além disso, debates assim também são bons para que se possa comparar o preparo de cada um. Ciro é experiente, competente e tem projeto."
Presidente do MDB, Baleia Rossi não comentou o conteúdo da conversa, mas afirmou que faltaram líderes no debate, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) - também cotado como presidenciável . Mandetta participou de painel sobre o SUS.
Já o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o Brasil precisa ouvir a posição de cada um sobre os rumos para reconstruir o País. "Mas daqueles que apoiam a agenda econômica de Paulo Guedes e interditaram o impeachment até agora não esperamos nada de bom."
Jogo
Para a deputada federal Carla Zambelli (PSL- SP), aliada de Bolsonaro, o debate evidenciou "um jogo orquestrado para tentar enfraquecer a imagem do presidente com falsas narrativas".
Segundo ela, uma dessas falsas narrativas seria culpar Bolsonaro pelos números da pandemia. "O próprio STF decidiu que as ações seriam administradas pelos governadores e prefeitos. O que eles tentam agora (Doria e Leite) é se eximir, até por causa da CPI", disse.
Em 2020, a Corte definiu que Estados e municípios têm autonomia, mas não isentou a União de agir.