Renan Calheiros é indiciado pela PF e diz ser retaliação

Senador é acusado de ter recebido R$ 1 milhão em propina da Odebrecht

sab, 03/07/2021 - 14:59
Edilson Rodrigues/Agência Senado Renan Calheiros afirmou que o indiciamento é uma retaliação a sua atuação na CPI Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Polícia Federal (PF) indiciou o senador Renan Calheiros (MDB) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador, que é relator da CPI da Covid, é investigado sob acusação de ter pedido e recebido R$ 1 milhão em propina da Odebrecht em 2012. Renan Calheiros afirmou que o indiciamento é uma retaliação a sua atuação na CPI.

Segundo a investigação, a proprina teria sido paga em troca de o senador buscar a aprovação de uma resolução de interesse da empreiteira. O senador, identificado com o codinome 'Justiça' na planilha de pagamentos de propina da Odebrecht, teria recebido o dinheiro em 31 de maio de 2012, em São Paulo-SP, por meio de um motorista de seu operador financeiro.

"Durante o inquérito identificou-se que o pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) ocorreu em contrapartida pelo apoio político fornecido para a aprovação ao Projeto de Resolução do Senado n. 72/2010, convertido na Resolução do Senado Federal n. 13/2012, o qual beneficiou o GRUPO ODEBRECHT, e especialmente a BRASKEM SA, na medida em que limitou a capacidade dos Estados para concessão de benefícios fiscais a produtos importados, evitando a continuidade da 'Guerra dos Portos'", afirmou o delegado Vinicius Venturini, do Serviço de Inquéritos (Sinq) da Polícia Federal, unidade responsável por investigar políticos com foro privilegiado.

Em depoimento, o motorista declarou "não se recordar" de ter recebido mala ou dinheiro. Aos investigadores, Renan afirmou ter apoiado o projeto, mas negou os pagamentos indevidos.

O inquérito foi aberto em abril de 2017 pelo ministro Edson Fachin, que é relator da Lava Jato no STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em delação premiada de ex-executivos da Odebrecht. O inquérito foi enviado ao STF na quinta-feira (1º). Fachin deverá enviar o resultado à PGR, que poderá fazer a denúncia ou arquivar o caso.

Em nota, Renan disse que o indiciamento era uma retaliação por sua atuação como relator na CPI da Covid e que a PF não tem competência para indiciar um senador. "Estou surpreso que justamente agora, quando a CPIF mostra todas as digitais do governo na corrupção da vacina, a parte politizada da Gestapo enxerga indícios em uma acusação sem prova referente a 2012. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar", declarou. Ao mencionar "Gestapo", o senador faz uma referência à polícia secreta da Alemanha nazista.

A defesa de Renan destacou que não foi encontrado qualquer indício de ilicitude sobre atos do cliente. "Assim como os demais inquéritos, a Defesa está confiante que a investigação da Odebrecht também será arquivada, até porque nenhuma prova foi produzida em desfavor do senador, restando, somente, a palavra isolada dos delatores."

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