Michelle favoreceu amigos em crédito da Caixa, diz revista

Primeira-dama teria priorizado amigos em programas emergenciais que forneceram crédito com juros baixos a microempresários

por Vitória Silva sex, 01/10/2021 - 14:03
Rovena Rosa/Agência Brasil A primeira-dama Michelle Bolsonaro durante evento da Caixa Rovena Rosa/Agência Brasil

A primeira-dama Michelle Bolsonaro indicou amigos microempresários, com uma espécie de “lista VIP”, aos programas de crédito emergencial com juros baixos promovidos pela Caixa Econômica Federal durante a pandemia da Covid-19, segundo documentos obtidos pela revista Crusoé. Apesar de nenhuma irregularidade ter sido detectada nos valores concedidos, a forma de adesão chamou a atenção da CEF. Michelle teria se encontrado pessoalmente com o presidente do banco federal, Pedro Guimarães.

De acordo com a revista, um e-mail divulgado pela publicação mostra uma assessora da primeira-dama avisando sobre o envio de "documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado créditos a juros baixos". A mensagem faz menção a um contato anterior entre Michelle e Guimarães. A Caixa chegou a apurar internamente após notar um “fato estranho” no sistema de controle.

Ao analisar processos de concessão de empréstimo, a auditoria identificou a sigla PEP, acrônimo para “pessoa exposta politicamente", e chegou a uma lista de indicações feitas pela primeira-dama, que incluía pessoas próximas a ela como a dona de uma rede de confeitarias de Brasília.

Segundo a Crusoé, os integrantes da lista aprovados foram enquadrados no Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e não há indícios de que os valores liberados extrapolassem os limites previstos pela lei. A maioria das operações de crédito se deu em uma mesma agência, em Taguatinga, no Distrito Federal, que segundo a reportagem foi visitada por auditores que descobriram uma pasta "Indicações" no sistema de computadores. Ela concentraria os pedidos enviados por superiores do banco a respeito destas demandas.

Além da confeiteira, a lista tinha uma empresa com duas lojas em Brasília que já teria sido promovida pela primeira-dama e outras marcas que fazem parte do que a revista chama de um "círculo pequeno de gente bem relacionada" e de indicados por eles.

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