Doria e Leite buscam apoio até fora do PSDB
Os adversários têm dividido a agenda entre os partidários e encontros com empresários e lideranças de outras legendas
Ao mesmo tempo em que buscam os votos dos filiados tucanos nas prévias do PSDB, os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP) mantêm articulações políticas além dos limites partidários. Neste caso, a disputa é sobre quem está mais bem posicionado para liderar uma terceira via em 2022. Os adversários têm dividido a agenda entre os partidários e encontros com empresários e lideranças de outras legendas.
O gaúcho investe no apoio do ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, e de ACM Neto - que está à frente do processo de fusão das legendas e criação do União Brasil. O entorno de Leite age para aproximá-lo do apresentador José Luiz Datena (PSL) e de representantes do empresariado paulista.
Doria, por sua vez, mantém linha direta com o ex-ministro Sérgio Moro, estreitou a relação com o MDB e outros partidos de sua base no Estado - como Solidariedade, PL, PV e Avante - e comemorou o apoio explícito do presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal.
Com agendas cada vez mais frequentes em São Paulo, Eduardo Leite participou de um jantar no domingo com cerca de cem convidados na capital paulista. Entre os presentes no evento, que foi organizado pelo grupo Esfera Brasil, estavam empresários próximos a Doria desde os tempos que ele presidia o Grupo de Líderes Empresariais (Lide), como Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, e Claudio Lottenberg, do conselho do Albert Einstein.
Chamou atenção no evento a presença dos prefeitos de Jacareí e São José dos Campos, duas grandes cidades paulistas governadas pelo PSDB. No dia 22, Leite vai participar de outro almoço com empresários, desta vez no Rio de Janeiro.
Doria almoçou ontem com o presidente do Itaú-Unibanco, Milton Maluhy, e a diretoria do banco. O secretário de Projetos e Ações Estratégicas, Rodrigo Maia, estava presente. O ex-presidente da Câmara viajou para São Paulo também com a missão de aproximar lideranças do Congresso e de outros partidos do governador.
Na sexta-feira, Doria participa do 10° encontro com empresários em um evento do Lide na capital. Já na viagem que fez para Minas em setembro, o paulista participou de um ato em Belo Horizonte com centenas de empresários e poucos tucanos. No dia seguinte, esteve em um evento organizado pelo prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), com políticos e lideranças de diversas siglas. Na ocasião, o deputado Aécio Neves ironizou os encontros e disse que o paulista faz campanha onde não tem voto.
Às vésperas do primeiro debate das prévias, a disputa se acirrou entre os dois governadores. Em Santo André, na Grande São Paulo, Eduardo Leite criticou o adversário por ter anunciado que não iria ao debate organizado pelos jornais Valor e O Globo, e depois recuado. O governador gaúcho também rebateu críticas do entorno de Doria sobre o aplicativo que será usado nas votação dos filiados do PSDB.
"Negar participação no debate e lançar suspeitas à forma de votação é coisa do bolsonarismo. Espero que não volte o BolsoDoria", disse ele no domingo. O presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi, rebateu.
"Diálogo na teoria, agressão na prática. É momento de termos um candidato para unir o partido e o país, não para dividir". Procurado, o coordenador da campanha de Doria, Wilson Pedroso, negou que o governador esteja procurando aliados fora do partido e disse que a estratégia é "100% interna no PSDB".