Sergio Moro diz que Bolsonaro não combate corrupção

Ex-juiz diz que afirmação influenciou sua saída do governo e que o presidente é responsável pelo retorno de Lula à política

por Vitória Silva ter, 11/01/2022 - 12:18
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) disse que saiu do governo de Jair Bolsonaro (PL) quando percebeu que o presidente "não protegia o combate à corrupção". Moro é ex-ministro da Justiça do mandatário, tendo sido um dos principais pilares da agenda bolsonarista até a ascensão e vitória, em 2018. As declarações foram feitas em entrevista exclusiva à Rádio Metrópole nesta terça-feira (11).

"Não fui pelo cargo. Fui pelo projeto. As pessoas sofrem muito. Emprego, salários caindo, as tragédias... As pessoas se sentem abandonadas. Em 2018, o Brasil estava dando uma virada. A corrupção sempre foi um problema no Brasil. Não é o maior problema, mas ela vai se disseminando. Vai gerando uma ineficiência do Estado. Quando percebi que o projeto de combate à corrupção não estava sendo protegido pelo presidente, eu saí. Meu compromisso maior era com a população brasileira. Quando chegou o momento que vi isto estava sendo sabotado, eu saí. A gota d'água foi a troca da Polícia Federal", alegou. 

O pré-candidato à Presidência pelo Podemos também afirmou que um dos motivos para aceitar o cargo de ministro da Justiça foi "para evitar maluquices" por parte de Bolsonaro. "Teve gente que falou: 'Foi um alívio você ir para o governo porque protege as pessoas de excessos e da arbitrariedade do presidente", disse. Moro também culpa Bolsonaro pelo retorno do ex-presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT) às pesquisas eleitorais e reforça que não prendeu o petista por uma questão pessoal. 

“Não existe ninguém acima da lei. Se a gente não der um passo civilizatório, a gente não anda como país. Por que o Brasil não se desenvolve? Por que tem essa percepção de que tem gente acima da lei? Esse desmonte progressivo da Lava Jato é um retrocesso. Como é difícil que pessoas poderosas respondam por seus crimes! Pessoas que foram presidentes. Deputados ricos ou donos de empreiteiras. E esse desmonte da Lava Jato é isso. Isso é frustrante para a população brasileira, que é honesta”, continuou. 

Moro aproveitou também para dizer que não vai criminalizar a política: “Tem muita gente boa na política. Gente muito boa. Meu DNA é o combate à corrupção. Mas tem que ir muito além. Temos que usar esse ano de 2022 para conversar com as pessoas. Fazer as reformas paradas. Fazer uma revolução na educação pública. Tem muita gente boa que podemos unir para construir um melhor país. O que falta? Falta liderança. E a liderança falta compromisso primeiro com a verdade”. 

 

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