Bolsonaro propaga fake news em reunião e TSE retruca

A Secretaria de Comunicação e Multimídia do TSE produziu conteúdos que explicam que o presidente apresentou ao menos 20 fake news nesta reunião

por Alice Albuquerque seg, 18/07/2022 - 18:55
Anderson Riedel/PR O presidente Jair Bolsonaro (PL) Anderson Riedel/PR

Em reunião com os embaixadores nesta segunda-feira (18), no Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que, na sua concepção, o sistema eleitoral brasileiro feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é falho e inauditável. Ele também falou sobre o suspeito hacker que passou oito meses dentro do sistema do TSE e reclamou que o inquérito da investigação ainda não foi concluído. De acordo com o presidente, com uma apresentação de powerpoint, “tudo o que vou falar aqui está documentado, nada é da minha cabeça”.

Após o pronunciamento, "O Presidente" foi parar nos Trendings Topics do Twitter em critica às falácias ditas por Bolsonaro no seu discurso durante o evento. Ele também apontou que Fachin "foi o responsável por tornar Lula elegível" a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal pela liberdade e elegibilidade do ex-presidente. 

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Ao exaltar que o que mais quer para o “meu” Brasil é que a liberdade continue a valer depois das eleições, ao atacar o TSE, Bolsonaro disse querer transparência no pleito. “Queremos que o ganhador seja aquele que realmente seja votado. Temos um sistema eleitoral que apenas dois países no mundo usam. No passado, alguns outros países começaram a usar esse sistema e rapidamente foi abandonado. O que queremos são eleições limpas, transparentes, onde o eleito reflita a vontade da sua população”. 

Durante o seu discurso e a apresentação no powerpoint, o presidente falou de um possível ataque hacker ao sistema do TSE divulgado pelo próprio hacker após o segundo turno das eleições de 2018. “Quero me basear no inquérito da Polícia Federal que foi aberto. O hacker falou que tinha invadido o TSE e a PF começou a apurar se houve ou não manipulação e de quem seria a responsabilidade”. 

“Tudo começa nessa denúncia, que foi de conhecimento do TSE, onde o hacker diz claramente que ele teve acesso a tudo dentro do TSE; a todos os milhares de código-fonte, que teve acesso a senha de um ministro do TSE, bem como de outras autoridades. Várias senhas ele conseguiu e a ministra do TSE da época, que também é ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, fez com que o inquérito fosse instaurado”. 

De acordo com Bolsonaro, os hackers ficaram oito meses “dentro dos computadores do TSE, com códigos fontes, senhas e muito à vontade, e diz ao longo do inquérito que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar foto de um e transferir para o outro”. “Ou seja, um sistema que, segundo documentos do próprio TSE e conclusão da PF, um processo aberto a muitas maneiras de alterar o processo de votação”, atacou o presidente, que defende o voto impresso. 

No entanto, a Secretaria de Comunicação e Multimídia do TSE produziu conteúdos que explicam que o presidente apresentou ao menos 20 fake news nesta reunião, explicando alguns dos pontos falados por ele. Com relação aos dois países além do Brasil que utilizam voto eletrônico, mencionado por Bolsonaro, “os equipamentos utilizados pelo eleitorado de parte da França e dos Estados Unidos para realizar a escolha de representantes também não imprimem comprovante físico da votação”, disse a Justiça Eleitoral. Também foi dito pelo presidente que as urnas eletrônicas são inauditáveis, mas, ainda segundo a Justiça Eleitoral, “as urnas eletrônicas podem ser auditadas”. “As verificações, acompanhadas de perto por diversas entidades respeitadas, ocorrem antes, durante e depois das eleições para assegurar o bom funcionamento do sistema eleitoral brasileiro”. 

Ataque Hacker 

O presidente afirmou que o sistema do TSE sofreu ataque hacker e insinuou, mais uma vez, em ataque ao Tribunal e na defesa do voto impresso, que as urnas eletrônicas foram invadidas. Segundo a Justiça Eleitoral, o ataque não violou a segurança do sistema das eleições, ou seja, as urnas e nem o sistema eleitoral foram afetados pela tentativa do ataque hacker. O sistema de checagem “Fato ou Boato” do TSE também explicita que a informação de que o hacker desviou 12 milhões de votos da urna eletrônica durante as eleições de 2018 é falsa. “Como as urnas eletrônicas jamais entram em rede e não têm nenhuma conexão com a internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e apuração”, explicou. 

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