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Em 2022, ano em que a Justiça Eleitoral completou 90 anos, O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intensificou ações para tornar o sistema eleitoral mais democrático, ampliando a participação de diversos grupos, incluindo cada vez mais pessoas no processo eleitoral e aumentando a diversidade do eleitorado e das candidaturas.

Em fevereiro, o Tribunal criou o Núcleo de Inclusão e Diversidade. A função do grupo é fortalecer a atuação da Corte em temas relacionados ao aumento da participação política de públicos variados, com foco nas mulheres, nos negros, na população LGBTQIA+ e nos povos originários.

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Durante o ano, a Corte Eleitoral promoveu eventos que abordam a inclusão e a diversidade no processo eleitoral. Em junho, aconteceu o encontro “Inclusão e Diversidade: um panorama da Justiça Eleitoral”, quando representantes dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo o país compartilharam experiências de ações adotadas para tornar o processo eleitoral mais diverso e inclusivo.

A Escola Judiciária Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (EJE/TSE), que capacita magistrados, servidores da Justiça Eleitoral, membros do Ministério Público Eleitoral, advogados e cidadãos acerca do Direito Eleitoral e da democracia, também realizou ações que promoveram inclusão e diversidade, como o Laboratório para a Garantia de Direitos Políticos (LabGDP) e os eventos do projeto “Diálogos Democráticos”, que, na mais recente edição, abordou a importância das mulheres na política e o papel delas para o aprimoramento da democracia.

População LGBTQIA+

Em junho, os perfis do TSE nas redes sociais promoveram ações em apoio ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A iniciativa fez parte de uma campanha conjunta com Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostrando as decisões históricas do Poder Judiciário, nos últimos anos, em favor da garantia e proteção dos direitos dessa comunidade.

Desde 2018, o Tribunal garantiu direito ao uso do nome social por pessoas que se identificam com o gênero diferente do qual nasceram e também por travestis e transexuais. No pleito geral daquele ano, quase 7.945 mil pessoas optaram pelo nome social ao se registrarem ou atualizarem seus dados na Justiça Eleitoral. Nas eleições de 2020, 10.450 pessoas utilizaram o nome social no título. Este ano, foram 37.646, o que equivale a um aumento de 373,83%.  Em julho deste ano, a Presidência do Tribunal recebeu re

presentantes da Associação Mais LGBT. Na ocasião, eles apresentaram uma série de sugestões para aprimorar a inserção de candidaturas LGBTQIA+ na política.   

Povos indígenas 

A Constituição Federal assegura aos povos indígenas a participação plena no processo eleitoral. Cabe à JE garantir a essa população que exerça a cidadania por meio do voto e participação ativa nas eleições. Por isso, a JE já previa regras em normativos anteriores que tratam de direitos desses povos, como na Resolução TSE nº 23.659/2021. 

No dia 12 de abril, o TSE publicou a Portaria nº 367, que instituiu a Comissão de Promoção de Participação Indígena no Processo Eleitoral. O intuito é elaborar estudos e projetos para promover e ampliar a participação de pessoas indígenas no processo eleitoral. Coordenado pela assessora do Núcleo de Inclusão e Diversidade do TSE, Samara Pataxó, o colegiado visa também planejar ações que fortaleçam o exercício da capacidade eleitoral dos indígenas, respeitando os respectivos costumes, linguagens e organização social. 

Igualdade Racial 

A JE também realiza ações específicas em busca da igualdade racial no processo eleitoral. A Resolução 23.659/21 traz artigos que combatem a violência política contra pessoas negras e garante a dignidade e cidadania a candidatas e candidatos. Em março de 2022, por meio da Portaria nº 230/2022, o TSE criou a Comissão de Promoção de Igualdade Racial, sob coordenadoria do ministro Benedito Gonçalves. O grupo é responsável por elaborar estudos e projetos para ampliar a participação da população negra nas eleições.

Em abril, uma audiência pública foi realizada para colher dados, informações e propostas para o aperfeiçoamento das legislações que tratam do tema “Desigualdade Racial e Sistema Eleitoral”, para subsidiar o relatório elaborado pelos Grupos de Trabalho temáticos da Comissão do TSE de Promoção da Igualdade Racial. Em novembro, foi realizado o Encontro Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, ocasião em que foi repercutido o resultado do estudo. O evento discutiu o racismo estrutural, inclusão de pessoas pretas e pardas, mulheres e indígenas, e contou ainda com o lançamento da cartilha Expressões racistas: por que evitá-las.

Acessibilidade

Para as Eleições 2022, 1.271.381 (0,81% do total) de eleitoras e eleitores declararam ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, entre mais de 156 milhões aptos a votar. O número é 35,2% maior que o registrado em 2018, quando 939.915 se apresentaram à Justiça Eleitoral como eleitores com deficiência. Naquele ano, pouco mais de 631 mil pessoas com deficiência participaram das eleições nos dois turnos. Em 2022, esse comparecimento aumentou mais de 30%.

Este ano, a acessibilidade foi otimizada com o aprimoramento dos softwares já existentes e instalação de novos recursos nas urnas eletrônicas que foram utilizadas no pleito. Todos os aparelhos, por exemplo, contaram com tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Além disso, um vídeo feito por uma intérprete de Libras foi inserido na urna.

Para as pessoas com deficiência visual, as urnas eletrônicas contam com o sistema Braile. Também foram disponibilizados nas seções eleitorais fones de ouvido para que eleitores cegos ou com baixa visão recebessem sinais sonoros com a indicação do número escolhido e o retorno do nome da candidata ou do candidato em voz sintetizada. Foram realizadas ainda melhorias na qualidade geral do áudio, que falam também os nomes de suplentes e vices.

Participação feminina no processo eleitoral  Há tempos o TSE promove ações pela garantia dos direitos das mulheres, com diversas iniciativas no sentido de ampliar a presença delas nos espaços de poder e combater a violência política de gênero. Em fevereiro, a EJE/TSE realizou, em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o 1º Encontro Nacional de Magistradas Integrantes de Cortes Eleitorais, com destaque do tema violência política. Como resultado, foi entregue à Presidência da Corte estudo preliminar sobre o perfil das magistradas eleitorais no Brasil.

A Ouvidoria da Mulher do TSE foi lançada em 21 de março deste ano, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF). O órgão foi criado para prevenir e combater casos de assédio, discriminação e demais formas de abuso sofridas por pessoas do gênero feminino, especialmente a violência política.

A Corte Eleitoral promoveu o Seminário #ParticipaMulher – Por uma Cidadania Plena. No mês seguinte, participou de evento promovido pelo Senado “Mais Mulheres na Política”. Ainda em maio, os ministros aprovaram, por unanimidade, a inclusão do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 117/2022 na Resolução TSE nº 23.604/2019, garantindo, assim, que recursos destinados aos programas de promoção da participação das mulheres na política, não utilizados no pleito, sejam empregados para atender a essa finalidade nas eleições subsequentes.

Ocorreu, em junho, o encontro “Elas na Política”, realizado em parceria com o Instagram e a Girl Up Brasil (movimento global da Fundação da Organização das Nações Unidas - ONU), trazendo importantes reflexões sobre a participação das mulheres na política. No mês seguinte, por meio da Portaria nº 674/2022, criou um Grupo de Trabalho destinado a elaborar e a sugerir diretrizes para disciplinar ações voltadas ao tema durante as Eleições 2022.

Em agosto, a campanha Mais Mulheres na Política 2022 do TSE foi lançada em rede nacional. No mesmo mês, o TSE e a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) celebraram acordo que estabelece diretrizes para atuação conjunta no enfrentamento da violência política de gênero. Ainda no mês, a Corte realizou a exposição Mulheres Eternas, abrangendo 38 obras que homenageiam o legado de mulheres brasileiras que se destacaram em diversas áreas e atuaram na defesa de políticas públicas por uma sociedade mais justa e igualitária.

Mulheres nas Eleições 2022

No dia 29 de setembro, dois dias antes do primeiro turno das Eleições 2022, durante o terceiro painel do ciclo de palestras do Programa de Convidados Internacionais, o debate tratou da participação das “Mulheres na política e nas eleições”.

A página TSE Mulheres já conta com dados estatísticos atualizados do pleito deste ano, bem como os anteriores, acerca da participação feminina. A página é gerida pela Comissão Gestora de Política de Gênero, a TSE Mulheres, criada em 2019. A Comissão atua no planejamento e no acompanhamento de ações para incentivar a participação feminina na política e, também, na vida institucional da Justiça Eleitoral.

Participação de jovens e idosos na política

Focando na participação dos jovens na política, no dia 16 de março, o perfil do TSE no Twitter promoveu o tuitaço #RolêDasEleições, ação integrante das atividades planejadas pela Justiça Eleitoral para a Semana do Jovem Eleitor, que aconteceu de 14 a 18 do mês. A iniciativa movimentou organizações e instituições parceiras e foram publicados cerca de 6,8 mil tuítes, que chegaram às telas de mais de 88 milhões de pessoas. Mais de 4,7 mil usuários do Twitter participaram da iniciativa.  Essas ações surtiram efeito.

De acordo com a página de estatísticas eleitorais do Tribunal, o comparecimento médio de jovens de 16 e 17 anos - voto facultativo - aumentou 52,3% entre 2018 e 2022. Mais de 2,1 milhões de eleitoras e eleitores nessa faixa etária estavam aptos a votar neste ano, e, em média, 1,7 milhão foram às urnas. Em 2018, essa parcela do eleitorado era de 1,4 milhão de jovens. Naquele mesmo ano, o comparecimento médio foi de 1,1 milhão.

Em junho, foi lançada a campanha “Todo voto importa”, com o apoio do TRE do Pará, que buscou despertar o compromisso cívico com o voto e a democracia entre o eleitorado maior de 70 anos, que não é mais obrigado por lei a votar. No mês seguinte, a EJE/TSE lançou o I Concurso Nacional de Redação da Justiça Eleitoral (2022-2023), com duas categorias de participantes, sendo a primeira para adolescentes entre 15 a 17 anos; e a segunda, para idosos, a partir de 60 anos. Ao todo, a seleção recebeu 1.035 inscrições de todas as unidades da Federação, com 566 artigos submetidos à avaliação da comissão organizadora.

*Do TSE

O presidente Jair Bolsonaro (PL), os filhos, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros aliados do presidente são réus em duas denúncias feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo Partido dos Trabalhadores e acatadas pelo ministro Benedito Gonçalves, por utilizarem as redes sociais para duvidar do sistema eleitoral brasileiro. 

Além dos nomes já mencionados, também estão: as deputadas federal Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), os deputados eleitos Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador eleito Magno Malta (PL-ES) e o candidato derrotado à Vice-Presidência da República Braga Netto (PL-MG).

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A denúncia apontou os motivos da ação. “A autora sustenta a tipicidade da conduta, ao argumento de que os investigados, a partir de ‘premissas corrompidas’, usam as redes sociais para propagar ‘a narrativa de que o sistema eleitoral brasileiro seria inseguro e manipulável’, alcançando milhares de seguidores, de modo a exercer uma ‘dominação do território virtual através da manutenção dos seus vínculos para amplificar o alcance da desinformação e violar a liberdade de pensamento, opinião e voto livre e consistente das pessoas’”, detalha o texto da ação. 

O ministro Benedito Gonçalves falou que as imputações também envolvem o desvio de finalidade no exercício das funções do presidente da República e cargos parlamentares “que teriam se aproveitado de sua enorme capacidade de influência nas redes sociais para ferir a isonomia, a normalidade eleitoral e a legitimidade do pleito”. 

Na segunda ação, apenas Bolsonaro e Braga Netto serão investigados por suposta prática de abuso de poder político e econômico. A argumentação é que os réus se beneficiaram de atos do presidente da República durante a eleição e se valeram da máquina pública para influenciar na escolha dos eleitores. 

“São citadas, entre outras medidas supostamente exploradas para finalidades eleitorais: antecipação da transferência do benefício do Auxílio-Brasil e do Auxílio-Gás; aumento do número de famílias beneficiadas pelo Auxílio-Brasil; antecipação do pagamento de auxílio a caminhoneiros e taxistas”, dispõe a ação. 

A decisão do ministro Benedito diz que os acusados têm até cinco dias para apresentar os argumentos contra as acusações descritas nas ações. 

Uma nova pesquisa, assinada por estudiosos das Universidades Federal de Pernambuco, no Nordeste brasileiro, e Oxford, na Inglaterra, apontou para a inexistência de irregularidades nas eleições presidenciais de 2018. Os autores realizaram cinco testes matemáticos diferentes e não encontraram qualquer anomalia na contagem de votos para presidente. Metodologia será aplicada na análise dos resultados das eleições de 2022. 

A pesquisa foi revisada por pares e publicada em 7 de setembro no periódico científico Forensic Science International: Synergy, dedicado à ciência forense, campo do saber voltado à investigação de crimes e assuntos legais a partir de conhecimentos técnicos e científicos. Ela faz parte de um projeto de pós-graduação e é de autoria dos pesquisadores Dalson Figueiredo Filho, Lucas Silva e Ernani Carvalho. 

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Os métodos 

De acordo com o estudo, foram analisados dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições presidenciais brasileiras de 2018, a fim de avaliar padrões suspeitos de contagem de votos, utilizando cinco técnicas comumente usadas para detectar fraudes: o teste da lei de Benford de segundo dígito; a média do último dígito; análise de frequência dos últimos dígitos 0 e 5; correlação entre o percentual de votos e a taxa de participação; e Densidade de Kernel reamostrada da proporção de votos. 

“Desenvolvemos uma abordagem metodológica unificada que combina a aplicação de testes de dígitos, técnicas de regressão e análise estatística de padrões de votos válidos. Não encontramos irregularidades na apuração dos votos das eleições presidenciais de 2018. Todos os parâmetros estão dentro da expectativa teórica de contagem justa. Essas inferências são robustas para os dois turnos e para diferentes níveis de agregação de dados -seção/cidade”, disse Dalson Figueiredo, co-autor. 

Na introdução da pesquisa, os autores alegam que, apesar de ter saído vitorioso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi responsável por criar uma onda de instabilidade e deslegitimidade entre a população que vota e o sistema eleitoral do Brasil.  

“Tais declarações causaram enorme desconforto e impacto negativo na credibilidade das urnas eletrônicas. Essa atitude aumenta significativamente a possibilidade de uma crise institucional, uma vez que o Judiciário é o responsável pela governança eleitoral e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é sempre um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF)”, diz o artigo. 

Resultados 

Os resultados mostram que as distribuições de segundo dígito para os três candidatos mais votados – Jair Messias Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) – estão de acordo com a lei de Benford. Também foi descoberto que as médias do último dígito e a frequência do último dígito estão dentro dos parâmetros normais, não indicando irregularidades. 

Da mesma forma, o gráfico da impressão digital indica um coeficiente de correlação consistente com a expectativa teórica de uma eleição considerada justa. A densidade do Kernel reamostrada sugere que a contagem de votos foi realizada sem distorções estatisticamente significativas. Esses resultados são robustos em diferentes níveis de agregação de dados (sessão de voto e município). 

 

Em reunião com os embaixadores nesta segunda-feira (18), no Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que, na sua concepção, o sistema eleitoral brasileiro feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é falho e inauditável. Ele também falou sobre o suspeito hacker que passou oito meses dentro do sistema do TSE e reclamou que o inquérito da investigação ainda não foi concluído. De acordo com o presidente, com uma apresentação de powerpoint, “tudo o que vou falar aqui está documentado, nada é da minha cabeça”.

Após o pronunciamento, "O Presidente" foi parar nos Trendings Topics do Twitter em critica às falácias ditas por Bolsonaro no seu discurso durante o evento. Ele também apontou que Fachin "foi o responsável por tornar Lula elegível" a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal pela liberdade e elegibilidade do ex-presidente. 

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Ao exaltar que o que mais quer para o “meu” Brasil é que a liberdade continue a valer depois das eleições, ao atacar o TSE, Bolsonaro disse querer transparência no pleito. “Queremos que o ganhador seja aquele que realmente seja votado. Temos um sistema eleitoral que apenas dois países no mundo usam. No passado, alguns outros países começaram a usar esse sistema e rapidamente foi abandonado. O que queremos são eleições limpas, transparentes, onde o eleito reflita a vontade da sua população”. 

Durante o seu discurso e a apresentação no powerpoint, o presidente falou de um possível ataque hacker ao sistema do TSE divulgado pelo próprio hacker após o segundo turno das eleições de 2018. “Quero me basear no inquérito da Polícia Federal que foi aberto. O hacker falou que tinha invadido o TSE e a PF começou a apurar se houve ou não manipulação e de quem seria a responsabilidade”. 

“Tudo começa nessa denúncia, que foi de conhecimento do TSE, onde o hacker diz claramente que ele teve acesso a tudo dentro do TSE; a todos os milhares de código-fonte, que teve acesso a senha de um ministro do TSE, bem como de outras autoridades. Várias senhas ele conseguiu e a ministra do TSE da época, que também é ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, fez com que o inquérito fosse instaurado”. 

De acordo com Bolsonaro, os hackers ficaram oito meses “dentro dos computadores do TSE, com códigos fontes, senhas e muito à vontade, e diz ao longo do inquérito que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar foto de um e transferir para o outro”. “Ou seja, um sistema que, segundo documentos do próprio TSE e conclusão da PF, um processo aberto a muitas maneiras de alterar o processo de votação”, atacou o presidente, que defende o voto impresso. 

No entanto, a Secretaria de Comunicação e Multimídia do TSE produziu conteúdos que explicam que o presidente apresentou ao menos 20 fake news nesta reunião, explicando alguns dos pontos falados por ele. Com relação aos dois países além do Brasil que utilizam voto eletrônico, mencionado por Bolsonaro, “os equipamentos utilizados pelo eleitorado de parte da França e dos Estados Unidos para realizar a escolha de representantes também não imprimem comprovante físico da votação”, disse a Justiça Eleitoral. Também foi dito pelo presidente que as urnas eletrônicas são inauditáveis, mas, ainda segundo a Justiça Eleitoral, “as urnas eletrônicas podem ser auditadas”. “As verificações, acompanhadas de perto por diversas entidades respeitadas, ocorrem antes, durante e depois das eleições para assegurar o bom funcionamento do sistema eleitoral brasileiro”. 

Ataque Hacker 

O presidente afirmou que o sistema do TSE sofreu ataque hacker e insinuou, mais uma vez, em ataque ao Tribunal e na defesa do voto impresso, que as urnas eletrônicas foram invadidas. Segundo a Justiça Eleitoral, o ataque não violou a segurança do sistema das eleições, ou seja, as urnas e nem o sistema eleitoral foram afetados pela tentativa do ataque hacker. O sistema de checagem “Fato ou Boato” do TSE também explicita que a informação de que o hacker desviou 12 milhões de votos da urna eletrônica durante as eleições de 2018 é falsa. “Como as urnas eletrônicas jamais entram em rede e não têm nenhuma conexão com a internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e apuração”, explicou. 

O presidente Jair Bolsonaro disse que o ofício enviado ao ministério da Defesa com pedido para facilitar a auditagem de urnas eletrônicas por partidos políticas é "técnico". Ele voltou a falar que a Defesa levantou "centenas de vulnerabilidades" sobre a eleição e a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Não podemos ter eleições, está lá no ofício, sob manto da desconfiança e dá tempo", afirmou. "Uma (sugestão) muito importante que foi da sugestão de uma apuração simultânea, não sei porque não aceitam isso. Se eu sou presidente do TSE, aceito todas as sugestões, discutimos e chegamos a um denominador comum", disse.

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"Tomei conhecimento agora. Quero analisar melhor na viagem. Pelo que eu sei é um ofício técnico", disse Bolsonaro, sobre o texto enviado pela defesa ao Tribunal Superior Eleitoral.

Bolsonaro afirmou que irá conversar com o Ministro da Defesa quando chegar ao Brasil. Ele viaja de Los Angeles, onde participou da Cúpula das Américas, a Orlando hoje. A previsão é que retorne ao Brasil no sábado.

Em sintonia com a proposta do presidente Jair Bolsonaro, as Forças Armadas defenderam nesta sexta-feira, 10, que seja facilitada a auditagem das urnas eletrônicas por partidos políticos. A proposta consta em ofício encaminhado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin.

Novamente, o presidente disse que as Forças Armadas encontraram vulnerabilidades no processo eleitoral. "Levantamos centenas de vulnerabilidades, oferecemos novas sugestões e, depois disso, o TSE se negou a discutir, o corpo técnico dele com o nosso dele com o nosso, buscando aí dirimir quaisquer dúvidas. Pode ser até que TSE esteja certo, mas logo depois o Fachin declarou que eleições se trata com forças desarmadas, não armadas. Por que convidaram (as Forças Armadas)?", disse.

Biden

A investida de Bolsonaro contra o sistema eleitoral era um dos temas espinhosos da passagem do brasileiro pelos Estados Unidos.

O presidente americano, Joe Biden, deixou claro para o presidente Jair Bolsonaro que os Estados Unidos esperam que o resultado da eleição brasileira seja respeitado, segundo a porta-voz em português do Departamento de Estado americano, Kristina Rosales.

Questionado sobre o teor da conversa, Bolsonaro afirmou que "conversou por alto"sobre o sistema eleitoral brasileiro. "Não estou aqui trazendo problemas do Brasil para cá. Não vou entrar nessa discussão", disse.

"Todos nós queremos, como a grande parte do TSE quer, eleições limpas, transparentes e auditáveis", acrescentou.

Diante de Biden, Bolsonaro defendeu a realização de eleições justas e "auditáveis". Bolsonaro tem feito repetidas investidas contra o sistema eleitoral brasileiro, com acusações sem prova sobre a confiabilidade do processo de voto. Quando defende que as eleições sejam auditáveis, Bolsonaro argumenta que o sistema atual não é passível de auditoria, o que é incorreto. Ele já chegou a sugerir, inclusive, que as Forças Armadas façam uma contagem paralela de votos e têm colocado em xeque a imparcialidade de ministros do Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela realização de eleições.

Nesta sexta-feira, a diplomacia americana afirmou que o assunto foi tratado com e que os EUA esperam que Bolsonaro cumpra seu compromisso de deixar o cargo de forma democrática, se perder a eleição.

Ao reiterar ataques ao sistema eleitoral brasileiro, às urnas eletrônicas e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 6, que é "impossível" não ter segundo turno ou ele "não ganhar no primeiro turno" as eleições deste ano. O chefe do Executivo também sugeriu que integrantes da Corte contabilizam votos nas eleições com base em preferências pessoais. E acusou diretamente o presidente do tribunal, Edson Fachin, de agir para beneficiar e eleger o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Bolsonaro, à frente do TSE Fachin "tudo faz para que não haja transparência (...), para eleger o Lula de forma não aceitável". O presidente ainda ampliou a crítica também para os ministros Luís Roberto Barroso, ex-presidente da Corte, e Alexandre de Moraes, que vai presidir o tribunal durante o pleito. "São três ministros que não querem transparência nas eleições. Eu não ataco a democracia."

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"No meu tempo, lá atrás, ganhava a eleição quem tinha voto dentro da urna. Agora, parece, quero que esteja errado, é um direito meu desconfiar, espero que não ganhe as eleições quem tem amigo para contar o voto dentro do TSE", afirmou o presidente, em entrevista à TV Terraviva, em recado aos três magistrados que compõem a Corte e também o Supremo Tribunal Federal. "Ô, ministros Fachin, Barroso e Moraes: pelo que se vê nas ruas comigo, é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno", declarou.

De acordo com Bolsonaro, Fachin "tudo faz" para que não haja transparência nas eleições. "Obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável. Espero que nada demais aconteça. Estamos trabalhando para que flua com normalidade as eleições", declarou, dizendo ainda que é seu "direito" desconfiar das urnas eletrônicas. Ele destacou que o magistrado foi o relator do processo que retirou o ex-presidente da cadeia, e agora está à frente do TSE. "Ou seja, um tremendo desgaste para retirar Lula da cadeia, está à frente do TSE e tudo faz para que não haja transparência, obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável", declarou o presidente.

O presidente disse também que, ao voltar da Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, vai conversar com embaixadores sobre as eleições deste ano, assim como fez Fachin.

Debates

Sobre a participação em debates eleitorais no primeiro turno, Bolsonaro afirmou que ainda "estuda" a questão. "É uma questão de estratégia no primeiro turno. Vou deixar em aberto, esperar um pouco mais o que pode acontecer", declarou. "Lula vai fazer de tudo para não comparecer a debates."

Na mesma entrevista, o chefe do Executivo voltou a defender temas caros ao bolsonarismo, como a exploração mineral em terras indígenas e o armamento da população, assim como criticou a possível aprovação de um novo entendimento sobre o marco temporal dentro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Procurado, o TSE não respondeu até a conclusão desta reportagem.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convidou diplomatas de 68 países e dois organismos internacionais para conhecer de perto o processo eletrônico de votação. O órgão realizou uma votação fictícia na qual os representantes utilizaram as urnas eletrônicas e acompanharam o processamento dos votos. 

Um grupo de 57 diplomatas participou da “Sessão Informativa para Embaixadas: o sistema eleitoral brasileiro e as Eleições 2022”, nessa terça-feira (31), e tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e questionamentos sobre as etapas da votação no Brasil. 

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Os “eleitores” escolheram o time que consideravam ser o melhor do Brasil e votaram em duas urnas eletrônicas. O clube eleito foi o Flamengo, com 21 votos, equivalente a 36,64% do eleitorado. Pelo índice da votação, a disputa seria decidida no segundo turno. 

O TSE avaliou a experiência como positiva e explicou que “os visitantes acompanharam com curiosidade a impressão do Boletim de Urna e as explicações sobre o caminho do voto a partir da seção eleitoral até a totalização na Corte Eleitoral, em Brasília”. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o Judiciário e a lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral em discurso na manhã desta quinta-feira, 19, no Rio. Bolsonaro afirmou que passa "mais da metade" de seu tempo "se defendendo" de "interferências indevidas" do Supremo Tribunal Federal (STF) e repetiu, sem citar provas ou comprovação de irregularidades em pleitos passados, que os votos nas eleições gerais de outubro deveriam ser "contados publicamente" e "auditados", pois não se pode "enfrentar" um sistema eleitoral sobre o qual "paire dúvidas".

Bolsonaro afirmou que, no Brasil, "quem diria?", o chefe do Executivo federal seria quem está "brigando pela democracia", enquanto, segundo o presidente, "naturalmente, o que acontece é o chefe do Executivo conspirar para se perpetuar no poder". "Aqui é diferente", afirmou em rápido discurso durante o Congresso Mercado Global de Carbono, organizado pela Petrobras e pelo Banco do Brasil, no Jardim Botânico do Rio.

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O presidente ainda insistiu na defesa do "voto auditado". "O voto é a alma da democracia, ele tem que ser contado publicamente e auditado. Não serão duas ou três pessoas que vão bater no peito e dizer ‘eu mando, vai ser assim, e quem agir diferente, vou cassar registro e vou prender’. Isso não é democracia", afirmou.

Bolsonaro citou também a participação das Forças Armadas nas discussões sobre segurança técnica das eleições de outubro, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "As Forças Armadas, da qual sou chefe supremo, foram convidadas a participar do processo eleitoral. E não vão ser jogadas no lixo as observações, as sugestões das Forças Armadas", afirmou o presidente.

No último dia 9, o TSE tornou públicos sete questionamentos em que as Forças Armadas levantaram suspeitas e os classificou como "opinião". A equipe técnica da Corte reiterou a segurança das urnas eletrônicas e disse que não há "sala escura" de apuração dos votos.

Embora tenha lançado as dúvidas nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que quer que sejam respeitados tanto o voto de "quem, porventura, votar no outro lado" quanto o de "quem votar do lado de cá". "Não podemos enfrentar um sistema eleitoral onde paire a sombra da suspeição. Há uma democracia, é o voto contado", afirmou o presidente.

Pandemia

No discurso, Bolsonaro começou os ataques ao Judiciário pela repetição de que decisões do STF teriam impedido o governo federal de agir no combate à pandemia de covid-19. "Vivemos um problema no mundo, e no Brasil não está diferente. Apesar de eu ser o único chefe de Estado do mundo a ter uma visão diferente sobre como deveríamos tratar a pandemia. Lamentavelmente, o STF tirou de mim esse que seria o meu direito. E a economia (sic) do fica em casa, a economia a gente vê depois, as consequências estão aí", afirmou.

Diferentemente do que diz o presidente, no entanto, a decisão do Supremo em 2020 assegurou aos Estados e municípios autonomia para tomar medidas que tinham como objetivo tentar conter a propagação da doença, mas não eximia a União de realizar ações e de buscar acordos com os gestores locais.

O presidente ainda citou "interferências do Judiciário" ao dizer que escolheu seus ministros sem indicações políticas, embora partidos do chamado Centrão, como o PP e o PL, ao qual Bolsonaro se filiou já durante o mandato, façam parte do governo. No discurso, Bolsonaro disse que seus ministros poderiam estar ganhando "dez vezes mais" em outros locais, mas preferiram trabalhar no governo, e, por isso, "estão sofrendo muito", com "interferências explícitas do Poder Judiciário, o que é muito lamentável".

"Mais da metade do meu tempo eu passo me defendendo de interferências indevidas do STF, mas estamos fazendo a nossa parte e jogando dentro das quatro linhas. E o Brasil está rodando", afirmou Bolsonaro.

Comitiva

Bolsonaro chegou ao Jardim Botânico, na zona sul do Rio, às 10h47. Após o discurso a uma plateia apenas de convidados, ao qual a imprensa não teve acesso, o presidente plantou uma muda de árvore no jardim, fundado no início do século 19 e administrado pelo governo federal. Pouco depois das 12 horas, Bolsonaro atravessou a Rua Jardim Botânico a pé, para um almoço fechado, para convidados, no restaurante Rubayatt, onde voltou a discursar. O presidente não parou para falar com a imprensa no caminho.

A comitiva de Bolsonaro incluía um de seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), e os ex-ministros e generais da reserva Eduardo Pazuello e Walter Braga Netto. No evento, o presidente esteve acompanhado dos ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, garantiu que o sistema eletrônico eleitoral é "absolutamente seguro". "O sistema está em aplicação desde 1996 e jamais documentou qualquer tipo de fraude", afirmou, em entrevista coletiva de imprensa, após acompanhar testes de integridade feitos em eleições fora de época para escolher os prefeitos de duas cidades no interior do Rio.

Esse tipo de teste já é feito em cada eleição, com participação de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público (MP) e dos partidos políticos, mas, pela primeira vez, o processo foi transmitido ao vivo, pelo canal do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) no YouTube. Há um esforço maior, por parte da Justiça Eleitoral, de demonstrar a idoneidade do sistema de votação, por causa das alegações do presidente da República e possível candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, que, sem provas, vem lançando suspeitas de fraudes.

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O presidente do TSE aproveitou para detalhar aspectos do sistema de votação que garantiriam a segurança do processo, como o fato de que as urnas eletrônicas não são conectadas à internet ou a qualquer rede. Os dados da votação de cada unidade são gravados num "pen drive", que então é levado a um computador do TRE de cada Estado para, daí, ser transmitido aos computadores do TSE que consolidam os votos, em Brasília. Depois de encerrada a votação, cada urna imprime um boletim com o resultado dos votos computados na unidade, antes de ser retirado o "pen drive" para a ser levado à transmissão.

Assim, segundo Barroso, não é possível um ataque "hacker" via internet interferir nos dados computados diretamente em cada urna. Isso teria que ser feito no processo de transmissão, que é criptografada. Mesmo assim, qualquer alteração produziria resultados em desacordo com aqueles computados em cada boletim impresso pelas urnas. Bastaria consolidar a soma de todos os boletins impressos, e confrontá-los com o resultado obtido nos dados transmitidos pela rede do TSE, para auditar a votação.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, informou nesta segunda-feira (16) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abriu uma investigação preliminar para apurar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu irregularidade ao atacar o sistema eleitoral.

A manifestação foi enviada depois que a ministra Cármen Lúcia renovou a ordem para a Procuradoria Geral da República enviar um parecer sobre a notícia-crime levada ao tribunal por parlamentares da oposição ao governo. O prazo estabelecido para resposta havia sido de 24 horas.

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No documento, Aras disse que determinou a instauração do procedimento (uma notícia de fato) na última quinta-feira (12) e que o Ministério Público Federal 'apurará os fatos noticiados e discernirá, oportunamente, em torno de eventual(is) prática(s) de ilícito(s) penal(is) e de lastro probatório mínimo para oferecimento de denúncia'.

"A depender da robustez dos elementos obtidos por meio dessas diligências, cabe ao órgão ministerial, então, discernir em torno de oferecimento de denúncia, de dedução de pedido de instauração de inquérito ou ainda de arquivamento, comunicando-se, oportunamente, ao respectivo Relator", diz um trecho da manifestação.

O pedido de investigação partiu de parlamentares de oposição depois que o presidente promoveu uma live, realizada por ele no último dia 29 e transmitida pela TV Brasil, em que atacou o sistema eletrônico de votação e fez ameaças ao processo eleitoral. Ao STF, eles argumentam que Bolsonaro cometeu irregularidades em três frentes: ato improbidade administrativa por usar o canal estatal, propaganda política antecipada e crime eleitoral.

"Sem nenhum pudor de ordem moral, o representado conspurcou seu honroso cargo de presidente da república para utilizar indevidamente bem público e um assessor também pago com recursos do tesouro nacional para fazer autopromoção e difundir mentiras sobre o processo eleitoral, por mais de 2 horas, ao vivo em rede pública de TV", diz um trecho da notícia-crime enviada ao tribunal.

Em análise preliminar, a ministra Cármen Lúcia, relatora do processo, disse que o relato levado ao tribunal pelos parlamentares é grave e aponta possível crime de natureza eleitoral, uso ilegal de bens públicos e atentados contra a independência de poderes da República.

Esta é a primeira vez que Aras se manifesta sobre as declarações de Bolsonaro contra o sistema eletrônico de votação. Embora viesse sendo pressionado por um grupo significativo de subprocuradores a optar por uma ação 'enfática' contra as ameaças do presidente, o procurador-geral evitou tomar partido na briga entre os Poderes.

Sem apresentar provas de fraude nas urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro voltou hoje a fazer acusações contra o sistema eleitoral brasileiro. "Querem no tapetão decidir as coisas no Brasil. Isso não pode ser dessa maneira. Democracia nasce do voto responsável e contabilizado", disse durante transmissão nas redes sociais ao chegar para uma "motociata" com apoiadores em Florianópolis (SC).

Bolsonaro quer o voto impresso para as eleições de 2022, mas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda o sistema de votação no Brasil foi derrotada na comissão especial por 23 a 11. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), anunciou que, a despeito da rejeição, decidiu levar para o plenário a discussão sobre o voto impresso.

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A proposta que institui o voto impresso no Brasil deve ser votada no plenário da Câmara até a próxima quarta-feira. Para ser aprovado, o texto precisa de pelo menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações em cada Casa, um número que dirigentes de partidos acham muito difícil de alcançar em razão do cenário de crise. Lira já avisou a Bolsonaro que, se o texto for rejeitado, não aceitará ruptura institucional.

Na transmissão de hoje, Bolsonaro disse que "reconhece o que está em risco com a política" e afirmou que os políticos precisam "ouvir a população". "Há preocupação por parte de muita gente com o destino da política do nosso país, com sua liberdade", afirmou. O presidente ainda citou "dificuldades" enfrentadas, como a pandemia de covid-19, a crise hidrológica e a geada que afetou a produção no campo, mas disse ter "lealdade" ao povo.

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Na última terça-feira (3), Bolsonaro se tornou alvo de uma investigação instaurada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em razão das alegações sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

A notícia-crime contra Bolsonaro foi apresentada ao STF na noite de segunda (2) pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que atualmente é o alvo preferencial dos ataques do presidente. O pedido de investigação veio depois de Bolsonaro fazer uma live apresentando vídeos antigos e informações falsas contra as urnas eletrônicas, alegando mais uma vez que o sistema é fraudável.

Após essa live, Bolsonaro também se tornou alvo de inquérito administrativo no TSE, que vai apurar se o presidente praticou "abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea".

As medidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra os ataques do presidente Jair Bolsonaro à lisura da urna eletrônica, condicionando a disputa de 2022 ao voto impresso, podem atrapalhar seus planos políticos. Segundo juristas ouvidos pelo Estadão, o inquérito administrativo e a notícia-crime apresentados anteontem pelo TSE têm potencial para torná-lo inelegível se ele for responsabilizado criminalmente. A depender do desfecho do caso, uma eventual candidatura à reeleição corre o risco de ser contestada na Justiça Eleitoral.

Para o ex-presidente do TSE Carlos Velloso, o tribunal agiu para fazer o que lhe cabia. "Se há notícias falsas, há práticas de crime. É muito importante o inquérito administrativo e tudo pode ocorrer nesse processo, inclusive ações de inelegibilidade. Será necessário apresentar as provas da alegada ocorrência de fraude no sistema de votação eletrônico", afirmou Velloso. "Tudo isso constitui uma reação justa e natural aos ataques injustos ao sistema eleitoral e à Justiça Eleitoral", disse ele, que comandou o processo de criação da urna eletrônica.

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Na avaliação da professora Isabel Veloso, FGV-Direito Rio, ações como essas podem comprometer uma candidatura. Ela observou, porém, que pode não haver tempo hábil, já que não há prazos determinados para as etapas da investigação. "Por ora, é possível que (as medidas do TSE) funcionem tão somente como 'enforcement', para que Bolsonaro pare de propagar fake news, o que já seria positivo para o processo democrático", afirmou Isabel.

Ao apresentar notícia-crime contra Bolsonaro, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, pediu que ele seja investigado por "possível conduta criminosa" no inquérito das fake news, conduzido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Barroso citou como justificativa live na qual Bolsonaro admitiu não ter provas de fraudes no sistema eleitoral. Mesmo assim, usou a estrutura do Palácio da Alvorada para exibir vídeos antigos e informações falsas contra a urna eletrônica. O uso do aparato estatal na cruzada contra o modelo de eleições também é um dos pilares do inquérito administrativo aberto a pedido do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Luís Felipe Salomão.

Para o professor de Direito Constitucional da FGV-Direito Rio Wallace Corbo, o TSE tem os meios necessários para cassar o registro da candidatura de Bolsonaro e remeter a ação ao Ministério Público Federal para instauração de processo disciplinar ou ação penal, caso sejam constatadas ações de abuso de poder político e econômico. "A Justiça Eleitoral é a responsável por assegurar a realização de eleições limpas e por apurar infrações ao processo eleitoral. Para isso, o tribunal vai investigar se houve abuso de poder político e econômico do presidente. Se ficar constatado que houve isso, pode implicar inelegibilidade do presidente da por oito anos", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovaram na noite desta segunda-feira, 2, por unanimidade, a instauração de inquérito administrativo e notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro pelas declarações infundadas de fraude no sistema eleitoral e ameaça à realização das eleições. O processo foi movido pelo corregedor-geral da Justiça Federal.

A China aprovou nesta terça-feira (30) uma reforma radical do sistema eleitoral de Hong Kong que deixará praticamente sem voz a oposição do território semiautônomo, pois reduz o número de deputados eleitos diretamente pelos cidadãos e estipula que Pequim decidirá se os candidatos são "patriotas".

A reforma imposta pelo poder comunista sem consultar o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong, é um novo passo de Pequim para retomar o controle da ex-colônia britânica após os protestos pró-democracia de 2019.

No ano passado entrou em vigor uma drástica lei sobre segurança nacional, que resultou na detenção dos principais líderes do movimento pró-democracia. Também foram adiadas por um ano, sob o pretexto do coronavírus, as eleições legislativas, nas quais a oposição almejava obter um avanço significativo.

Nesta terça-feira, o presidente chinês Xi Jinping promulgou a reforma, que havia sido aprovada por unanimidade pelo Comitê Permanente do Parlamento chinês.

Uma das mudanças mais radicais é a criação de um comitê que avaliará o nível de patriotismo de qualquer pessoa que tentará disputar uma cadeira no Parlamento da ex-colônia britânica, onde as próximas eleições parlamentares estão programadas para o fim do ano.

- Eleição de "patriotas" -

"O Comitê de Segurança Nacional e a Polícia de Segurança Nacional proporcionarão relatórios sobre cada candidato, o que ajudará o comitê de revisão das qualificações", explicou à AFP Tam Yiu-chung, o único representante de Hong Kong no principal organismo de decisão do Parlamento chinês.

O governo chinês terá, portanto, um papel-chave para determinar se um candidato é "patriota e digno" a aspirar uma cadeira no LegCo.

Com a nova lei, o número de deputados aumentará de 70 a 90, mas apenas 20 cadeiras (22%) serão escolhidas diretamente pelos eleitores, contra 35 antes da reforma do sistema eleitoral, acrescentou Tam.

Quarenta parlamentares serão designados por um comitê de personalidades pró-Pequim. Os 30 restantes serão eleitos por grupos socioprofissionais, segundo um procedimento complexo já existente e que sempre designou pessoas leais ao poder central.

A reforma foi recebida com satisfação pelo campo pró-Pequim, que criticava há muito tempo a obstrução legal da oposição pró-democracia no LegCo. Os representantes da oposição renunciaram em massa em novembro para protestar pela expulsão de quatro deles.

"A excessiva politização da sociedade e as divergências internas que dividiram Hong Kong agora podem ser mitigados", afirmou a chefe do Executivo local, Carrie Lam.

"As instituições do poder político e a governança de Hong Kong devem estar sempre nas mãos dos que amam a pátria e Hong Kong", afirmou o Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau, um organismo governamental chinês.

- Sufocar a oposição -

Nas eleições locais de novembro de 2019, celebradas após meses de protestos contra a interferência da China, a população de Hong Kong votou em sua maioria nos candidatos pró-democracia.

E estes últimos tinham muitas possibilidades de confirmar seu avanço eleitoral nas legislativas de 2020, que foram adiadas por um ano com o pretexto do coronavírus.

A reforma eleitoral deve ajudar a sufocar a oposição no LegCo, segundo os analistas.

"As emendas parecem contrárias ao espírito de eleições livres e justas, limitarão a participação popular no processo político", declarou Chong Ja Ian, professor associado de Ciências Políticas da Universidade Nacional de Singapura.

"Dar a uma força policial o poder de decidir quem participa nas eleições não é algo que você vê nos sistemas geralmente descritos como democráticos", completou.

A reforma eleitoral foi condenada por alguns países ocidentais, em particular o Reino Unido, que acusou a China de não respeitar o espírito que marcou a devolução do território.

Após as grandes manifestações de 2019, que exigiam, entre outras coisas, um sistema eleitoral de sufrágio universal, o poder central chino adotou uma política de repressão implacável.

O principal instrumento da repressão foi a draconiana lei de segurança nacional, também imposta sem debate no Parlamento de Hong Kong.

Com base na lei, destinada segundo Pequim a reprimir a secessão, subversão, o conluio com forças estrangeiras e o terrorismo, dezenas de opositores do governo e favoráveis à democracia foram detidos.

O deputado federal Daniel Coelho, presidente estadual do Cidadania, criticou os parlamentares que vêm questionando o resultados das eleições municipais do último domingo, levantando suspeitas de que o sistema teria sido fraudado. Na visão do parlamentar, “quem perde tem a obrigação moral de reconhecer que foi derrotado pela falta de voto e não atacar o sistema democrático”.

“Não sou contra qualquer tipo de fiscalização. Quer fazer auditoria, que faça auditoria. Mas não podemos contestar a democracia que formou essa casa. Como alguém que foi eleito por esse sistema está dizendo que o sistema é fraudado?”, questionou Daniel Coelho. “Se um deputado aqui está dizendo que o sistema é fraudado, renuncie o mandato, porque perde a legitimidade para aqui estar”.

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Na visão do presidente estadual do Cidadania, o sistema eleitoral tem sido importante por promover a alternância de poder. “Tivemos a eleição de Fernando Collor, tivemos a eleição de Fernando Henrique Cardoso, tivemos a eleição de Lula, tivemos a eleição de Dilma, tivemos a eleição de Bolsonaro. Partidos diferentes de diferentes matrizes ideológicas. O que demonstra a solidez da democracia brasileira”, observou.

Daniel finalizou dizendo que “quem perde tem a obrigação moral de reconhecer que foi derrotado pela falta de voto e não atacar o sistema democrático”. “As urnas falaram. Vamos aprender com elas. Está muito nítido o que foi dito em cada município como vontade popular. E se há de se contestar o resultado dessas eleições, que se conteste o resultado das eleições anteriores. Porque a sensação que passa é de que as urnas só funcionam quando você vence a eleição. Quando perde, aí tá tudo errado, aí foi fraude. Este princípio e este tipo de discurso não pode ser alimentado em um país que quer fortalecer a sua democracia”, concluiu.

*Da assessoria de imprensa

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse neste sábado (8) que proporá ao Congresso Nacional uma mudança no sistema de votação brasileiro já no primeiro semestre de 2019. Ao participar, por teleconferência, da Cúpula Conservadora das Américas, Bolsonaro disse que o número de votos que recebeu nas eleições deste ano deveria ter sido maior.

“Nós pretendemos votar no primeiro semestre uma boa proposta de sistema de votação no Brasil. Porque eu e muitos entendem que nós conseguimos a vitória porque tínhamos muitos, mas muitos mais votos do que eles [PT], e tivemos uma situação parecida, de um certo equilíbrio”, argumentou.

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Sem explicar o projeto, Bolsonaro disse que o objetivo é aperfeiçoar o sistema eleitoral no país. "Não estou aqui fazendo uma afirmativa. A desconfiança da possibilidade de fraude é uma coisa na cabeça de muita gente aqui no Brasil. Não é porque nós ganhamos agora que devemos confiar nesse processo de votação. Queremos é aperfeiçoar. Na verdade, nós temos sempre que nos aperfeiçoar porque eles [oposição] não dormem no ponto. Eles não perdem por esperar para mudar o destino do nosso Brasil”, disse.

O presidente eleito justificou as críticas ao sistema eleitoral ressaltando que “o que está em jogo não é o sucesso ou o fracasso" do seu mandato, mas "o fracasso ou o sucesso do Brasil". "E o que está em jogo é a nossa liberdade. Nós sabemos das armas que eles usam para atingir o seu objetivo", declarou.

"Ou mudamos agora o Brasil, ou o PT volta, com muito mais força do que tinha no final do governo Dilma Rousseff. Então, há uma preocupação sim, por parte de muita gente, por parte de outros partidos", completou.

Milhares de manifestantes anti-governo marcharam neste sábado em Budapeste, capital da Hungria, exigindo uma nova eleição e um novo sistema eleitoral no país, na maior manifestação da oposição em anos.

O primeiro-ministro Viktor Orban foi reeleito para um quarto mandato na semana passada. O seu partido, o Fidesz, de direita, ganhou uma supermaioria na assembleia nacional, com resultados preliminares mostrando que o Fidesz e o Partido Democrata-Cristão conquistaram 134 assentos na legislatura de 199 assentos.

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Membros da oposição estão preocupados com o fato de as regras eleitorais da Hungria terem dado ao partido de Orban uma maioria tão grande no Parlamento quando ele conquistou apenas 50% dos votos.

Enquanto os partidos da oposição de esquerda conquistaram 12 dos 18 assentos nos distritos de Budapeste, o Fidesz ganhou 85 dos 88 assentos fora da capital. Os outros 93 assentos foram alocados com base nos votos por listas partidárias.

Manifestantes marcharam da Ópera para o Parlamento, gritando palavras de ordem como "Novas eleições!" e "Somos a maioria!".

O tamanho da multidão, que lotou a praça Kossuth, em frente ao Parlamento neo-gótico, rivalizava com a "Marcha da Paz", pró-governo, realizada em 15 de março. Organizadores disseram que outro protesto contra o governo será realizado no próximo fim de semana.

"Queremos eleições novas e justas", disse o ativista da oposição Gergely Gulyas à multidão. "Esta é a responsabilidade do governo e vamos lembrá-los disso, de forma pacífica e maciça."

Orban, cuja campanha se concentrou na crítica aos migrantes e prometeu "mudanças significativas" em seu próximo governo, que poderia pressionar por uma emenda constitucional contra a migração. Fonte: Associated Press.

O debate em torno da reforma política será retomado nesta terça-feira (22) na Câmara dos Deputados, tanto no plenário quanto nas comissões. A sessão do plenário de hoje tem como pauta única a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que trata da adoção de um novo sistema político-eleitoral para a escolha de deputados estaduais, distritais e federais e da criação de um fundo público para financiar as próximas campanhas eleitorais.

Se aprovada como está, a PEC 77 pode instituir no país o modo majoritário de votação para os cargos de deputados nas eleições de 2018 e 2020, como uma transição para o modelo distrital misto a partir de 2022.

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O chamado “distritão”, como ficou conhecido, permite que os candidatos mais votados ganhem as eleições. Por esse sistema, cada estado vira um distrito, no qual as vagas disponíveis nas câmaras e assembleias legislativas são preenchidas pelos candidatos mais votados, sem considerar a proporcionalidade do total de votos recebidos pelos partidos e coligações, assim como ocorre com a escolha de prefeitos, governadores e presidente da República.

Pelo distrital misto, o eleitor vota duas vezes: uma no candidato do distrito e outra em uma lista preordenada pelo partido. O resultado sai do cálculo entre os resultados da votação majoritária no distrito e na escolha proporcional no partido.

Os líderes partidários passaram os últimos dias em reuniões com o relator para tentar fechar um acordo em torno de uma forma que seja mais viável como transição. Várias propostas têm sido levantadas, inclusive a de um modelo que foi apelidado de “distritão misto”, que seria uma combinação de voto majoritário no candidato e voto em legenda, ou seja, os eleitores poderiam votar em candidatos ou no partido nas eleições para deputado estadual e federal.

A sessão está marcada para começar às 13h, mas a votação deve ter início somente no fim do dia. Além do texto-base, os deputados também devem analisar 14 destaques ou sugestões de mudança que já foram apresentadas pelas bancadas.

Alguns dos destaques pretendem retirar da proposta a adoção do sistema “distritão” para as eleições de 2018 e 2020, votar em separado a sugestão do voto distrital misto e da criação do Fundo Especial para Financiamento da Democracia.

Outros pretendem destacar a possibilidade de o candidato figurar tanto na lista do partido, quanto na lista do distrito, o que permite que ele concorra a dois cargos diferentes. Há também um destaque que pretende manter o financiamento público, mas sem o percentual de 0,5% da receita líquida do Orçamento para compor o fundo, o que corresponderia hoje a R$ 3,6 bilhões.

Conforme adiantaram líderes partidários e o próprio relator, o valor do fundo pode ser reduzido no plenário a R$ 2 bilhões ou ser totalmente retirado do texto para definição futura pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso.

A PEC 77/03 prevê ainda que os cargos de ministro do Poder Judiciário não sejam vitalícios, instituindo o mandato de dez anos para os juízes das cortes.

Financiamento privado

Enquanto a PEC 77/03 tramita no plenário, duas comissões especiais da Câmara analisam um anteprojeto de lei (PL) e outra emenda constitucional que também compõem a proposta de reforma política.

O PL inclui algumas normas que vão regulamentar a forma como os recursos do fundo de financiamento serão distribuídos entre os partidos e regras para as doações de pessoas físicas, definição que deve ficar a cargo do Tribunal Superior Eleitoral.

O objetivo é mesclar a possibilidade de financiamento público e privado, mas com limites para as doações. No PL, está estabelecido o teto de 10% da renda bruta do doador ou dez salários mínimos, o que for menor, para doação em dinheiro a cada cargo em disputa.

O projeto inclui o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, a ser criado caso a PEC 77 passe no plenário, entre as formas de contribuição financeira com recursos públicos aos partidos. O projeto prevê, por enquanto, que 90% dos R$ 3,6 bilhões previstos inicialmente para compor o fundo, sejam destinados às campanhas de vereadores, deputados estaduais, federais e distritais, senadores, primeiro turno de governadores e presidente da República, e 10% para segundo turno dos cargos do Executivo.

O percentual a que cada partido terá direito e a forma de distribuição serão definidos pelo TSE. Cada cargo eletivo terá limites de gastos de campanha. Os recursos também poderão ser levantados pelo Fundo Partidário, por recursos próprios do candidato (até o limite de R$ 10 mil) ou por meio de financiamento coletivo na internet.

O projeto em análise estabelece também que os partidos políticos sejam incluídos entre as instituições públicas ou filantrópicas autorizadas a organizar a distribuição de prêmios por meio de “sorteios, vale-brinde, concursos, bingos ou operações assemelhadas”, como loterias, para “obter recursos adicionais necessários ao custeio das finalidades partidárias e eleitorais”.

Doação oculta

Na versão entregue no semestre passado, o relator da proposta, deputado Vicente Cândido (PT-SP), havia previsto que o doador poderia pedir que sua identidade fosse mantida em sigilo. Depois que o parecer foi divulgado, as reações levaram o relator a incluir a ressalva de que o sigilo não valeria diante de órgãos de controle. A alteração não foi suficiente para conter as críticas, e o deputado anunciou que vai retirar esse artigo do projeto. Outras alterações nas regras do financiamento ainda serão feitas no anteprojeto, dependendo do resultado da votação da PEC 77 no plenário.

Habilitação prévia

No PL também consta a proposta de criação da habilitação prévia das candidaturas. A ideia é antecipar para oito meses o processo de registro dos candidatos a fim de dar mais tempo para a Justiça Eleitoral julgar todas as candidaturas antes da data do pleito. Nesse período de “pré-registro”, o candidato pode também fazer arrecadação prévia de recursos.

O projeto prevê a possibilidade de propaganda eleitoral na internet e por telemarketing, com regras específicas para cada situação. Os partidos e coligações estão sujeitos a sanções caso promovam propaganda eleitoral irregular.

O relatório permite que os partidos e coligações tenham um fiscal em todos os lugares onde ocorre o processo de votação e apuração dos votos, para acompanhar a totalização dos resultados.

Nessa comissão, já foram aprovados dois relatórios parciais que estão aguardando a análise final do projeto para seguir em bloco ao plenário. O primeiro relatório propõe a regulamentação e ampliação dos mecanismos de democracia direta, como referendos, plebiscitos e a apresentação de projetos de iniciativa popular. O segundo uniformiza em quatro meses os prazos de desincompatibilização ou afastamento de candidatos de diferentes cargos ou funções públicas.

O conjunto de propostas também deve ir a plenário após a conclusão da votação da PEC 77/03.

Fim das coligações

A segunda comissão que se reúne hoje na Câmara analisa a PEC 282/2016, que propõe o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais, estabelece normas sobre fidelidade partidária e acesso dos partidos políticos aos recursos do Fundo Partidário.

A proposta tem como relatora a deputada Sheridan (PSDB-RR), que prevê, em seu substitutivo, a formação da federação de partidos que tenham o mesmo programa ideológico no lugar das coligações partidárias que vigoram atualmente nas eleições proporcionais.

O substitutivo estabelece que não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Outro ponto que Sheridan incorporou na proposta foi a perda do mandato em caso de desfiliação partidária, inclusive para suplentes e detentores dos cargos de vice-presidente, vice-governador ou vice-prefeito.

Cláusula de desempenho

De acordo com o substitutivo elaborado pela deputada, a partir de 2030 somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para ter acesso ao benefício, os partidos também deverão ter elegido pelo menos 18 deputados distribuídos em pelo menos um terço dos estados.

O mesmo critério será adotado para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2018, chegando a 2% em 2022, a 2,5% em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% em 2030.

A expectativa é de que as duas comissões encerrem as discussões e comecem o processo de votação de seus projetos ainda nesta semana. Para que as mudanças sejam válidas para as eleições do ano que vem, elas devem ser aprovadas em dois turnos pelos plenários da Câmara e do Senado até 7 de outubro.

A partir desta terça-feira (8), os deputados retomam a discussão em torno da reforma política que tramita na Câmara e podem votar mudanças no sistema eleitoral brasileiro. Uma das propostas que compõem o conjunto da reforma prevê a adoção do sistema de voto distrital misto a partir das eleições proporcionais de 2020.

A mudança faz parte da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que está sendo analisada por uma comissão especial e pode ser votada em reunião convocada para esta terça pelos membros do colegiado. Antes que a PEC siga para plenário, os deputados devem avaliar o parecer elaborado pelo relator Vicente Cândido (PT-SP) sobre a proposta.

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De acordo com o parecer do relator, o voto distrital misto será adotado para a eleição dos cargos de deputados federal,  estadual e distrital e vereador nos municípios com mais de 200 mil eleitores. E o sistema de lista preordenada seria adotado nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

O sistema distrital misto sugerido na PEC é parecido com o que é adotado na Alemanha, mas, segundo o deputado Cândido, foi adaptado à realidade brasileira para prevenir possíveis distorções. Na PEC, o relator combinou o sistema distrital com um mecanismo majoritário proporcional.

Por este sistema, o eleitor vota duas vezes: uma no partido de interesse e outra no candidato de seu distrito. Os votos recebidos pelo partido são contabilizados de forma proporcional e indicam o número de cadeiras a que tem direito. Os votos nos candidatos dos distritos é contabilizado de forma majoritária, considerando metade das cadeiras.

Segundo o substitutivo apresentado por Cândido, o resultado final é calculado a partir da combinação entre os dois resultados parciais, sendo garantida a eleição dos representantes mais votados nos distritos. Se ocorrer distorções no total de cadeiras atribuídas aos partidos, é vedado o acréscimo de lugares.

Em seu parecer, Cândido justifica que a escolha pelo voto distrital misto visa anular a possibilidade de eleição de candidatos com poucos votos, ocorrência frequente no sistema atual.

“Com o componente distrital do sistema proposto, não há espaço para tais ocorrências. Elege-se deputado, no distrito, aquele candidato que obtiver o maior número de votos. Sem transferência de votos. Fortalece-se a relação entre representantes e representados e freia-se as tendências fragmentárias típicas de sistemas unicamente proporcionais”, diz em seu parecer.

A PEC não detalha como deve ser a divisão dos distritos, tarefa que deverá ficar a cargo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, nas eleições de 2018, a escolha para Deputados Federal, Estadual e Distrital ainda será pelo sistema proporcional de lista aberta.

Financiamento de campanha

A PEC também prevê que as campanhas eleitorais possam ser financiadas por recursos oriundos de um fundo público e de doações de pessoas físicas. Pela proposta, deve ser criado o Fundo Especial de Financiamento de Democracia, composto de recursos orçamentários. Em paralelo, continuará valendo o Fundo Partidário, que permanece com basicamente as mesmas regras de hoje.

O valor do fundo corresponde a 0,5% da receita corrente líquida. O total disponibilizado no fundo dependerá da receita fechada nos 12 meses encerrados em junho do ano anterior ao pleito. Em 2018, o montante é equivalente a R$ 3,6 bilhões, em valores de hoje. O fundo será administrado pelo TSE.

A PEC 77 inicialmente estabelecia ainda o fim da reeleição de cargos majoritários e a mudança na duração dos mandatos dos poderes Executivo e Legislativo, nos níveis federal, estadual e municipal, de quatro para cinco anos. A alteração visava garantir a coincidência ou simultaneidade das eleições majoritárias e proporcionais, mas o relator retomou o mandato de 4 anos em seu substitutivo.

Outro ponto de destaque da PEC 77 é a possibilidade de revogação popular de mandatos majoritários, o chamado “recall”, e o fim dos cargos de vice. Em caso de vacância da Presidência da República, ou impedimento temporário, o presidente da Câmara dos Deputados é chamado para o exercício, seguido do presidente do Senado e do Supremo Tribunal Federal.

A proposta também acaba com a vitaliciedade dos mandatos dos ministros do STF. O relator propõe o mandato de 10 anos para cargos do Judiciário ocupados por indicação política.

Projeto de lei ordinária

O deputado Vicente Cândido também é relator da comissão especial que trata de outras mudanças na legislação político-eleitoral. Nesta comissão, os deputados analisam um projeto de lei ordinária que altera a lei eleitoral, a lei dos partidos e o Código Eleitoral.

Um dos pontos de destaque do anteprojeto em discussão é a criação da fase de habilitação prévia das candidaturas. A ideia é antecipar o processo de registro dos candidatos para dar mais tempo para a Justiça Eleitoral julgar todas as candidaturas antes das datas do pleito. Nesse período de pré-registro o candidato pode ser atingido pela Lei da Ficha Limpa.

O projeto também estabelece os limites de gastos nas campanhas de acordo com os cargos em disputa. E limita as doações de pessoas físicas em dinheiro a 10% do rendimento bruto do doador no ano anterior à eleição, não podendo ultrapassar o valor de R$ 10 mil, além de prever o financiamento coletivo (o chamado crowdfunding).

O anteprojeto de Cândido também permite a veiculação de propaganda eleitoral paga na internet. Estas mudanças devem ser apreciadas amanhã (9) na comissão especial da reforma política.

Coligações partidárias

Uma terceira comissão especial também foi instalada no semestre passado na Câmara para emitir parecer sobre mudanças político eleitorais e deve avançar seus trabalhos esta semana. Esta comissão analisa a PEC 282/16, que veda as coligações nas eleições proporcionais, disciplina a autonomia dos partidos políticos e estabelece normas sobre fidelidade partidária e funcionamento parlamentar dos partidos políticos.

A relatora desta PEC é a deputada Sheridan Oliveira (PSDB-RR), que deve apresentar seu relatório na próxima quinta-feira (10).

A votação destas propostas nas comissões especiais estava prevista para ocorrer no final do semestre passado. Mas, a reforma política foi ofuscada por outras matérias na Câmara, em especial a PEC da Previdência e a denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que deve se reunir hoje à noite com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o relator Vicente Cândido e lideranças partidárias para definir estratégias de votação da reforma.

Para que as mudanças possam valer nas eleições do ano que vem, Câmara e Senado devem aprovar as propostas até o dia 7 de outubro.

Os projetos que versam sobre a reforma do sistema político no país devem começar a ser apreciadas pela Câmara dos Deputados no dia 26 de maio. A data foi divulgada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, os textos vão ao plenário com ou sem a aprovação final da Comissão Especial criada para discuti-los. 

O prazo, segundo Cunha, é para que as mudanças possam valer já para as eleições municipais de 2016. Além das propostas que tramitam na Câmara, há ainda a possibilidade de se fazer um referendo popular, caso isso aconteça, os textos só vão valer para 2018.

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Para o presidente, o sistema proporcional usado hoje em dia “está falido, pois permite que, muitas vezes, um candidato a deputado pouco votado possa ser eleito pelos votos de outro mais votado. E aqueles que tiveram uma votação mais expressiva acabam virando suplentes”.

“Durante as eleições, todos defendem a reforma política, mas, na hora de votar, não há consenso e por isso a proposta não sai do papel”, argumentou o peemedebista, nessa sexta-feira (24), ao participar do projeto Câmara Itinerante, em Cuiabá.

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