'O Lula vencendo, eu volto', diz Jean Wyllys

Ex-deputado federal abriu mão do mandato para se exilar em Barcelona, após ser ameaçado de morte

por Vitória Silva seg, 18/07/2022 - 13:06
Reprodução/Instagram Jean Wyllys, professor e militante petista Reprodução/Instagram

Após três anos fora do Brasil, o ex-deputado federal Jean Wyllys sinalizou, em entrevista à revista Carta Capital, que poderá retornar ao Brasil, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a eleição de outubro deste ano. Antes psolista, mas atualmente filiado ao Partido dos Trabalhadores, o ex-parlamentar abriu mão do seu terceiro mandato como deputado federal, para se exilar em Barcelona, na Espanha, após uma série de ameaças de morte por parte de opositores da extrema-direita. 

“O Lula vencendo, eu volto porque eu vou fazer parte da reconstrução. O Lula vai precisar de muitos braços, inclusive no Parlamento. Eu espero que sejam eleitos muitas deputadas e muitos deputados de esquerda, centro-esquerda e da direita civilizada. Então, pelo amor de Deus, figuras do naipe de Arthur Lira não podem ser reeleitas, sobretudo depois do papel que ele desempenhou nessa ruína. O Lula vai precisar de pessoas como eu e de gente que está disposta a reconstruir o País, cada um no seu papel”, revelou em entrevista. 

Diferente de diversas figuras da esquerda, Wyllys acredita que, diante de uma derrota, o presidente Jair Bolsonaro (PT) não terá força suficiente para dar um golpe. Para ele, internacionalmente, não há ambiente para uma ruptura democrática no Brasil. “Eles podem até fazer porque são estúpidos, mas não vai durar muito tempo”, declarou. 

“Eu não diria que ele não tem força porque uma parte das Forças Armadas está com ele. Ele conta também com as milícias. Os generais palacianos estão todos com ele por dois motivos e, não por acaso, muitos são candidatos. Tanto eles quanto o Bolsonaro estão medo de serem responsabilizados pelos crimes que cometeram ao longo desses quatro anos. Os sigilos impostos têm uma função de blindar esses sujeitos que sabem que cometeram crimes”, disse o petista. 

E acrescentou, ainda no assunto: “Internacionalmente não há ambiente para esse golpe. O país que poderia apoiar o golpe, os Estados Unidos, não tem interesse. A América Latina também não apoia, principalmente depois da eleição do [Gabriel] Boric [no Chile], de [Gustavo] Petro [na Colômbia] e do Alberto Fernandes na Argentina. A União Europeia muito menos. O Brasil é um continente que abriga a maior floresta tropical do planeta. O destino do clima no mundo depende do Brasil. Para nossa sorte, os olhos do mundo estão voltados para o Brasil”. 

No entanto, mesmo com o País de volta à normalidade com o revés do atual presidente, Wyllys pontua que o bolsonarismo continuará vivo na sociedade brasileira. “Como diz o Umberto Eco, esse fascismo é eterno”. 

“O fato das estruturas públicas saírem das mãos dessa quadrilha e irem para as mãos de pessoas comprometidas com a diversidade política e cultural já permite que a gente vá reconstruindo sobre a ruína, entre outras coisas, o cordão sanitário em torno do bolsonarismo. Mas ele não vai desaparecer”, concluiu. 

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