Bolsonaro reafirma ato em Copacabana no 7 de Setembro
Convocação para o ato foi feita durante a Marcha para Jesus do Rio
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, fez na Marcha para Jesus do Rio nova convocação para o ato de Sete de Setembro que anunciou para Copacabana, na zona sul carioca, nas comemorações do Dia da Independência. Em tom religioso, que agradou à plateia, o mandatário convocou os participantes do evento evangélico a participarem da manifestação e a mostrar "a quem pertence" o Brasil. A nova convocação desmente comentários que circularam recentemente, segundo os quais Bolsonaro teria desistido do protesto. O presidente, em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, indicou ainda que em Copacabana pretende insistir na contestação às urnas eletrônicas, ao dizer querer "transparência", palavra que sempre usa ao levantar, sem provas, suspeitas contra as urnas eletrônicas.
"No próximo dia 7, vamos todos, às 15 horas, estarmos (sic) presentes em Copacabana, onde vamos dar um grito muito forte, dizendo a quem pertence essa Nação", afirmou, do alto de um carro de som, ao chegar. "O que nós queremos é transparência e liberdade."
Em discurso de cerca de quatro minutos, o presidente insistiu no tom messiânico-religioso que tem dado à sua campanha à reeleição. Falou pelo menos seis vezes em Deus e focou setores do eleitorado nos quais em geral é bem recebido. Também repetiu o discurso anticomunista.
"Hoje todos podem dizer que temos em Brasília um presidente da República que acredita em Deus... Um presidente da República que respeita os seus militares e os seus policiais... Um presidente que defende a família brasileira e que deve lealdade a seu povo", disse. "Eu sempre peço a Deus, todos os dias, quando me levanto, que esse povo maravilhoso não experimente as dores do comunismo."
Bolsonaro disse ainda que "sabemos o que está em jogo nesse Brasil" e afirmou pediu ao "Todo-Poderoso que ilumine cada um" dos fiéis para que tomem "as melhores decisões possíveis, que nós somos escravos delas". Prometeu que o Brasil seguirá como "um País livre, um País onde a liberdade religiosa vai continuar se fazendo presente".
"Acima de tudo,nós sabemos que devemos, sim, nos preocupar com o nosso currículo para a vida eterna", disse. "E esse currículo tem a ver com as nossas decisões e também pesam contra nós as nossas possíveis omissões."
Desfile militar em Copacabana está descartado
Bolsonaro surpreendeu há alguns dias ao anunciar a mudança do desfile militar para a orla de Copacabana. Trata-se de uma tradicional área de manifestações bolsonaristas. Nem militares - que se preocupam com a possibilidade de partidarização de uma festa cívica - nem prefeitura do Rio, organizadora da infraestrutura da parada, porém, confirmaram a modificação.
Na sexta, 5, o prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou no Twitter que a parada do Sete de Setembro seria na Avenida Presidente Vargas, no Centro, como sempre acontece. Paes explicou que não recebeu nenhum pedido para mudar o evento de local. O município também publicou no Diário Oficial edital para montagem das arquibancadas para o público junto ao Pantheon de Caxias, na frente do Comando Militar do Leste (CML). O Estadão apurou que já ocorreu pelo menos uma reunião entre militares e representantes do Palácio da Cidade, para organizar o desfile no Centro, não em Copacabana. Pelo menos até a quarta, 10, o prefeito e o presidente não tinham falado sobre a suposta mudança de local do desfile.
Depois do anúncio de Paes, Bolsonaro voltou ao assunto. Falou em manifestação política, não desfile militar, na praia de Copacabana. Pessoas próximas tentaram demovê-lo da ideia, por considerarem inconveniente a mistura de campanha eleitoral e festa patriótica. Também não agrada a perspectiva de manifestação contra as urnas eletrônicas, atitude que espanta eleitores moderados, desviando a atenção do eleitorado em um momento de deflação na economia e início do pagamento de benefícios turbinados aos mais pobres, que em tese beneficiam o candidato à reeleição. Bolsonaro, contudo, parece preferir manter postura beligerante, que agrada mais a seus eleitores mais fiéis.