Guedes diz que o teto de gastos foi mal construído
Sobre as reprovações que recebe por ter furado o teto dos gastos, o ministro disse que "furamos o teto porque ele foi muito mal construído"
O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez nesta quarta-feira (26) para empresários mineiros, um balanço das realizações do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) na seara econômica e usou grande parte do tempo que teve de fala para responder a críticas recebidas pela condução da economia. Sobre as reprovações que recebe por ter furado o teto dos gastos, o ministro disse que "furamos o teto porque ele foi muito mal construído".
"Nós furamos o teto porque ele foi muito mal costurado", reiterou várias vezes Guedes, fazendo, inclusive, críticas diretas ao ex-ministro Henrique Meirelles, um dos autores e defensores ferrenhos do teto.
Para uma plateia de empresários que lotou o Minas Centro, espaço de eventos na capital mineira, Guedes disse que furou o teto porque o governo federal, durante a pandemia, enviou dinheiro para os Estados e municípios.
"É nos Estados e nos municípios que as pessoas vivem. São os Estados e municípios que investem em educação e saúde. Não tem nada de errado em o governo federal dar autonomia aos governadores e prefeitos, e agora vêm dizendo que nós estouramos o teto", queixou-se Guedes.
De acordo com o ministro, hoje os Estados e os municípios estão todos com suas contas no azul. Ele disse ainda que o Brasil está no início de um ciclo de crescimento, andando na contramão das economias desenvolvidas, que estão no fim do seu ciclo de crescimento.
O ministro também insistiu para que os empresários não acreditem em fake news e que não é verdade que exista um Plano Guedes. "Vamos continuar a fazer o que estamos fazendo", disse, citando como exemplos geração de empregos, reformas e redução de impostos.
Medidas econômicas equivocadas
Guedes afirmou também que o País parou de crescer por medidas econômicas equivocadas. O ministro disse que o Brasil teve nos últimos 30 anos dois surtos de hiperinflação, sequestro de ativos financeiros e foi para uma moratória externa. "O endividamento em bola de neve, os impostos muito altos e essa atitude de preconceito com quem realmente cria emprego e renda, que inova e investe, que são os empresários. Eles são quem organiza a produção nacional", complementou.
Ele declarou que o objetivo do governo é criar uma imensa classe média e disse que há uma ilusão sobre governos passados. "Existe a ilusão de que foi melhor no passado num período em que alguém já tinha plantado antes para o outro candidato colher, da mesma forma que nós plantamos agora", afirmou.
O ministro também disse: "Se você acredita que o governo é a solução e empresários são o problema, esse caminho a gente já conhece, é o caminho do socialismo. Veja a Argentina e Venezuela."
Pandemia e reformas
Paulo Guedes afirmou também que o presidente Jair Bolsonaro teve praticamente apenas dois anos de governo, com os outros dois destinados ao combate à pandemia. "Mesmo assim nós fizemos as principais reformas, estamos reduzindo os impostos indiretos sobre combustíveis, eletricidade, transportes, telecomunicações e produtos industrializados", disse. "O Brasil foi desindustrializado pelo IPI. É um imposto que tem que acabar", acrescentou.
Ele citou também o processo de adequação do País às normas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e afirmou que o governo vai "tirar esse lixo e manicômio tributário que temos no Brasil", com simplificação de impostos e redução de alíquotas. "Nós já estamos no caminho da prosperidade, já crescemos 4,5% e agora vamos crescer de novo ano que vem. Já temos R$ 908 bilhões de reais em contratos de investimos em 5G, telecomunicações, petróleo, gás natural, saneamento, setor elétrico. Estamos fazendo reformas, uma atrás da outra, e não paramos nunca."
Meio Ambiente
O ministro da Economia afirmou que está construindo junto com o secretário-geral da OCDE um sistema em que o Brasil irá receber pela preservação do meio ambiente. De acordo com Guedes, o plano, que também envolve outros países como Índia e Indonésia, resultaria no recebimento pelo País de US$ 17 bilhões por ano com o objetivo de preservação. "Vai criar todo um eixo de economia sustentável, que vai desde a preservação da Amazônia até o saneamento urbano."
Disse ainda que o Brasil já era um "gigante" em reconhecimento pela dimensão do meio ambiente, mas que as economias desenvolvidas passaram a direcionar um novo olhar para o País após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Ocorreu um grande choque na Europa de reconhecimento do Brasil para a segurança alimentar e energética", disse o ministro, ao afirmar que o País vai receber investimentos por segurança energética. "Agora eles descobriram que o Brasil é um País não só com matriz energética mais diversificada, mas também mais barata e limpa. Temos desde o petróleo, que é uma energia da economia do passado, passando pela transição, que é o gás natural, até a mais limpa, que era a hidrelétrica e agora chegou a solar e a eólica."
Guedes participou do evento "Encontro com Paulo Guedes, ministro da Economia - Perspectivas para o Cenário Econômico Nacional". O encontro foi organizado pra Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e outras entidades representativas de setores produtivos.