Moro trocou ligação com réu enquanto era juiz, diz PF

Na época, o magistrado era responsável pelos processos penais contra o empresário Tony Garcia

sex, 29/09/2023 - 20:26
Lula Marques/Agência Brasil O senador Sergio Moro Lula Marques/Agência Brasil

A Polícia Federal revelou que, em abril de 2005, o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) conversou por cerca de uma hora com o ex-deputado e empresário Tony Garcia, à época réu. Na época, o magistrado era responsável pelos processos penais contra o então investigado. A informação é da GloboNews.

Segundo o relatório da PF, na ligação feita entre das 11h às 12h do dia 5 de abril, o réu reclamou que estava entregando diversas provas contra autoridades importantes e o Moro estava indiciando apenas “bagrinhos”. Em resposta, o ex-juiz teria dito que, independentemente do acordo de delação que o ex-deputado tinha firmado, ele seria condenado. Com a decisão da época, o réu foi condenado a seis anos de reclusão, pena que foi posteriormente transformada em seis meses de serviços comunitários. 

Tony Garcia acusa o atual senador de usá-lo para investigar desembargadores, juízes e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por meio de um acordo de colaboração premiada. Ele afirma que Moro corroborou uma delação que previa, como contrapartida, grampear, monitorar e levantar provas contra outros magistrados.

O acordo, feito em dezembro de 2004, previa que o empresário usasse escutas em encontros com os alvos. 

Além das revelações feitas pela PF, há outros registros de conversas telefônicas do ex-juiz com o réu, nas quais Sérgio Moro cobra a entrega das tarefas que tinham sido exigidas no acordo. Segundo as informações, o magistrado previa 30 missões a serem cumpridas pelo ex-parlamentar.

Esses documentos estavam sob sigilo na 13ª Vara de Curitiba, onde o senador do União Brasil atuou como juiz, e foram enviados neste mês ao Supremo Tribunal Federal (STF). Garcia obteve acesso formal aos termos do acordo quando o juiz Eduardo Appio liberou o acesso aos arquivos.

O empresário busca no Supremo a anulação de todos os efeitos da ação de Moro contra ele. O caso está com o ministro Dias Toffoli. Ainda segundo a reportagem, ele recebeu em anexo os registros do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal e da própria 13ª vara que tratam da colaboração.

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