O que será da CES após a saída da Microsoft?
Após 15 anos, empresa encerrou sua participação com apresentação de Steve Ballmer
Steve Ballmer apresentou, esta semana, o último keynote da Microsoft na CES, feira internacional de eletrônicos que acontece em Las Vegas (EUA). Uma triste notícia que confirmou a saída da fabricante do evento, em sua noite de abertura. Mas, se isso significa ou não o início do fim da maior exposição de produtos eletrônicos do mundo, depende para quem você pergunta.
Houve muita discussão nesse ano sofre a CES estar ou não em decadência. Os céticos apontam o fato de a Apple, a nova criadora de tendências do mercado, não fazer parte do evento. E a exposição tem mostrado poucos produtos revolucionários nos últimos anos.
A saída da Microsoft é um grande ponto negativo, afirma Nathan Brookwood, analista da Insight64 e frequentador há muito tempo da CES. O especialista espera que a edição de 2012 seja um marco positivo para o evento, e que ele só perca importância daqui para frente.
Mesmo com a Microsoft não sendo uma grande inovadora, Bill Gates e Ballmer são nomes fortes que atraem atenção para o evento todo ano, explica. Ele ainda nota que a saída da empresa também pode afetar economicamente a CES, uma vez que a companhia aluga um grande espaço anualmente.
A CES também tornou-se menos focada, com as TVs e os sistemas de som competindo por atenção com os notebooks, smartphones e agora os serviços na nuvem (cloud). E muitas das apresentações, incluindo keynotes e grandes coletivas de imprensa, são transmitidas pela web ou cobertas em tempo real pelo Twitter, blogs ou sites de notícias, dando menos razões para as pessoas realmente irem até o local.
“Penso que o evento perdeu sua identidade”, diz Brookwood. “Chegou a um ponto que ninguém mais sabe para que ele é bom.” Já o presidente da Creative Strategies, Tim Bajarin, é mais otimista. As pessoas tem previsto a queda da CES há anos, diz. Ele concorda que a feira possa ter perdido um pouco da sua dianteira no mercado. “Tornou-se um lugar onde as pessoas estão tentando alcançar a Apple”, disse Bajarin. Mas a importância do evento sempre fluiu de acordo com as tendências tecnológicas da época.
Apesar de a Apple e a Microsoft realizarem seus próprios eventos de lançamento, as grandes fabricantes precisam de um evento nos EUA onde possam exibir suas novidades para os compradores, explica. Espera-se que a CES receba 140 mil visitantes neste ano, nota, e o público em geral não é mais admitido, o que significa que uma maior proporção dos frequentadores são compradores qualificados.
A Consumer Electronics Association, que realiza a CES, precisará encontrar um novo ato para substituir Ballmer e a Microsoft no ano que vem. É difícil pensar em uma figura da indústria tão conhecida, com a possível exceção de Howard Stringer, da Sony, que deve se aposentar em breve.
De qualquer forma, a Sony está tendo problemas financeiros e pode não estar disposta a pagar pelo keynote de abertura, que fica com quem der o maior lance, afirma Bajarin. Ele vê um executivo da Samsung como um candidato provável para a noite de abertura no ano que vem.
A Microsoft afirmou no mês passado que estava saindo do evento porque o timing da CES não se encaixa no seu cronograma de lançamentos. O fundador e CEO da GoToCamera, Varun Arora, parecia irritado. “Quem se importa? Há tanta coisa acontecendo por aqui, é tão grande. O papel da Microsoft não é mais tão importante”, disse, no andar de exposições do evento, em Las Vegas.
Para Bajarin, a saída da Microsoft era inevitável. “Esse não é mais um evento de PCs. A Microsoft continuou por tanto tempo porque seus softwares se estendem a muitos outros aparelhos. Mas era apenas uma questão de tempo.” Ainda assim, a saída da empresa representa um ponto de virada. Bill Gates realizou sua primeira keynote na CES em 1995, e a Microsoft era responsável por abrir o evento desde 2000. Gates passou o bastão para Ballmer em 2009, quando parou de trabalhar na empresa.
Ao apresentar Ballmer na noite desta segunda, o presidente da Consumer Electronics Association, Gary Shapiro, afirmou que uma vez comparou a Microsoft aos fundadores dos EUA (conhecidos como “founding fathers” por lá). “Ambos foram alteradores revolucionários da história da humanidade”, disse.
Isso pode ser algo difícil de substituir.