Aplicativos de paquera provocam alta de HIV, diz Unicef
Ferramentas como Tinder elevaram as opções de sexo casual em uma escala sem precedentes, diz estudo
Uma população crescente de jovens homens homossexuais está contraindo o vírus HIV por meio de encontros sexuais desprotegidos, com estranhos, contatados através de aplicativos de paquera, como o Tinder e o Grindr. O dado é de uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
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Aplicativo para jovens calcula risco de contrair vírus HIV
O relatório afirma que houve aumento no número de casos de HIV entre adolescentes com idade entre 10 e 19 anos da região da Ásia-Pacífico, que inclui países como China, Japão, Indonésia e Tailândia. Boa parte deles usou aplicativos de namoro para encontrar parceiros sexuais casuais.
"A explosão de aplicativos de paquera gay para smartphones expandiu como nunca as opções para sexo espontâneo casual – usuários dos aplicativos móveis na mesma vizinhança (quando não na mesma rua) podem se localizar e marcar um encontro sexual imediato com apenas alguns toques na tela", afirma o relatório da pesquisa.
A epidemia avança mais rápido – sobretudo em grandes cidades, como Bangcoc (Tailândia), Jacarta (Indonésia) e Hanói (Vietnã) – entre homens jovens que fazem sexo com homens e jovens usuários de drogas injetáveis. Apesar de os próprios aplicativos não serem diretamente responsáveis pela propagação de doenças, eles estão sendo usados por jovens para entrar em comportamentos de risco.
"Jovens homens gays nos afirmaram com frequência que agora estão usando aplicativos de paquera para encontros sexuais, e que estão tendo mais sexo casual em decorrência disso. Sabemos que esse tipo de comportamento de risco aumenta a disseminação do HIV", afirmou ao jornal britânico The Guardian Wing-Sie Cheng, consultor do Unicef para HIV/Aids no leste da Ásia e Pacífico.
Em 2014, cerca de 50 mil adolescentes com idades entre 15 e 19 anos na região estudada tornaram-se portadores do vírus HIV, respondendo por quase 15% de todos os novos casos na Ásia e no Pacífico. "Estamos convencidos de que há uma ligação, e que precisamos trabalhar melhor com os fornecedores de aplicativos móveis para compartilhar informações sobre HIV e proteger a saúde dos adolescentes", acrescentou Chen.
A Unicef sugere que estes aplicativos também podem ser veículos para educar seus usuários sobre o sexo seguro e a necessidade de realizar testes regulares de HIV. A Aids é atualmente a segunda maior causa de morte entre adolescentes no mundo todo. Embora o estudo da Unicef não aborde o Brasil, dados oficiais mostram que a incidência de infecção por HIV está aumentando entre jovens de 15 a 24 anos.