Pandemia acelerou processos de digitalização
Especialista conta quais profissões são uma tendência para o futuro e quais trabalhos podem ser tomados por computadores e IA
De acordo com uma pesquisa realizada pela Sambatech, cerca de 62% das empresas brasileiras devem investir entre 10% e 30% de seu faturamento total em transformação digital durante o restante de 2021. Fatores como a pandemia de Covid-19 aceleraram o processo de digitalização em diversos setores corporativos, seja por meio de bancos digitais, que passaram de 14% para 31% em novos usuários, ou em empresas que passaram a aderir ao regime home office no período de isolamento social.
De acordo com João Gubolin, CEO da Ciatécnica, empresa que oferece consultoria empresarial voltada para a transformação digital, grande parte das organizações teve que encontrar maneiras de implementar soluções digitais que permitissem condições ideais para o trabalho remoto ser produtivo e eficaz. “O fato é que as visitas físicas praticamente desapareceram durante o período pandêmico, logo o único portal de encontro tornou-se o online. Como resultado, a digitalização das interações com clientes, das cadeias de suprimentos e das operações internas em todo o mundo avançou muito nesses últimos dois anos”, admite Gubolin.
Devido à crescente transformação digital, existem tendências que podem ser vistas como consequência do efeito pandêmico no mundo, e segundo o especialista, inteligência artificial, automação e robotização serão tão importantes quanto a mecanização da agricultura e manufatura em tempos passados. Dessa forma, existem habilidades que serão exigidas aos trabalhadores do amanhã.
“A maior parte dos trabalhos mecânicos e repetitivos será desempenhada por sistemas automatizados e máquinas inteligentes, sendo assim, reunir competências que vão além e que agreguem valor será essencial”, esclarece o CEO.
Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) compilou os dez principais empregos que serão uma tendência no futuro, e dentre as opções, estavam ocupações como facilitador ou diretor de trabalho remoto, arquiteto de ambiente de trabalho, auditor de polarização de algoritmo, detetive de dados e profissionais que lidam como cyber segurança.
“São incontáveis as transformações que viveremos, mas precisamos nos adaptar assim como as civilizações pré-agrícolas se adaptaram a um novo paradigma”, ressalta o especialista. Gubolin conta que as máquinas e a digitalização já tornaram alguns empregos obsoletos, como os operadores de elevadores, as locadoras de filmes e bibliotecas.
“Profissões que tenham atividades exaustivas e repetitivas serão cada vez mais escassas. Porém, nem tudo está perdido, mesmo quando algumas tarefas são automatizadas, nem sempre aquela posição é extinta, mas sim ressignificada, ou seja, aquele profissional poderá desempenhar uma nova atividade” diz o especialista.
O CEO aifrma, ainda, que as profissões que visam gerenciamento de pessoas tendem a ser menos afetadas, já que as máquinas ainda não são capazes de tamanha complexidade de resposta e execução.
Prognóstico do cenário tecnológico
O especialista explica que criar qualquer tipo de cenário é uma tarefa difícil, visto que a tecnologia surpreende a cada dia. “Há pouco mais de dez anos não havia Snapchat, TikTok, Instagram e Uber. No início da década passada não ouvíamos falar de Inteligência Artificial e nem fazíamos ideia do que o 5G iria nos proporcionar. Atualmente, estamos indo em direção a mudanças ainda maiores que afetarão a sociedade como um todo”, projeta.
Assim, é possível citar que de alguma forma haverá grande evolução no que se diz respeito a veículos autônomos, computadores quânticos, robotização de ambientes comerciais e missões a Marte. Vale lembrar que também é possível projetar cenários em meio às redes sociais, já que continuará havendo uma grande procura por produções de vídeo, streaming e jogos. “Mesmo com todas essas previsões não sabemos ao certo o que esperar, mas tenho certeza que vamos nos surpreender no futuro assim como já acontece agora”, finaliza o especialista.