Especialista alerta para o perigo do "golpe do amor"

Criminosos criam perfis falsos para alcançar pessoas em sites de relacionamento na internet

qui, 02/03/2023 - 17:15

O crime que induz a vítima ao erro por causa das intenções do seu pretendente é antigo, mas já se adaptou ao mundo digital. Golpistas se utilizam do “golpe do amor" para tirar informações ou dinheiro de internautas que buscam por um relacionamento amoroso nas plataformas digitais.

O especialista em tecnologia José Fonteles explicou como acontece o golpe nas plataformas de relacionamento. “Os criminosos criam perfis falsos com fotos de outros usuários ou fotos de banco de imagens e se fazem passar por outras pessoas. Os golpistas acabam criando um vínculo com alguém que está em busca de um relacionamento por meio da internet”, disse. 

De acordo com o Fonteles, o usuário nem sempre está em busca de um relacionamento amoroso; porém, o golpista utiliza táticas para se aproximar das vítimas, seja por meio da amizade ou por outro tipo de situação. "Às vezes, as pessoas estão em busca de uma amizade para conversar ou para passar tempo, mas o criminoso consegue criar um vínculo com a vítima devido a sua proximidade”, explicou. 

“Em muitos dos casos se cria um vínculo de relacionamento amoroso. Nesse último vínculo, a proximidade é mais forte, onde há troca de informações pessoais, pois cria-se uma confiança muito grande. Essa intimidade vem com a troca de fotos, vídeos íntimos e declarações”, detalhou o especialista. 

O pedagogo Warley Lira é usuário do Tinder, aplicativo de relacionamento, há cinco anos e contou sobre sua experiência na rede social. “Já tive muitos encontros marcados por lá e todos aconteceram de forma bem tranquila. Não passei por nenhuma tentativa de golpe, porque sou daqueles que stalkeia a pessoa nas outras redes ou tento nas conversas puxar o máximo de detalhes da vida dela”, pontuou. 

Como forma de se precaver dos golpes, Warley visualiza as fotos de perfil das pessoas e coloca na busca do Google para saber se é ou não uma foto retirada da internet. Entre outras táticas, ele pede para as pessoas mandarem o nome de seus perfis em outras redes sociais. 

“Ainda não aconteceu de ninguém não mandar os seus @ no Instagram. Outra coisa a que eu fico bem atento é em relação às conversas para perceber qualquer tipo de contradição. Não costumo dar meu WhatsApp logo de cara. Mantenho uma conversa por bastante tempo dentro do próprio aplicativo”, contou Warley. 

Durante esses cinco anos no aplicativo, Warley também conheceu pessoas que foram vítimas do estelionato sentimental. Ele relata que houve um caso de uma mulher que mandou mensagem e pediu o contato do WhatsApp. No outro dia, uma outra pessoa que se passou como cônjuge dela tentou ameaçar a vítima e a família em troca de dinheiro.

“A vítima fez um Boletim de Ocorrência (B.O.) na delegacia de crimes cibernéticos e os golpistas pararam de fazer ameaças. Aliás, mandavam até vídeos que foram tirados na internet da suposta mulher que a vítima conversava com a cabeça raspada por ‘trair’ o seu possível cônjuge”, detalhou Warley. 

Como obter a segurança digital? 

Segundo informações do especialista José Fonteles, os usuários precisam estar atentos aos detalhes, mas também precisam estar cientes de que é possível utilizar as plataformas em busca de um relacionamento amoroso. “Há vários casos de pessoas que construíram seus relacionamentos com seu atual parceiro, namoraram e depois casaram, tudo porque se permitiram se conhecer através das plataformas digitais”, ressaltou.

As plataformas já oferecem recursos de segurança contra casos de golpe. José explicou que as redes sociais pedem fotos e vídeos de verificação, além de número de telefones para examinar a autenticidade dos perfis. "Você deve buscar formas de saber se realmente aquela pessoa existe, pode ser por meio de uma chamada de telefone ou de vídeo, comparar fotos e informações de dados disponíveis no perfil, ver se os números de telefone são reais e não entrar logo no mundo daquela pessoa e confiar de primeira”, orientou o especialista. 

O próprio Warley recomenda o aplicativo de namoro, contanto que a pessoa utilize as medidas de segurança digital. “Conheci pessoas interessantes e com histórias incríveis, inclusive até namorei por dois meses uma pessoa do aplicativo”, disse. 

“Caso aconteça de você perceber que caiu no golpe e de repente passou informações que não devia para alguém que está se passando por um perfil falso ou passou fotos e vídeos íntimos e agora está sendo chantageado, ou passou dinheiro por ter recebido uma informação falsa, como ajudar o usuário que se diz doente ou entre outros casos, você deve, claro, procurar uma delegacia virtual de crimes virtuais e denunciar esses perfis na plataforma em que você utiliza para que outras pessoas não caiam nesse tipo de golpe”, recomendou José Fonteles. 

O especialista ainda ressaltou a importância de denunciar o caso para que seja dificultado o trabalho dos criminosos. “Você deve informar que seus dados foram roubados ou se seu perfil na rede social foi roubado, além de informar familiares e amigos que há outra pessoa tentando buscar informações sobre você. O mais importante é que as pessoas entendam que, hoje em dia, esse tipo de ação dos criminosos é comum e que as pessoas devem procurar, mais do que nunca, os meios e a polícia”, disse. 

“As vítimas não devem deixar de denunciar e informar aos outros que foram lesionadas por um crime virtual e elas devem entender que hoje em dia o crime é comum e devem tornar o fato público, por mais que acabam tendo vergonha ou intimidadas com a situação, elas devem informar para que outras pessoas deixem de cair no golpe e isso faz com que a segurança virtual aumente e esse tipo de crime diminua”, finalizou José.

Por Vitória Reimão (sob a orientação do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

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