Videogames apostam nos velhos ídolos do esporte

Para além do aspecto financeiro, aparecer nessas simulações é uma forma de ex-atletas manterem contato com o público mais jovem

sex, 29/09/2023 - 10:34
Josep Lago Visitantes observam fotografia do falecido jogador e treinador holandês Johan Cruyff, no Museu do FC Barcelona, no estádio Camp Nou, em 12 de junho de 2020 Josep Lago

Kobe Bryant na capa do jogo de basquete NBA 2K24, Pelé e Johan Cruyff entre os ícones do novo EA FC24. Os editores de videogames esportivos estão apostando em velhos ídolos para atingir um público "intergeracional".

Bryant, lendário jogador do Lakers (1996-2016) que morreu em um acidente de helicóptero em 2020, é o atleta capa do NBA 2K24. E dois dos melhores jogadores de futebol do mundo, Pelé e Johan Cruyff, recebem uma homenagem póstuma com suas figuras estampadas na capa do FC24 da EA Sports, junto com rostos novos como Erling Haaland e Alexia Putellas.

Suas respectivas editoras americanas, Take-Two e Electronic Arts, há tempos usam nomes de celebridades para promover seus jogos, às vezes até dedicando uma modalidade de jogo específica a eles. No ano passado, por exemplo, Michael Jordan foi a estrela de NBA 2K23.

Julien Pillot, economista especializado em indústrias culturais, explica à AFP que o endosso de grandes lendas é uma poderosa ferramenta de marketing.

Na sua opinião, o custo, muitas vezes enorme, de obter autorização para usar suas imagens é "mais do que compensado" pelas vendas que geram, tanto dos próprios jogos como das "cartas" necessárias para desbloquear conteúdos adicionais.

As empresas de videogames aproveitam o "aspecto intergeracional" e acrescentam "um toque de nostalgia", diz Pillot.

- Manter contato -

Para além do aspecto financeiro, aparecer nessas simulações é uma forma de ex-atletas manterem contato com o público mais jovem.

A lenda do futebol francês Zinédine Zidane disse à AFP em junho que muitas crianças agora conhecem-no, em grande parte, por sua aparição no EA Sports FC, antes conhecido como FIFA.

"Os garotos de oito a dez anos não me conhecem, a menos que seus pais tenham-lhes contado o que eu fiz na época deles", disse o vencedor da Copa do Mundo de 1998.

"É mais através do PlayStation [que eles me conhecem], é meio engraçado. Estou acostumado", comenta.

Essa é uma estratégia que os executivos não se cansam de destacar.

"Meu filho de sete anos só sabe quem é Pelé por causa de suas incríveis estatísticas no FC", disse o vice-presidente da marca EA Sports FC, David Jackson, à AFP.

Segundo ele, este jogo permitiu que os torcedores sentissem um pouco da magia de jogar com estrelas das gerações anteriores. E funciona nos dois sentidos, de acordo com algumas das estrelas envolvidas, mesmo aquelas que não têm uma classificação tão alta quanto a de Pelé.

"As pessoas de uma certa geração me conhecem pelo que fiz em campo. O interessante é que hoje elas te conhecem através [dos videogames]", disse Robert Pires, também campeão mundial em 1998, na última quinta-feira, na festa de apresentação do jogo da EA, em Paris.

Um menino de 12 anos disse recentemente a Pires que só descobriu quem era jogando o videogame.

"Eu perguntei a ele: 'Sou bom?' Ele me disse: 'Você é bom, mas é lento'", contou o francês, ex-jogador do Arsenal.

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