Redes sociais, comércio e normas de vendas

Empreendedores usam o Facebook e o Instagram para comercializar produtos como roupas e eletrônicos, garantindo assim uma boa renda. Já os consumidores precisam ficar atentos quanto aos seus direitos

por Camilla de Assis sex, 27/03/2015 - 15:23

Realizar compras pela internet está ficando cada vez mais fácil, não só pelos sites tradicionais de compra, mas também pelas redes sociais. O ambiente onde uma pessoa navega para se distrair também pode ser o lugar certo para realizar a negociação de uma compra. O Facebook e o Instagram, as redes mais populares atualmente, viraram espaço para a “abertura” de novas lojas, sejam elas de produtos eletrônicos ou moda. Muitas vezes, são criados grupos exclusivamente para esses fins, as galerias virtuais. Mas, é preciso que o consumidor fique atento à reputação da empresa ou da pessoa que divulga os produtos antes de comprá-los.

Há sete meses, os empresários Erica Oliveira e André Gadelha abriram a loja de roupas La Tienda na rede social criada por Mark Zuckerberg. Logo após a criação de um Instagram exclusivo para a exposição das roupas a serem vendidas, houve crescimento na popularidade da empresa nas redes sociais. O negócio deu tão certo para o casal, que eles resolveram profissionalizar o que antes era apenas uma forma de vender as coisas que traziam das viagens. A La Tienda passou a ser um empreendimento formalizado, com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). 

Atualmente, o Instagram da loja possui mais de 2 mil seguidores e mais de 800 amigos no Facebook. Sobre a facilidade de vender pelas redes sociais, Erica explica que não há meio mais eficaz hoje em dia. “Temos um custo reduzido, alcançamos uma grande quantidade de clientes ao mesmo tempo, oferecemos mais comodidade, pois ela (cliente) olha a foto, já escolhe e fecha a compra ‘sem sair de casa’ e sem precisar ficar procurando em várias lojas.”, afirmou. 

A jovem explica, ainda, que toda a negociação é feita pelas redes sociais. “Geralmente a cliente vê nossas peças no Instagram ou Facebook e já fala conosco pelo WhatsApp. Toda a negociação é feita através das redes sociais.”, completa. Sobre o método de entrega, os empresários ainda dizem que se a cliente morar em Recife, o pedido da peça pode ser feito por delivery. Mas também aconteceram casos de as roupas serem mandadas pelos correios. “Nós temos a opção de entregar pessoalmente a peça ou enviar pelos correios, caso a cliente more distante”, esclareceu Erica. 

A demanda de pedidos ficou tão grande que eles precisaram abrir uma loja física. O espaço funciona na casa de Erica e recebe as clientes que perguntam, pelas redes sociais, por algum lugar onde possam ver melhor os produtos. Mas, ainda assim, cerca de 70% das vendas são feitas exclusivamente pelos Facebook, Instagram e WhatsApp. 

Ainda novata no comércio de roupas de crochê, a empresária Suelen Rocha, 19, abriu sua loja no Instagram. A I Love Crochê está funcionando há menos de um mês e já teve várias encomendas. “Hoje em dia as redes sociais estão dando muito certo, então resolvi abrir a minha própria”, explicou Suelen. A jovem ainda disse que não possui o CNPJ, mas que pretende abrir uma loja física em breve, caso a virtual dê certo. Através do aplicativo PagSeguro, ela também aceita todos os cartões na hora da venda. “Esses aplicativos são muito úteis na hora de facilitar o pagamento dos clientes”, disse.

Normas 

Segundo o gerente jurídico do Procon Pernambuco, Roberto Campos, a compra realizada pela internet segue as mesmas regras da compra presencial, mas o consumidor precisa ficar atento, já que as redes sociais são áreas muito tênues em relação à confiabilidade. “Se for uma pessoa física ou uma empresa que não possui CNPJ, caso haja algum problema, o consumidor não vai poder exigir a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor”, disse Campos. As empresas virtuais podem utilizar qualquer tipo de pagamento. Caso seja pessoa jurídica, há a possibilidade de adquirir uma maquineta de cartões crédito e débito ou mesmo através de aplicativos como PagSeguro e PayPal. 

De acordo com o analista do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Thiago Suruagy, esses empresários se caracterizam como Microempreendedores Individuais (MEI), já que resolvem abrir um pequeno negócio por conta própria. Ele afirma que realizar as vendas pelas redes sociais é mais rentável, já que o custo é baixo e, geralmente, o empresário está querendo testar a aprovação dos produtos vendidos. “Mas, é importante que a pessoa perceba quando não dá mais para sustentar uma loja virtual pelas redes sociais e pense em um espaço físico ou um site próprio”, explicou Suruagy.

O especialista em e-commerce, Felipe Pereira, disse que a internet tem suas facilidades para quem quer abrir uma loja, mas que se torna um problema, já que não é um ambiente de vendas, e ao mesmo tempo de descontração e lazer. “As redes sociais têm baixo custo, o dono pode trabalhar Home Office e a loja fica aberta 24 horas por dia, para todo o mundo, mas a maioria das pessoas que acessam uma rede não está com a cabeça para comprar”, explicou. 

 

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