Mendonça: "nunca interferi" no conteúdo das universidades
Em entrevista ao LeiaJá, o ministro da Educação afirmou que o MEC não vai tomar nenhuma atitude quanto à cadeira sobre o ‘golpe’ na UnB, mas que não se pode transformar a universidade em “gueto de dominação de um partido político”
Na manhã desta sexta-feira (23), após conceder uma entrevista coletiva, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), respondeu a questionamentos do LeiaJá a respeito das declarações polêmicas que foram dadas através de suas redes sociais envolvendo a cadeira eletiva sobre ‘o golpe de 2016’ na Universidade de Brasília (UnB).
Além de repetir afirmações já divulgadas anteriormente a respeito da solicitação de investigação à probidade da oferta da disciplina, que na opinião dele “não tem base científica” e consiste em “propagação da ideologia petista” e “patrimonialismo, uma palavra que o PT gosta muito”, Mendonça afirmou que o MEC não tomará nenhum tipo de atitude em relação à oferta da cadeira, sendo qualquer tipo de possível apuração de supostas irregularidades a cargo dos órgãos de controle de patrimônio público para os quais ele afirmou que enviaria representações.
“A análise será feita pelos órgãos de controle como se faz normalmente (...) Caberá ao órgão de controle que quiser analisar, avaliar se porventura isso é uma coisa aceitável ou não, não sou eu que vou determinar”, disse o ministro.
Com a repercussão do caso, várias opiniões surgiram e várias pessoas acusaram a atitude de Mendonça como uma forma de censura e ataque à autonomia universitária, que é um princípio previsto na Constituição Federal de 1988. A respeito dessas afirmações, ele afirmou que o tipo de discussão e propagação de ideias de que a disciplina trata são teses políticas “malucoides, maluquice petista”, não tendo embasamento e, portanto, solicitar uma análise do ponto de vista administrativo não caracterizaria um desrespeito à autonomia institucional da UnB.
“Em uma discussão de tese muito mais política o debate tem que ser dado pelos meios de comunicação, pelo congresso nacional, não transformar a universidade em uma espécie de gueto de dominação de um partido político. Então para mim a liberdade universitária está consagrada, eu nunca interferi e nem vou interferir nunca no seu conteúdo, mas o princípio da probidade ele está presente na administração pública e tem que ser respeitado”, disparou Mendonça.
Questionado sobre a presença de textos acadêmicos na ementa da disciplina e sobre a natureza da ciência política, de estudar as diversas correntes de pensamento e fenômenos políticos nacionais e internacionais, o ministro afirmou que a disciplina “não é uma discussão de correntes, na verdade está discutindo uma corrente, que é a corrente do PT, é o domínio do PT, uma inverdade, uma mentira, que não tem nenhuma base científica”. Além disso, Mendonça também afirmou que “se você submeter a qualquer universidade do mundo a temática dessa disciplina, qualquer universidade do mundo sério, desenvolvido, você vai se dar conta de que isso é uma aberração”.
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