Fim de colégios tradicionais deixou um vazio no centro
Grandes instituições de ensino como o Colégio Nóbrega e o Colégio Marista fecharam suas portas devido às mudanças na configuração de habitação e mobilidade que a cidade sofreu nas últimas décadas
Entre muitos outros aspectos importantes da cidade, o centro do Recife abrigou por muito tempo uma efervescência e tradição muito fortes no que diz respeito a abrigar grandes instituições de ensino.
Grandes colégios como por exemplo o São José, Salesiano, Ginásio Pernambucano, Vera Cruz, Agnes e Damas ainda continuam ativos e funcionando tanto nos bairros do Recife, Santo Antônio, São José, Boa Vista e suas adjacências.
No entanto, o descaso e o abandono do centro da cidade como local de encontros, convivência, moradia, expressões culturais e de estudos fez com que, com o passar do tempo, grandes instituições de ensino mudassem de endereço ou até mesmo deixassem de existir.
O Colégio Marista da Avenida Conde da Boa Vista, o Nossa Senhora do Carmo, Colégio Contato, Colégio Nóbrega e o antigo Liceu de Artes e Ofícios, que foram responsáveis por formar muitos recifenses e pessoas que vinham de outros lugares, colégios que participaram da formação de grandes personalidades da história do Estado (e até mesmo do país), sofreram com esse processo de remodelagem do cenário da cidade e da relação entre os moradores do Recife com os bairros do centro e da periferia.
Os motivos dessa decadência do centro da cidade como um local que abrigava grandes colégios que tinham estruturas enormes e eram referências de educação na região são os mais diversos possíveis e começaram a se desenhar há quase um século.
Formação do centro do Recife como pólo educativo
De acordo com o professor-doutor de História do Brasil e História das Religiões na Universidade de Pernambuco (UPE), Carlos André Silva de Moura, que durante a sua graduação em história pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) chegou a fazer estágio na antiga sede do Liceu de Artes e Ofícios, problemas com o custo de manutenção, novas configurações urbanas, redução do número de alunos, dificuldades de mobilidade, altas mensalidades, erros de administração, e dificuldades de adaptação aos novos moldes de ensino e acesso aos cursos de nível superior, entre outras razões,levaram à transferência ou fechamento de muitos desses colégios da região central do Recife que tiveram no passado seus tempos áureos.
Carlos explica que o centro do Recife nos séculos XIX e XX já tinha uma forte tradição comercial, mas também abrigava grande parte da população da cidade, configurando-se em uma região de bairros residenciais, uma vez que áreas como as zonas sul e oeste eram extremamente distantes devido às realidades de deslocamento mais lento dessa época. Era comum, segundo ele, encontrar casas com dois ou três andares que abrigavam, ao mesmo tempo, pontos de venda de produtos ou serviços e a moradia dos comerciantes que ali trabalhavam e suas famílias.
Ensino e religião
Além disso, grande parte destas escolas tradicionais eram (e a maioria das que sobreviveram ainda são) ligadas a grupos e congregações religiosas, católicas ou protestantes e, via de regra, as instituições religiosas também ficavam concentradas na área mais central da cidade, em locais estrategicamente escolhidos para ficar perto da maioria dos fies.
Carlos André explica ainda que a ligação entre ensino e religião foi parte de um processo muito maior de crescimento das igrejas, que tinham todo um projeto não só educativo mas também sociocultural que buscava aumentar o número de fieis e obter mais poder de influência depois que o Brasil deixou de ter religião oficial, em uma tentativa de estar, de alguma maneira, perto do poder político e influenciando na formação humana e cidadã de indivíduos que deveriam seguir toda uma filosofia e código de moral católica.
Esse objetivo foi levado adiante por meio da implementação do culto a Nossa Senhora de Fátima fora de Portugal. Uma das razões dessa busca, segundo o historiador, foi a expulsão de padres Jesuítas de Portugal depois de uma lei proibir práticas católicas no país, fazendo com que os religiosos buscassem o exílio.
Nesse contexto, vários colégios começam a surgir como parte desse projeto sociocultural religioso levado a cabo por várias congregações diferentes. O Colégio Manoel da Nóbrega, mais conhecido como Colégio Nóbrega, é um ótimo exemplo desse contexto: foi fundado por Jesuítas em 1917 no bairro da Boa Vista quando o Palácio da Soledade, que era residência do bispo, foi cedido para a abrigar o colégio, juntamente com o terreno ao lado desse prédio para construir uma estrutura educacional maior e também o primeiro santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima fora de Portugal. Seguindo uma lógica semelhante, outras ordens também fundam colégios como o Salesiano, Marista, Nossa Senhora do Carmo, Damas e São José.
O grande número de alunos, o prestígio trazido por se configurarem em referências de qualidade de ensino e nomes de estudantes que conseguiram carreiras e vidas públicas de sucesso e notoriedade após saírem dos seus colégios fez com que todas essas grandes instituições localizadas nos bairros centrais do Recife tivessem uma grande tradição de ensino e resistissem por um longo período de tempo, deixando marcas na paisagem da capital de Pernambuco, na memória e na afetividade dos moradores, alunos, professores e ex-alunos.
Reformulação Urbana
Essa prosperidade, no entanto, começou a mudar quando algumas mudanças no perfil de habitação e fluxos de mobilidade urbana se alteraram por força de algumas decisões políticas que mudaram “a cara” do Bairro do Recife, de São José, Santo Antônio e da Boa Vista.
O historiador Carlos André Silva de Moura conta que a reforma no Porto do Recife, levada a cabo nas décadas de 10 e 20 do século passado, juntamente com os projetos de “higienização” do centro, que tinham por objetivo retirar habitações precárias e a população mais pobre do centro da cidade realizados pelo governador Agamenon Magalhães durante o período do Estado Novo (década de 1930) fizeram com que muitas pessoas que residiam na área central da cidade tivessem que se mudar para áreas mais distantes.
Paralelamente, a abertura de grandes avenidas na década de 1950 e a chegada de mais escolas em bairros que ficavam em regiões periféricas fez com que muitos estudantes que tinham dificuldades de sair de onde moravam e chegar até o centro para estudar fossem matriculados em escolas que ficavam mais perto de suas casas, reduzindo o contingente de alunos de instituições localizadas na área central.
Crescimento do Ensino Público
Dificuldades financeiras advindas de crises econômicas que o Brasil enfrentou no século passado e novas políticas de ensino gratuito e laico, juntamente a novas formas de acesso à educação superior pública também foram fatores que causaram um grande impacto aos colégios que sumiram do centro da cidade.
O surgimento do sistema de cotas para estudantes de escolas públicas em universidades federais e estaduais, a ampliação do ensino em período integral nas Escolas de Referência em Ensino Médio, o surgimento de colégios de aplicação ligados a universidades públicas e a multiplicação de Institutos Federais que aliam o ensino médio a uma formação técnica fizeram com que o ensino público se tornasse, gradativamente, uma opção atrativa para as famílias de muitos estudantes que não podiam arcar com as altas mensalidades dos grandes colégios do centro do Recife.
Dificuldades de Adaptação
Carlos André explicou também que várias instituições de ensino tradicionais continuaram a pensar a gestão baseada em um período em que não havia um grande índice de inadimplência, onde os meios de acesso ao ensino superior eram diferentes e o desejo dos pais e estudantes começava a deixar de ser ligado à filosofia social e religiosa da escola e fica muito mais atento à qualidade do ensino.
Dessa maneira, vários dos colégios que permaneceram na área central tiveram que lidar com um número de alunos que diminuía e custos de manutenção estrutural que se mantinham no mesmo patamar ou se elevavam.
Muitas dessas escolas tradicionais, segundo o professor, tiveram dificuldades de adaptar suas estruturas físicas grandiosas, a administração financeira e o perfil de ensino praticado no passado à nova realidade urbana e social do Recife.
Assim, a falência, venda a grupos empresariais ou mudança de endereço para lugares de mais fácil acesso via transporte público foram problemas que atingiram grande parte dos colégios de grande tradição dos bairros centrais do Recife. Veja, a seguir, alguns exemplos:
Lyceu de Artes e Officios
O Liceu de Artes e Ofícios, que oferecia educação profissional privada e depois também instituiu o ensino básico, passou para o controle do Estado de Pernambuco. Com o tempo a sua antiga sede, um prédio neoclássico localizado junto à Praça da República, não comportava mais o número de alunos a que a instituição atendia sem que recebesse a manutenção adequada de que precisava.
Por ter uma parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que enviava estudantes de graduação de diversas áreas para estagiar no Liceu, a instituição foi temporariamente transferida para as instalações do antigo Colégio Nóbrega, que pertencia à Unicap, na época do fechamento do mesmo, criando-se então o Liceu Nóbrega, localizado entre a rua Oliveira Lima e a Rua do Príncipe.
De acordo com o professor de História e pesquisador Carlos André, ainda existe uma pretensão de que o Liceu retorne para o seu antigo endereço. No entanto, o prédio está muito danificado pela falta de manutenção e pelos anos de abandono, não existindo também nenhum projeto de restauração do edifício em andamento no momento.
Colégio Nóbrega
O antigo Colégio Nóbrega foi fundado por padres da Ordem dos Jesuítas no ano de 1917, começando a funcionar no Palácio da Boa Vista, um prédio histórico que era utilizado como residência do bispo.
Além de ceder o palácio para abrigar as turmas de anos do ensino primário, a igreja também ofereceu um terreno de 17 mil metros quadrados que hoje tem cinco edificações ao longo de um quarteirão inteiro, ligado à Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que segue sendo a administradora da estrutura física do antigo colégio, abrigando atualmente o Liceu Nóbrega em uma união do Liceu de Artes e Ofícios com o espaço do Nóbrega.
Com uma estrutura grandiosa, um alunado altamente numeroso que incluía personalidades ilustres, um ensino que era reconhecido por sua qualidade e uma preocupação com a formação humana e religiosa dos estudantes, o colégio Nóbrega abrigava o primeiro santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima fora de Portugal, que ainda funciona no mesmo local.
Em um documentário produzido por uma ex-aluna do colégio, o reitor da Unicap afirmou que o fechamento do colégio foi inevitável e veio após uma luta de 15 anos para salvar o Nóbrega. De acordo com ele, a ordem religiosa fez esforços dentro e fora do Brasil pelo colégio, mas “O Nóbrega mostrou que não tinha capacidade, não tinha força para ser o colégio que ficou na memória das pessoas. Por mais triste que tenha sido a notícia, ela tem um lado de realidade que não é só uma história do Colégio Nóbrega, é a história de muitas instituições do Recife que não conseguem, por mais que elas tenham valor, se readaptar aos novos desafios”, disse ele referindo-se a dificuldades financeiras e perda de alunos devido a dificuldades de mobilidade urbana e criação de novos colégios em bairros mais afastados do centro da cidade.
O colégio é lembrado até hoje com muito carinho e saudade por seus muitos ex-alunos que ficaram entristecidos tanto com o fechamento de sua antiga escola, que foi um choque, quanto com o descaso com a estrutura que um dia abrigou a instituição de ensino e se encontrava literalmente em ruínas, correndo risco de desabamento. Os problemas estruturais eram de uma gravidade tamanha que muitos ex-alunos queriam acionar o Ministério Público contra a universidade, uma vez que a estrutura do Nóbrega é tombada como patrimônio histórico.
A comunidade escolar do Nóbrega continuou unida em torno do objetivo de lutar pela preservação do legado do colégio que os formou, no qual amizades que duram toda a vida e até histórias de amor que resultaram em casamento tiveram início, onde boas lembranças foram cultivadas e havia um sentimento quase familiar entre alunos, professores e funcionários.
Um exemplo de ex-aluno que segue ligado ao colégio mesmo 38 anos depois de ter saído do colégio é Luís Eduardo Travassos, de 54 anos, que estudou no Nóbrega de 1964 a 1980 e hoje, além de trabalhar no Tribunal de Justiça de Pernambuco, é diretor da criação de um memorial ao Colégio Nóbrega, idealizado pela Associação dos Amigos de Fátima (Amifat), instituição ligada ao santuário e que tem em seu organograma a criação de um memorial ao antigo colégio.
No ano de 2017, Luís também esteve à frente da articulação para a celebração dos aniversários de cem anos do colégio e também da aparição de Nossa Senhora de Fátima, que coincide com a fundação do Nóbrega.
Além disso, Luís organizou várias confraternizações de ex-alunos e está à frente da montagem e lançamento de um livro que resgata parte das memórias dos estudantes do antigo Nóbrega. Entre os motivos para seguir atuante, à frente das articulações pela preservação do Nóbrega e de sua memória, Luís aponta a importância que a instituição teve não apenas para a sua vida, mas também para o Recife e para Pernambuco como um todo através da formação de figuras públicas que tiveram e ainda têm importância política e histórica.
O sentimento de tristeza com o fechamento deriva de um amor, um carinho, de uma afetividade muito forte dos ex-alunos e ex-funcionários com o antigo colégio.
Todo esse afeto fazia e faz, até hoje, com que os estudantes não consigam se afastar e se desligar do espaço do colégio e das lembranças que ele abrigou. Amizades com décadas de duração, romances, brincadeiras, acolhimento e um sentimento familiar marcaram a vida destas pessoas que estão dispostas a não deixar que essas lembranças se percam no tempo ou sejam esquecidas.
Esse mesmo afeto que faz com que os ex-alunos não se desconectem do colégio os movimenta e motiva a manter a força de articulação, sempre planejando novas ações que os mantenham unidos e atuantes para garantir tanto a preservação do local onde o colégio ficava através da reforma estrutural e também do restauro interno, para lutar pelo resgate de antigos materiais da instituição e para dar um uso, um destino ao espaço do Nóbrega, onde deverá ficar o memorial.
Essa força dos antigos estudantes foi de fundamental importância para que fossem o colégio recebesse a atenção que merecia diante da sua importância sociocultural durante os 89 anos em que esteve aberto e funcionando.
Para o futuro, o desejo de Luís Eduardo e também de outros ex-alunos é que o memorial seja concluído, continuar fazendo reuniões e fundar uma associação de ex-alunos do colégio. Para ele, “a construção desse memorial é a consolidação de toda a nossa luta nesses 12 anos”.
Colégio Marista
O Colégio Marista que ficava no coração do centro do Recife, na Avenida Conde da Boa Vista, também era uma instituição de ensino católica, com uma estrutura física imensa e um grande número de alunos que ajudava a movimentar a região central desde o ano de 1924 até 2002, após 78 anos de uma história tradicional, sendo reconhecido como um colégio que era referência em qualidade de ensino.
Os motivos do fechamento seguem a mesma linha das demais instituições de ensino tradicionais que não conseguiram resistir no centro do Recife. No entanto, há um agravante no caso do antigo Colégio Marista no que diz respeito a preservação da memória do que o colégio foi nos seus tempos áureos e da importância que ele teve para a cidade: com o fechamento, o prédio do colégio foi comprado pelo grupo varejista Atacado dos Presentes, que instalou uma unidade da empresa no local onde antes havia uma capela, piscina, quadra de esportes e salas de aulas. Além disso, o acesso da frente para a avenida foi fechado com tapumes e uma corrente de ferro que são guardadas por seguranças contratados pela loja.
Para quem estudou no colégio e tinha carinho pelos bons momentos ali vividos, pelas amizades construídas e pelas boas lembranças que ficam depois dos tempos de escola, ver o colégio fechado, a estrutura descaracterizada e uma megaloja no lugar que fez parte da sua formação é motivo de tristeza e pesar.
O empresário Roderick Jordão, de 38 anos, foi aluno do antigo Marista durante o ensino médio entre os anos de 1996 e 1998. Essa fase da vida, de acordo com ele, foi muito legal e repleta de novidades que o colégio proporcionou, tanto nas aulas quanto fazendo amigos e em momentos legais vividos intensamente “aprontando” e “dando trabalho” no colégio. Esse carinho, as lembranças felizes e algumas das amizades da época, de acordo com Roderick, sobreviveram ao tempo como o colégio, infelizmente, não conseguiu.
O dia-a-dia dos aredores do colégio e a maneira como os estudantes e a sua presença no centro, o deslocamento até o colégio impactava na região e movimentava a avenida, que ficava repleta de alunos todos os dias.
Roderick ainda se recorda e mostra onde ficava cada parte do colégio, lembrando momentos e partes da rotina que aconteciam em cada parte daquele território, incluindo as partes que, após a venda para o Atacado Dos Presentes, foram demolidas.
A notícia do fechamento foi chegando aos poucos a cada ex-alunos através de um grupo que todos eles mantinham na internet, através do Orkut, rede social mais popular da época. As reações foram as mais diversas, mas o sentimento de tristeza foi geral, havendo inclusive pessoas que choraram ao saber que o colégio seria fechado e transformado em loja.
Para Roderick, foi uma surpresa triste, que parecia inimaginável diante do tamanho e do número de alunos de um colégio como aquele, que tinha salas lotadas com seis turmas só no primeiro ano do Ensino Médio.
Roderick não morava no Recife quando recebeu a notícia sobre o fechamento do Marista, mas tem a triste lembrança de que chegou a ir ver o momento da demolição do colégio após a venda para o grupo de varejo.
Ginásio Pernambucano: Tradição e Resistência
Uma das razões apontadas pelo historiador e professor Carlos André Silva de Moura para que muitas escolas tradicionais não tenham conseguido seguir em funcionamento foi o alto custo das mensalidades que eram cobradas para poder manter as grandes estruturas físicas dessas instituições, abrindo espaço para que muitos estudantes troquem essas instituições por escolas públicas que também apresentam um ensino de boa qualidade a um custo mais baixo. No mesmo contexto, as dificuldades de se adaptar às novas lógicas de acesso ao ensino superior tornou difícil a permanência de antigos colégios.
Nesse sentido, o Ginásio Pernambucano, colégio de 192 anos que tem sua principal sede localizada na Rua da Aurora, bairro da Boa Vista, se torna um bom exemplo de colégio tradicional que se ampliou ainda mantendo-se no centro da cidade.
A gratuidade e o ensino de referência em tempo integral, aliados à tradição da instituição que ajudou a formar personalidades como Clarice Lispector, Assis Chateaubriand e Ariano Suassuna.
O ex-governador do Estado, Joaquim Francisco, foi aluno do Ginásio Pernambucano entre os anos de 1962 e ficou até 1964, entre seus 14 e 16 anos de idade, cursando do primeiro ao terceiro ano clássico (que equivaleria a um ensino médio focado em temas de ciências humanas e sociais). De lá, ele saiu para a Faculdade de Direito do Recife, que também é uma instituição de ensino de grande peso e tradição, localizada na área central da cidade.
Joaquim conta que durante o tempo em que estudou no Ginásio, teve ótimas lembranças de suas aulas, de seus professores e de seus colegas. Entre algumas características do colégio, ele destacou o perfil dos professores, que eram catedráticos que tinham muitas obras publicadas e também ensinavam em universidades, uma rigidez no ensino, efervescência cultural, e no respeito ao patrimônio público. “Era um colégio republicano que formava homens públicos”, disse ele.
O ex-governador também destacou um sentimento de satisfação e orgulho por estudar no ginásio, uma vez que havia uma espécie de vestibular para admissão ao colégio que era considerado um dos melhores colégios de todo o país, junto com o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. "Sempre fui um bom aluno que tinha gosto de tirar 10, eu 'gosto fo folhoso', estudo muito", contou ele.
O Ginásio Pernambucano significou, para ele, um espaço muito importante para a sua formação humana, social e pública. Minha primeira visita depois de me tornar governador, no dia da minha posse, foi ao Ginásio, por ter sido o colégio que me deu a base sólida que eu adquiri em Latim Português, Francês, Geografia, em História o professor Amaro Quintas (pai de Fátima Quintas, da Academia Pernambucana de Letras) que foi um historiador extraordinário, o ginásio era uma catedral de conhecimento”, disse ele.