Bike-delivery vira tendência em tempos de crise
Ampla concorrência no mercado de trabalho e escassez de emprego fazem jovens buscarem a alternativa de mobilidade para melhorar a renda
O fenômeno das ‘bikes’ vem crescendo cada vez mais no Brasil. Tornou-se comum visualizar pessoas realizando pedaladas coletivas, nos grandes centros urbanos do País. Mas não só para lazer que as bicicletas estão sendo usadas. O número de pessoas que estão trabalhando nas chamadas ‘bike-delivery’ está crescendo consideravelmente.
Como o próprio nome sugere, os bike-deliverys são entregadores que, ao invés das tradicionais motos, usam a bicicleta como veículo de entrega dos produtos. Para muitos profissionais, a função vem sendo a forma de contornar a crise financeira que o País se encontra.
Na prática, a empresa responsável pelo app se vincula a restaurantes e começa a receber cadastros de ciclistas interessados em realizar as entregas. Depois de aprovados para desempenhar o serviço, os donos das bikes recebem as informações da ferramenta sobre onde há produtos para serem pegos e depois levados aos clientes finais dos restaurantes; a taxa repassada aos ciclistas por entrega custa a partir de R$ 6,50.
Nizroque Silva de Oliveira ficou desempregado em meados de maio de 2018. Durante um período conseguiu se manter com o seguro desemprego, porém, com o término do auxílio, ele se viu em sua situação complicada. Resolveu então ouvir a indicação de um amigo e se tornou um dos tantos bike-deliverys que atuam na Região Metropolitana do Recife. “Acabei ficando desempregado e já observava alguns amigos meus fazendo esse tipo serviço, tinha achado muito interessante. Com o término do seguro desemprego, eu resolvi entrar e me adaptei muito bem”, conta. Hoje, ele consegue uma renda exta em torno de R$ 450 mensais.
Além de fazer viagens por meio de aplicativos de entrega nos dias de semana, o rapaz de 34 anos trabalha em local fixo nos fins de semana – também como entregador. Atualmente, a função é sua única fonte de renda. “Trabalho na função há uns dois meses, no aplicativo estou há 14 dias. É desse serviço que sobrevivo, que consigo renda para sanar minhas necessidades mais básicas”, comenta. Nizroque ainda destaca outro fator que o faz gostar muito do serviço que presta. “Eu amo fazer atividades físicas, pedalar, estar sempre em movimento. É algo que me fez gostar mais deste trabalho”, exalta.
Além de ser mais uma alternativa para quem se encontra desempregado, o delivery de bicicleta pode ser um grande auxílio para quem quer compor a renda. Renato dos Santos, de 18 anos, está cursando o primeiro ano do ensino médio. Para ajudar a mãe e poder ter sua independência financeira, ele ingressou na função. “Eu faço cerca de 10 entregas por dia, dá para tirar uma coisinha legal. A renda eu uso para minhas necessidades e posso ajudar minha mãe em casa, já que moramos eu e ela”, explica o jovem. O estudante relata que é tranquilo conciliar as duas tarefas. Segundo ele, a rotina de descansar pela manhã, pedalar à tarde e focar nos estudos à noite é muito bem administrada.
Ambos os entrevistados destacam que o segredo no negócio é saber a hora certa de atuar. Segundo eles, o horário do almoço e do jantar é o momento que rende mais lucro. “Eu espero chegar o período de pico, que é o horário de almoço e fico até umas 15h. Depois de uma pausa volto no final da tarde que é quando o movimento volta a crescer”, comenta Nizroque.
Georgia Sanches é Regional Manager da Rappi – uma das empresas precursoras do serviço no Brasil e que atua em outros países da América Latina -. Segundo a gestora, atualmente 30 mil pessoas realizam a função nos países onde a instituição atua. Para ela, o serviço é tendência mundial e deve se intensificar ainda mais. “A função vem como combate ao trânsito dos grandes centros urbanos. Tudo que você precisa, sem ter a necessidade de você sair de casa para ter isso. Não precisa pegar trânsito e nem se arriscar ou ter um custo de modalidade”, comenta.
Georgia explica que o objetivo da empresa é expandir anda mais o número de funcionário de transporte alternativo. “O que a gente faz aqui é dar oportunidades para outras pessoas. Na Rappi, você precisa ter só uma bicicleta para ter mais uma renda adicional no mês”, exalta. Segundo ela, o número de pessoas que aderiram a prática e o crescimento de usuários demonstram que ação está sendo um sucesso. “O feedback é super positivo. Principalmente no Nordeste, tanto pelo número de entregadores, quanto de números de estabelecimentos parceiros e de usuários também”, finaliza.
Nizroque Silva afirma que o sucesso dos bike-delivery ainda está no começo. O entregador diz que, pelo que vê, o serviço tem potencial para crescer ainda mais. “Na minha projeção, essa profissão tem muito que expandir, ainda tem muito a evoluir. O Brasil ainda vai ouvir falar muito dos Bike delivery”, projeta o entusiasmado entregador.