Crise do coronavírus: Sebrae revela negócios mais afetados

Por determinação estadual, vários estabelecimentos foram fechados para evitar a propagação do coronavírus

por Lara Tôrres seg, 23/03/2020 - 19:46
Pixabay Manicure é uma das áreas afetadas Pixabay

A pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), já infectou mais de 300 mil pessoas ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 1.891 pessoas foram testadas com a doença e 34 mortes foram causadas pelo vírus. Os números revelam a necessidade de tomar medidas drásticas para conter o avanço da doença, mas além do claro problema de saúde coletiva, diversos países terão que lidar com dificuldades econômicas.

As pequenas empresas costumam ser mais afetadas em momentos críticos para a economia e, em um momento no qual as pessoas se encontram isoladas em casa, fica ainda mais difícil se manter com a queda de faturamento. Adriana Côrte Real é diretora técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e explicou ao LeiaJá que, apesar de a crise econômica causada pela quarentena voluntária ter afetado todos os setores produtivos em um efeito cascata, há alguns segmentos que sentem os efeitos de forma mais direta.

“Salão de beleza, alimentação fora do lar, lazer e economia criativa. Esses são os segmentos que têm um impacto em maior volume”, disse a especialista. Ela também afirma que existem outras áreas que são menos impactadas, mas podem sofrer igualmente se os empresários não estiverem adaptados ao ambiente digital de negócios e entregas a domicílio. “Alimentos, indústria, mercadinhos, farmácias sofrem menos, mas quem não implantou medidas tecnológicas para realizar entregas, ir até o cliente, também se prejudica mais”, afirma Adriana.

Nesse cenário, os salões de beleza, manicure e pedicure ganham uma atenção especial pela dificuldade de oferecer serviços sem que haja contato direto com os clientes, seja na empresa ou na casa do freguês, uma vez que estamos em um momento de recomendações para isolamento social. Ela também chama atenção para o fato de que a maioria das pessoas que investem em salões é de Microempreendedores Individuais (MEI), grupo para o qual foi aprovada a prorrogação, mas não cancelamento, do pagamento de tributos.

“Segundo dados da Receita Federal, o segmento de salão, manicure e pedicure têm 21.500 empresas em Pernambuco, 62% deles na Região Metropolitana do Recife. Desses, 94% é MEI. O segmento de alimento fora do lar tem alternativa, a opção digital está aí para o empresário se adaptar e fazer o alimento chegar à casa do cliente, quem tem salão, não”, explicou a especialista.

Para Adriana, o acesso ao crédito em condições facilitadas e a digitalização podem ajudar os empresários nesse momento. “Para o MEI, que é o público do salão, há postergação dos tributos que terão que ser pagos em algum momento por empresas que não terão receita porque a atividade está parada. O que cobre isso, na pior das hipóteses, é o crédito. Nosso trabalho é desenvolver soluções para conectar pequenos negócios ao mundo digital e facilitar o acesso ao crédito. O Sebrae não empresta dinheiro, trabalhamos políticas públicas junto aos bancos para ter linhas de crédito fora do modelo tradicional, facilitado, rápido, mais barato e menos burocrático” declarou Adriana.

COMENTÁRIOS dos leitores