Fuvest: professor comenta provas da primeira fase do exame

Exame foi realizado neste domingo (12)

por Jennifer Buarque seg, 13/12/2021 - 14:13
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo . Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), vestibular para ingresso na Universidade de São Paulo (USP), realizou, neste domingo (12), a primeira fase do seu exame. A USP está oferecendo 11.147 vagas sendo 8.211 destinadas a seleção por meio do vestibular da Fuvest e 2.936 ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O gerente de inteligência educacional e avaliações do Poliedro Cursos, Fernando Santo, comentou a prova para o LeiaJá.

 

Para Fernando, as provas de física e química foram tradicionais, dentro do que se esperava para as disciplinas: “Em física, caiu mecânica clássica, exercícios de calorimetria, magnetismo, conceitos clássicos e tradicionais dos tópicos de física do ensino médio. Em química, caiu química descritiva, energia das reações químicas, pH, estequiometria, novamente assuntos que já eram esperados na prova da Fuvest.”, afirmou. 

O gerente pontua que a prova de geografia mereceu um destaque em especial. “Além de ter tocado na temática da Covid-19, a prova se mostrou atualizada ao destacar questões conversando sobre o uso das queimadas no cerrado, o desmatamento na Amazônia, a questão do trabalho da mulher comparado com o homem, as horas dedicadas nas atividades domiciliares e essa diferença nas regiões e continentes. A questão do óleo que apareceu em 2019 no litoral brasileiro foi cobrada pedindo que fosse explicado o porque do óleo ter se espalhado”, pontuou. Ainda sim, a prova foi considerada no geral tradicional por tocar nos conceitos clássicos, segundo Fernando.    

Outro destaque, segundo Fernando, foi a prova de biologia que abordou não só a temática da Covid-19 e pandemia como a associação ao uso da cloroquina. A prova de biologia ainda trouxe temas tradicionais como poluição, sistema sanguíneo, célula vegetal e conceitos de citologia. “De uma maneira geral, foi uma prova dentro da expectativas, dentro do esperado, mas que em alguns momentos tangenciou a realidade dos estudantes”, completou.

Com relação a prova de português, o gerente afirma que os assuntos não fugiram do esperado. Temas como questões gramaticais, uso de pronome, interpretação de texto, fakes news e questões com uma incidência maior na escola literária do realismo, foram cobrados. Algumas questões foram abordadas como “dobradinhas”, questões que podem ser aplicadas em mais de uma área do conhecimento. “Teve uma questão que cobrou um trecho da música do pantera negra do Emicida relembrando a questão da Guerra Civil de Ruanda, fazendo uma ponte entre história e interpretação”, exemplificou Fernando.

A prova de história, apesar de abordar assuntos clássicos, trouxe reflexões importantes como a questão da noção de ditadura ter variado ao longo do tempo: “A questão explicava como a noção de ditadura variou ao longo do tempo, conversando com uma alternativa afirmando a ditadura brasileira militar em 64. Podemos considerar que as questões foram tradicionais e com características da Fuvest, cobrando o homem vitruviano, Guerra do Peloponeso e até um item sobre a segunda guerra ou a questão do cais do Valongo no Rio de Janeiro que foi considerado patrimônio”, comentou.

Já a prova de matemática, trouxe questões tradicionais como: progressão aritmética, polinômio, exercício de combinatória comparando a placas de carros dos modelos antigos e novos, sistemas numéricos, geometria plana, poliedros e problemas com equações de 2º grau. “A estrutura da prova foi bem tradicional, de formas que, quando aluno lia o enunciado, se tivesse o conhecimento, já saberia o que fazer”, disse.

Por fim, na prova de inglês, as temáticas dos textos chamavam bastante atenção e a gramática deu espaço para a interpretação que foi amplamente cobrada no exame. Temas como o uso de aplicativos para entrega de restaurantes e como essa ferramenta é benéfica, mas ao mesmo tempo pode prejudicar os estabelecimentos por causa das taxas, foram cobrados: “Esse texto envolveu três questões. Outra questão que foi no mesmo modelo abordava o descarte do lixo dentro dos esgotos. Materiais jogados pela população e que acabam entupindo os esgotos nas cidades, em especial, em Londres. Foram questões que cobraram pouca gramática e mais interpretação”, pontuou.  

“Atualizada e contextualizada a Fuvest deu o recado: A vacina salva vidas, cloroquina pode matar e em 64 ocorreu a ditadura militar no Brasil. Sem perder a essência de um vestibular tradicional, há uma cobrança de temas clássicos da educação básica, a prova da Fuvest se mantém conectada com a realidade dos estudantes. O tema Covid-19 apareceu em três questões, uma em geografia, ao comparar os problemas das doenças tropicais e os países de baixa renda. Uma outra, misturava bióloga e geografia, associou a imunização completa com a queda na mortalidade na cidade de São Paulo. E por fim em matemática, uma análise gráfica da circulação de pessoas em função das restrições de circulação no Rio de Janeiro lá no primeiro semestre de 2020”, finalizou Fernando.

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