Entenda como funcionam os bastidores de um motel

O setor moteleiro está se renovando e deixando os estigmas de lado para dar espaço a um criativos, luxuosos e acolhedores ambientes que movimentam mais de R$ 4 bilhões por ano no Brasil

por Elysa Assis qua, 03/08/2022 - 09:51
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens Carlos Melo, administrador, e Carla Guerra, especialista em desinfecção ambiental e auditora de processos Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Os motéis são estabelecimentos comuns de se encontrar nas cidades do Brasil, mas você já se perguntou como funciona a logística e estrutura desses empreendimentos? Segundos dados da Associação Brasileira de Motéis (ABMOTEIS), atualmente existem cerca de 5 mil motéis no país, que movimentam uma média de 4 bilhões de reais por ano.

A criação dos motéis começou nos anos 1920, nos Estados Unidos, com o objetivo de fornecer um local seguro e barato para motoristas que passavam na estrada e precisavam de um local para dormir. No Brasil, esses empreendimentos chegaram nos anos 1960 e se firmaram no país com um contexto de “sexo proibido” e encontros reservados.

Nessa matéria, o LeiaJá, irá transportar você para dentro de um dos motéis mais movimentados da cidade do Recife e apresentar a rotina de trabalho dos profissionais dessa empresa.

Primeiro atendimento é feito pelas recepcionistas (Foto: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Os primeiros profissionais que o cliente tem contato são com as recepcionistas. Todas as entradas, saídas e pedidos são feitos diretamente com as colaboradoras. Segundo Carla Guerra, especialista em desinfecção ambiental e auditora de processos, é fundamental que as funcionárias estejam preparadas para o melhor serviço.

“Para serem contratadas, elas [funcionárias] passam por um processo seletivo, que é dividido em dinâmica, psicólogo, psicotécnico e entrevistas. Após essa etapa, elas seguem para uma das unidades para o treinamento e com a adaptação realizamos a contratação”, explica Carla.  

Cozinha do motel Eros é comandada pelo chefe Fábio Henrique (Foto: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

De acordo com dados da Sismotel, software para o segmento moteleiro, cerca de 15% do faturamento desses estabelecimentos é da alimentação e o investimento na cozinha impacta diretamente na lucratividade do negócio.  

A cozinha do Eros, comanda pelo chefe Fábio Henrique, traz um cardápio variado e uma equipe preparada para entregar de forma ágil e segura os pedidos dos clientes.  

"Quando chegamos, estamos substituindo o colega que ficou no outro plantão. A gente lê o relatório do que aconteceu durante a nossa ausência na cozinha, porque trabalhamos [na escala] 12h/36h, então são três plantões que não estamos presentes. Após isso, vemos o que está faltando, vamos realizar a higienização das hortaliças e hortifruti, reposição de proteínas, e seguir com os pedidos dos clientes”, conta a auxiliar de cozinha, Jéssica Maria.

Após a saída do cliente as camareiras entram em ação (Foto: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Todos os pedidos realizados pelos clientes aparecem no sistema, onde é possível identificar qual foi a suíte, pratos pedidos e especificações, como o ponto da carne ou a retirada de algum ingrediente.  

Existem dois processos de limpeza das suítes, o primeiro é chamado de arrumação e pode levar de 30 a 60 minutos, dependendo do espaço físico. O segundo processo é chamado de terminal (faxina) e por se tratar de uma limpeza com mais complexidade tem uma média de duração de 60 minutos a duas horas.

“Com a pandemia, mudamos, e hoje costumo dizer que temos a mesma higienização de um hospital. Melhoramos nosso processo na lavanderia, nossa limpeza de suítes, inclusive usamos em nossas hidromassagens um aspirador específico para tirar a água que ainda podem ficar dentro delas”, explica Carlos Melo, administrador do motel Eros.  

Lavanderia é divida em lavar, secar e passar todo o jogo de cama, mesa e banho (foto: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Após a pandemia da Covid-19, houve mudanças necessárias para um trabalho e uma entrega de serviço mais seguro para o cliente e profissionais. 

Segundo o administrador, Carlos Melo, todas as unidades seguem uma linha constante de auditorias, na qual visam o aperfeiçoamento e melhorias do serviço de limpeza e atendimento.  

Nova Motelaria 

Atualmente, existe o novo conceito de motelaria, que teve início com a rede Drops, fundada pelo Vinicius Rovena, sócio e proprietário do Zeax Motéis. Segundo o novo ideal, o foco dos empresários é na qualidade de vida dos casais e aprimoramento no modelo operacional. 

Para a nova motelaria, o conceito antigo, de sexualização e erotização das relações, não funciona como antigamente. “Acredito que quem tiver voltado para a nova motelaria e suítes modernas, vai permanecer no mercado. Aqueles motéis que não tiverem essa preocupação e continuar com conceito antigo, como a promiscuidade e o extraconjugal, vão diminuir bastante de quantidade”, finaliza Carlos Melo.

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