Corretores de redação do Enem estão sem receber pagamentos
Denúncia partiu dos próprios dos próprios professores
Os profissionais responsáveis por corrigir as redações do Exame do Ensino Médio acusam a Fundação Getúlio Vargas (FGV) por falta de pagamento. Os professores relatam que o prazo dado à eles seria até março. Agora, em abril, ainda não há nenhuma resposta da FGV.
O LeiaJá teve acesso exclusivo ao depoimento de duas professoras, que preferem permanecer anônimas por causa do termo de sigilo e compromisso assinado pelos corretores com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Uma das fontes explica que tentou contato por telefone e não conseguiu nenhuma resposta. “É inadmissível receber como resposta que não há uma previsão. Empresa nenhuma aceitaria realizar o serviço do porte de um exame de avaliação de larga escala para receber pela execução do serviço depois de 100% finalizado. A Fundação deve prestar informações quanto à sua omissão, seja de informações, seja em relação à não realização do pagamento até a presente data”, declara.
A corretora defende que os professores devem ter seu pagamento digno e em dia. “Fazemos planos com esse dinheiro. Foram ligações para o MEC (Ministério da Educação), Inep, FGV que falam que começou a fazer o pagamento gradativamente. Isso é uma mentira absurda! Conheço corretores de quase todos os estados do Brasil que também conhecem outros, e ninguém recebeu nada”, afirma.
“Desde 2014 que eu corrijo redações e desde aquela época a gente recebe R$ 3,00 por redação corrigida. Cota de 100 redações por dia. Um curso para entrar cansativo, nós trabalhamos duro para dar o resultado na data prevista e eles nos desrespeitam quando não dá resposta sobre nosso dinheiro. O salário do professor não é um mar de rosas, por isso enfrentamos tudo isso para no final ser humilhada por tantos órgãos do governo”, desabafa.
A segunda informante também é professora e esteve presente no Enem 2023 como corretora. Em conversa com o LeiaJá, ela conta que também está sem seu salário. “Sim, é verídico. Os corretores não receberam ainda pela correção das redações do Enem. Trabalhamos no mês de dezembro e janeiro e ainda não recebemos nada”, ressalta.
A fonte ainda defende que esta não é a única reivindicação. Segundo a entrevistada, a classe reclama, também, do valor estabelecido por cada redação corrigida, que é de R$ 3,00 (três reais), um valor que está fixo a cerca de 10 anos e não compensa o trabalho feito pelos profissionais.
No instagram na FGV, vários comentários reclamam da falta de pagamento aos corretores. Alguns possuem resposta do próprio perfil da Fundação declarando que a “FGV Conhecimento, unidade responsável pela realização de concursos da FGV orienta que os contatos sejam feitos através do e-mail suporte.redacoes@fgv.br”.
A reportagem entrou em contato com a FGV, mas a entidade ainda não conseguiu localizar o responsável por falar sobre o assunto. "Até o momento, não conseguimos localizar o porta-voz responsável pela área, mas seguiremos tentando. Tendo novidades, voltaremos a fazer contato".