'Festival Recife do Teatro Nacional' divulga programação

Evento pretende movimentar a cidade com panorama da produção teatral do país

por Priscila Urpia qui, 14/11/2013 - 13:35

A Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, divulgou em coletiva realizada na manhã desta quinta (14) a programação do 16º Festival Recife do Teatro Nacional. O evento acontece entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro nos teatros recifenses e traz um panorama da produção do país. A edição homenageia os 124 anos de nascimento do teatrólogo pernambucano Samuel Campelo, fundador do grupo Gente Nossa.

O público vai poder conferir durante dez dias 18 espetáculos de sete Estados do país que vão passar pelos palcos da cidade, incluindo Pernambuco. "Misturar os fazeres e os pensares nas várias linguagens do teatro do Brasil é maravilhoso", contou Lêda Alves, secretária de Cultura do Recife. "Sou uma pessoa do teatro. Toda a minha formação devo a Hermilo e me comprometi com ele de dar uma atenção especial ao teatro", complementou a gestora.

A programação conta com ingressos populares (R$ 10 inteira e R$ 5 meia) para o acesso às peças. Da mesma forma que movimenta os teatros do Recife, o festival ocupa espaços da periferia, com apresentações de rua gratuitas nos bairros da Bomba do Hemetério e do Coque/Joana Bezerra, além do Sítio Trindade, em Casa Amarela. "Acredito que a gente vai caminhar em um festival de grande sucesso", declara o gerente geral de ações culturais da Fundação de Cultura, Gustavo Catalano.

O festival teve 150 projetos inscritos e destes, contemplou 36. Sobre a edição de 2013, Carlos Carvalho, que participa da coordenação do projeto, contou sobre a objetivo desta edição do evento: "Procuramos fazer um balanço do que foi feito e o que poderíamos fazer para o futuro. Com o edital, foi possível todos os participantes se oferecerem a Pernambuco. Eles é que são os curadores do festival", revela Carlos.

A montagem Os Gigantes da Montanha, da companhia Galpão, abre o festival, em apresentação gratuita no Sítio Trindade, na sexta (22), às 20h. Após dois espetáculos com textos de Tchékhov, o coletivo mineiro se propõe a uma nova ousadia: levar para a rua o verso erudito do italiano Pirandello. O texto foi uma escolha do diretor Gabriel Villela para celebrar o reencontro com o Galpão.

A cena teatral de Minas Gerais vem representada com outras duas companhias. A Cia Pierrot Lunar, que alia o gosto por textos literários às encenações de rua, traz Acontecimento em Vila Feliz, uma adaptação de conto do escritor e intelectual mineiro Aníbal Machado. A Cortejo Cia de Teatro, com tom mais político, apresenta Uma História Oficial, uma reflexão sobre o autoritarismo latino-americano, inspirado pela prosa de García Márquez e de Vargas Llosa, e pelas premissas de Eduardo Galeano.

O festival recebe dois espetáculos de São Paulo que fazem pontes com o imaginário pernambucano. Homens e Caranguejos, adaptação do romance de Josué de Castro, é uma montagem da atriz e dramaturga pernambucana Luciana Lyra, em parceria com o Coletivo Cênico Joanas Incendeiam, que se inspiram na visão do autor sobre a fome e a miséria para dialogar com comunidades de São Paulo (Boqueirão) e do Recife (Ilha de Deus). De Taboão da Serra, na periferia paulistana, o Grupo Clariô ergue uma favela cenográfica para Hospital da Gente, espetáculo baseado em contos do pernambucano Marcelino Freire.

A produção pernambucana ocupa 50% da grade do festival com nove atrações.  Antonio Cadengue assina dois espetáculos: Vestígios, a partir de um texto de Aimar Labaki, sobre a tortura, e As Confrarias, escrita por Jorge Andrade (1922-1984). O universo de Nelson Rodrigues, por sua vez, se faz presente com o clássico Beijo no Asfalto, em versão do diretor Claudio Lira, que acrescenta à trama detalhes contemporâneos como as redes sociais e o jornalismo policial pernambucano.

Para o público infanto-juvenil o festival traz os espetáculos Coisas do Mar, do grupo teatral Ariano Suassuna, e De Íris ao Arco-Íris, resultado da ação coletiva de um grupo de jovens criadores do curso de artes cênicas da UFPE que tem como público-alvo crianças surdas. O Menino da Gaiola e o grupo de palhaças As Levianinhas que apresenta pocket show com repertório de canções infantis, integra a programação para a criançada.

Oficinas

A programação de oficinas e palestras do Festival Recife do Teatro Nacional ocupa teatros e espaços culturais da cidade entre os dias 25 e 29 de novembro. o ex-ator da Cia Latão, Márcio Marciano, ministra a oficina Exercícios para uma Cena Dialética, voltado para atores.

Lindolfo Amaral, ator e dramaturgo do grupo Imbuaça, de Sergipe, estará à frente da Oficina de Teatro de Rua. São disponibilizadas 20 vagas para cada oficina. Para se inscrever, os interessados devem enviar carta de intenção e breve currículo para o email 16frtn.formacao@gmail.com." Teatro é a verdadeira expressão do ser humano. Queremos estimular a vocação para as pessoas", declarou Lêda Alves.

Confira a programação do 16º Festival Recife do Teatro Nacional aqui.

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