O retrato da escravidão nua e crua
Com nove indicações ao Oscar 2014, ’12 anos de escravidão’ estreia nesta sexta (21)
O diretor Steve McQueen trouxe para o cinema uma história norte-americana sem o patriotismo típico da nação. 12 anos de escravidão retrata um período que paradoxalmente deveria ser esquecido, mas, ao mesmo tempo lembrado, para que a situação pela qual Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) e tantos outros passaram não volte a acontecer.
Em um Estados Unidos pré-Guerra Civil, Solomon é livre e vive com sua mulher e seus dois filhos no norte do país. Até que ele cai num golpe e é vendido como escravo para fazendeiros do sul do país. Essa triste história real dura 12 anos, com chicotadas cruas e sem piedade.
O filme começa confuso. A montagem não favorece o início da trama, que chega a confundir o espectador. Por sorte, isso não ocorre durante todo o longa. Intelectual, Solomon precisa esconder seus conhecimentos para sobreviver. Assim como nos dias de hoje, para os detentores do poder, pensar e questionar podem ser uma ameaça para quem tem o controle da sociedade. Os piores anos da vida de Solomon certamente são na fazenda de Edwin Epps (Michael Fassbender), um senhor de escravos que tem prazer em castigar.
No meio da história de Solomon, surge Patsey (Lupita Nyong’o), uma escrava que, frequentemente, é abusada por Edwin Epps. Uma das cenas mais fortes e angustiantes é protagonizada por Lupita, cuja atuação de poucos minutos já é o suficiente para entregá-la o Oscar de melhor atriz coadjuvante. A cena, assim como o filme, é triste e chocante. Talvez esse seja o propósito de McQueen: mostrar a outra parte da história americana sem cortes e sem medo. O ator Brad Pitt faz uma pequena participação no longa como um abolicionista, mas seu grande trabalho foi atrás das câmeras produzindo o filme.
12 anos de escravidão concorre ao Oscar em 9 categorias, entre elas a de Melhor Filme. O longa é um dos mais cotados para levar a principal estatueta da premiação, além de ter recebido o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama e o BAFTA de Melhor Filme. A estreia no Brasil é nesta sexta-feira (21).