Protesto cultural comemora Festa da Lavadeira no Recife
Intitulado de "Vamos Passear", evento contou com manifestação de vários Maracatus
Na tarde desta quinta-feira (1°), algumas vias do Centro do Recife foram tomadas por um cortejo-protesto que fazia uma alusão à Festa da Lavadeira, considerada Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco e acontece anualmente, mas que teve sua edição de 2014 cancelada por falta de investimento público.
Intitulada de Vamos Passear, a manifestação comemorativa foi realizada em três pontos da capital Pernambucana: Pátio do Carmo, Praça da Independência, e na Rua do Sol. O movimento, contou com a estrutura de três mini trios elétricos e um palco fixo. "Tudo é uma grande brincadeira, mas com caráter de protesto. Hoje, vamos receber grupos de vários estados", disse Eduardo de Melo, coordenador do evento.
A professora de psicologia Carmen Freyre, que acompanhou todas as apresentações com as filhas, falou indignada: “os poderes públicos estão surdos, simplesmente esqueceram-se da cultura popular e das manifestações”, contou a psicóloga, que ainda relatou a importância do evento, “Aqui podemos observar várias frequências culturais e isso é que bonito”, falou emocionada.
Um dos organizadores do evento, Wilson Maraca, almeja apenas o direto de realizar a manifestação popular, que antes de tudo tem um caráter religioso. “Esse movimento vai além da festa, ela na verdade é um ato religioso”, explicou. “Antigamente, na Praia do Paiva, a festa reunia 120 mil participantes. Agora, o que queremos é que pelo menos o poder público nos trate com respeito e não como ‘um quarto de empregada’”, desabafou, Maraca.
Ao som dos tambores, vários grupos de Maracatu se encontraram e festejavam. O Maracatu Rural e o de Baque Solto apresentaram as cores e a entonação da resistência de uma festa esquecida. Um dos líderes da Rede Afro LGBT de Pernambuco, Carlos Tomaz, lamenta a dispersão e fragilidade da festa. “Observamos um movimento de resistência, que se resume a isto: poucos grupos e a luta para manter viva a cultura popular”.
Durante o ato, faixas foram erguidas representando a insatisfação com o poder público. Segundo a organização, o ato que iniciou com duas horas de atraso, tem previsão para encerrar às 20h.