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Entre os dias 09 e 11 de agosto, escolas da Rede Estadual de Ensino das quatro macrorregiões do estado (Metropolitana, Mata, Agreste e Sertão), receberão uma visita muito especial. Trata-se do projeto “O Voo da Águia: do Terreiro à Escola", uma aula-espetáculo que tem em seu objetivo a promoção de um contato direto com uma das riquezas da diversidade cultural de Pernambuco, o maracatu de baque solto.

A ação, idealizada pelo Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata, celebra os 32 anos de existência do grupo. Na aula-espetáculo, são explanados os elementos que compõem a manifestação cultural, a exemplo dos principais personagens, trajes, manobra e musicalidade, além da interação com o público. Trata-se de uma verdadeira salvaguarda dessa manifestação cultural, que conta com cerca de 120 integrantes.

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Em cada uma das cidades visitadas o projeto irá promover, ainda, um intercâmbio artístico com a participação de um grupo da cultura popular da região. Nesta circulação, a interação vai acontecer com o Coco Canavial, em Nazaré da Mata; o Caboclinho Tapuias Camarás, em Camaragibe; o Boi Surubim, em Surubim; e, o Maracatu Raízes do Sertão, em Arcoverde.

O projeto O Voo da Águia: do Terreiro à Escola acontece por meio de incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. Tem a concepção, elaboração e produção geral do professor e produtor cultural Clébio Marques, CEO da Usina Produções.

Sobre o Maracatu de Baque Solto

Dentre as tantas manifestações tradicionais que dão brilho e luz ao Carnaval, sem dúvida, é uma das mais impressionantes e encantadoras. Essa expressão popular que tem como personagem central o Caboclo de Lança e envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas, está associada ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco.

O aspecto sagrado/religioso/ritualístico perpassa o folguedo durante todo o ano, em que se dão os ensaios ou sambadas, além das apresentações no período carnavalesco, caracterizando-o, fundamentalmente, como possuidor do "segredo do brinquedo". Nas apresentações, o mestre de cada maracatu entoa loas em marchas, sambas e galopes acompanhados do Terno (conjunto de músicos), enquanto no terreiro do maracatu os caboclos de lança, baianas e arreiamás se exibem fazendo suas manobras.

Fundado em 03 de março de 1991, o Maracatu Águia Misteriosa mantém o trabalho social, o registro e a preservação das expressões culturais e do patrimônio imaterial, do carnaval pernambucano e da Cultura Popular em toda a sua plenitude.

Solidariedade

Em seu último dia de realização, uma apresentação especial será promovida no Campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco (UPE). Neste, serão arrecadados donativos para a Casa Irmã Guerra, uma Instituição de Longa Permanência para Idosos/ILPI localizada em Nazaré da Mata, que há 92 anos acolhe pessoas idosas em situação de vulnerabilidade social e atualmente atende cerca de 80 idosos.

PROGRAMAÇÃO

Escola Dom Ricardo Vilela / Nazaré da Mata (Mata)

Intercâmbio: Coco Canavial

Quarta, 09 de agosto de 2023 -10h

 

EREFEM Francisco de Paula Correia de Araújo / Camaragibe (Metropolitana)

Intercâmbio: Caboclinho Tapuias Camarás

Quarta, 09 de agosto de 2023 -16h

 

EREF Maria Cecília Barbosa Leal / Surubim (Agreste)

Intercâmbio: Boi Surubim

Quinta, 10 de agosto de 2023 -10h

 

EREM de Arcoverde / Arcoverde (Sertão)

Intercâmbio: Maracatu Raízes do Sertão

Sexta, 11 de agosto de 2023 -10h

 

UPE – Campus Mata Norte – Nazaré da Mata

Sexta-feira – 11 de agosto.2023 – 19h
Apresentação Especial

 

*Via assessoria de imprensa. 

O artista pernambucano Antonio Marinho, foi nomeado diretor de Cultura Popular do Ministério da Cultura (MinC). A confirmação foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (1º), a convite da atual Ministra da Cultura, Margareth Menezes.

O poeta e músico vai assumir a diretoria responsável por fomentar manifestações culturais tradicionais e populares. Natural do município de São José do Egito, no sertão do Pajeú, interior de Pernambuco, Marinho já faz parte da cena cultural do estado há anos, com participações em grandes eventos como o carnaval do Recife e Olinda, e o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG).

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Após o convite feito pela ministra, Marinho declarou que a nomeação não é um troféu, mas sim um serviço nobre. “Me alegra muito e me deixa muito feliz com a confiança da ministra e com a confiança do presidente Lula", declarou.

Todo domingo, a cultura, a memória, as tradições e os sabores do Recife têm encontro marcado com o público, num dos mais emblemáticos entornos da cidade, que conta muito do Recife de ontem e de hoje. No próximo dia 11, quatro agremiações desfilam no Pátio de São Pedro, a partir das 13h30. A programação é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

Desde o último mês de agosto, os domingos culturais no Pátio tornaram-se agenda fixa na cidade de tantas programações, abrindo alas para atrações contempladas no Plano Recife AMA Carnaval.Neste domingo, irão se apresentar: a Orquestra Majestade o Frevo, o Grupo de Dança e Passistas Pequenas Estrelas, o Afoxé Omô Obá Dê e o Urso Cangaçá de Água Fria.

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A iniciativa faz parte de uma série de ações e programações, previstas para os próximos meses, que integram o projeto Cultura que Toca no Pátio, convidando recifenses e visitantes de volta ao local. 

Nova exposição 

Além das tradições defendidas por brinquedos e brincantes, a programação cultural do Pátio celebra a memória. Todos os domingos, abrem as portas, das 13h às 16h, os espaços culturais mantidos pela Prefeitura do Recife: a Casa do Carnaval e os memoriais Luiz Gonzaga e Chico Science, além do Centro de Design do Recife, que acaba de abrir ao público a exposição “Recife, vou caminhar”.

Tendo como ponto de partida intervenções manuais e digitais em fotografias de paisagens bastante representativas da capital pernambucana, a mostra conta com 13 obras, assinadas pela artista Li Mendes, tendo como inspiração as músicas da cantora Isaar. A visitação é gratuita.

*Via assessoria de imprensa. 

 

O grupo olindense Coco da Liberdade promete  botar o público para dançar ao som do tradicional coco de roda olindense  no São João do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Municipal do Recife (SIMPERE). A festa acontece no dia 08 de julho, às 20h, no Clube Português, e contará ainda com nomes como Irah Caldeira e Nordestinos do Forró. 

Criado na cidade de Olinda, no ano de 2018, o Coco da Liberdade trabalha pela difusão e manutenção da tradição dos mestres coquistas de sua terra. A proposta do grupo é aliar uma estética moderna à diversidade rítmica da cultura popular brasileira através de canções autorais que prezam pela salvaguarda dessa cultura. 

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O Coco da Liberdade já passou por palcos e eventos importantes do circuito cultural pernambucano como o Festival Batucando com Consciência, o Som na Rural, Armazém do Campo, e a Festa de Santo Antônio da Período Fértil, entre outros. Para o São João do Simpere, o grupo promete um repertório vibrante na pisada da tradição olindense. 

Serviço

Coco da Liberdade no São João do SIMPERE

08 de julho - 20h

Clube Português - Av. Conselheiro Rosa e Silva, 172 - Graças, Recife

Entrada do professor(a) e a sua família com apresentação do contracheque ou carteirinha do SIMPERE

Apresentação do comprovante de vacina com esquema completo para a Covid-19


 

Para estimular a salvaguarda das tradições da cultura recifense, a partir do reconhecimento de seus mais devotados, representativos e antigos guardiões, o prefeito do Recife,  João Campos, anunciou a abertura do primeiro processo de seleção para Registro de Patrimônio Vivo, que colocará em prática a Lei Municipal nº 18.827, proposta pelo poder público municipal, no último mês de junho, e sancionada em setembro. As inscrições podem ser feitas, a partir do próximo dia 31 de janeiro, pelo site www.culturarecife.com.br. Essa é uma iniciativa promovida pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.  

“A gente acabou de assinar o decreto que regulamenta o Patrimônio Vivo do Recife. Desde o ano passado, a gente tem um compromisso muito forte com a valorização da cultura. O primeiro passo foi mandar o Projeto de Lei, que em seguida virou uma Lei Municipal que institui o Patrimônio Vivo. Agora, através desse decreto, a gente consegue regulamentar e colocar em funcionamento esse importante instrumento, sobretudo para a cultura popular, que é uma marca recifense, e que a gente tem mais do que obrigação de fazer esse reconhecimento”, anunciou o prefeito João Campos.

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“O Recife é uma cidade que tem várias grandiosidades, vários patrimônios, mas sobretudo na cultura, que é nossa raiz, nossa sustentação, a gente tem o dever e a obrigação de fazer esse reconhecimento a cada dia. Então, através desse instrumento, a gente vai ter a oportunidade de poder eternizar os nossos patrimônios para que toda a cidade conheça e que as próximas gerações tenham sempre como referência nas suas vidas”, acrescentou o gestor municipal.

Em cumprimento ao disposto na Lei, serão registrados, no máximo, quatro Patrimônios Vivos, entre indivíduos e grupos, que terão direito a bolsas de incentivo mensais, nos valores de R$ 1.650 e R$ 2.200, respectivamente, em caráter vitalício. Os direitos atribuídos aos inscritos no RPV-Recife serão inalienáveis e impenhoráveis, não sendo admitidas as possibilidades de cessão ou transmissão.

Poderão se candidatar a Patrimônios Vivos do Município do Recife pessoas naturais ou grupos de pessoas, com personalidade jurídica constituída ou não, que manifestem as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - com os instrumentos que lhes são associados - que têm como fontes a sabedoria, a memória e o imaginário local, transmitidas de geração em geração e com identidade cultural nas comunidades. Tais atividades culturais podem se manifestar nos costumes tradicionais, na música, na poesia, no teatro, na dança, nas festas que representam diversos ciclos, nas procissões e romarias, nos cultos e rituais dos povos indígenas e da cultura afro-brasileira praticados em território municipal, nos idiomas e dialetos, culinária, dentre muitas outras formas decorrentes da diversidade cultural recifense.

Para concorrer ao registro de pessoa natural, é preciso ser brasileiro nato ou naturalizado, residente no Recife há cinco anos ou mais e ter comprovada participação em atividades culturais há 20 anos ou mais na cidade do Recife, além de estar capacitado a transmitir o conhecimento ou a técnica para alunos ou aprendizes. Aos grupos, é exigido estarem sediados e constituídos na cidade do Recife, com comprovada participação em atividades culturais, há pelo menos 20 anos, além de também estarem capacitados a transmitir saberes e fazeres culturais.

Todos os candidatos, pessoas ou grupos, devem ser indicados por uma entidade proponente entre as seguintes, estabelecidas pela Lei: Secretaria de Cultura do Recife, Conselho Municipal de Política Cultural, Câmara Municipal do Recife e/ou associações civis de natureza cultural, com sede na capital pernambucana, constituídas há pelo menos cinco anos.

Além da indicação, entre as documentações exigidas, estarão: comprovação de nacionalidade e residência, currículo profissional, texto ou vídeo de apresentação, além de comprovações de atuação cultural, como matérias jornalísticas, citações em obras científicas ou memorialistas, cartazes e produções audiovisuais, entre outros documentos. As inscrições encerram no próximo dia 14 de fevereiro.

“É muito importante esse momento em que a gente efetiva uma decisão, uma ação do poder público municipal, olhando para a cultura popular, para troca de saberes, o reconhecimento das nossas tradições, mestres, mestras, agremiações, que fazem e perpetuam a nossa cultura no dia a dia e vão ter esse reconhecimento de forma vitalícia. Estamos com processos e ações acontecendo que se juntam pensando uma ação de política de cultura para a cidade, pensando em uma agenda e reconstrução cultural que a cidade precisa e o setor da cultura precisa muito que comece a acontecer”, destacou o secretário de cultura do Recife, Ricardo Mello.

Avaliação

A avaliação das candidaturas, realizada com a participação do Conselho Municipal de Política Cultural, será em quatro etapas. As primeiras serão as análises documental e qualitativa das propostas submetidas, a partir de critérios como: relevância da atuação e tempo de trabalho ou existência, com priorização dos mais idosos ou antigos, levando-se em conta ainda a situação financeira dos proponentes.

A partir desses levantamentos, uma Comissão Especial de Análise selecionará os candidatos aptos a alcançar a terceira fase, em que os habilitados serão submetidos a audiências públicas para defesa de suas candidaturas. A quarta e última etapa de avaliação será realizada pelo Conselho Municipal de Política Cultural, em uma ou mais reuniões, para definir a escolha dos novos Patrimônios Vivos do Recife. O resultado deverá ser anunciado no próximo mês de abril.

Sobre a lei

Resultado de amplo debate, o Registro de Patrimônio Vivo Municipal representa a materialização de uma política pública de cultura que prioriza a promoção, a difusão e o fomento dos bens intangíveis do Recife, com objetivos claros de salvaguardar, redimensionar espaços de ação e dar continuidade histórica de relevância para a memória cultural e artística da cidade. Concebido pela Secretaria de Cultura, o projeto foi encaminhado para a Câmara de Vereadores do Recife no último mês de junho. Após aprovação, a Lei foi sancionada no dia 9 de setembro.

*Via Assessoria de Imprensa

 

Uma das guardiãs da cultura do coco de roda de Pernambuco ‘se encantou’. Mestra Aurinha do Coco faleceu, na madrugada desta quinta (27), em virtude de uma parada cardiorrespiratória, no Rio de Janeiro, onde estava morando com a filha, o genro e neto. Agora, os familiares pedem ajuda financeira aos fãs e amigos para providenciar o sepultamento da griô.

A morte da mestra foi informada através de suas redes sociais. Horas antes, uma outra postagem atualizou o seu estado de saúde. “Há 13 dias, nossa Mestra foi levada mais uma vez pelo SAMU para a UPA, com dor e não conseguindo se alimentar em casa, visto que precisava de uma sonda. Após 13 dias de internação, hoje nossa Mestra teve uma piora em seu quadro e foi levada para a sala vermelha, onde encontra-se entubada”. Também pelo Instagram, a filha da mestra, a cantora e percussionista Negadeza, lamentou a partida da mãe: “Seu grito silencioso. Meu Deus, que dor”. 

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Em quase 40 anos de carreira, Mestra Aurinha fez parcerias com nomes relevantes da música pernambucana, como Alceu Valença e Naná Vasconcelos; passou por grandes palcos, como o do Festival de Inverno de Garanhuns; e registrou parte de sua obra no álbum ‘Seu Grito’, disponível nas principais plataformas digitais. A coquista também fez história ao lado de Dona Selma do Coco, outra grande mestra desta tradição, com quem cantou por uma década até dar início à sua caminhada solo, nos anos 1990. 

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O extenso currículo, e os vários anos de trabalho prestados à manutenção e disseminação da cultura pernambucana, no entanto, não parecem suficientes para que a mestra tenha garantido um conforto mínimo em sua velhice. Com a saúde debilitada, e as limitações impostas pela pandemia, a coquista já não tinha condições de se apresentar, sendo assim, sem qualquer tipo de renda mensal, ela vinha dependendo da ajuda dos amigos, apoiadores e familiares para arcar com suas necessidades como exames, itens de higiene, consultas médicas, alimentação adequada e moradia.

Uma campanha permanente de financiamento coletivo foi criada para levantar fundos para o custeio das necessidades da mestra. Na descrição da vaquinha virtual, o texto denuncia o abandono e descaso com os quais ela e tantos outros mestres da cultura popular pernambucana costumam ser tratados. “E quando os mestres envelhecem/adoecem? Quem os auxilia?”, questionam os cridores da campanha. 

Sepultamento

Diante das dificuldades enfrentadas nos últimos tempos, a família de Aurinha do Coco precisa de ajuda, também, para dar um adeus digno à mestra. Através de seu perfil oficial no Instagram, eles pedem auxílio para custear as despesas do enterro da artista. “Nesse momento, além de tudo, precisamos entender como custear o sepultamento da mestra, visto que no momento a família não tem essa estrutura financeira”. Aqueles que quiserem contribuir podem fazê-lo através do PIX 21988621571, da produtora da griô, Dora Motta. 

O ano de 2021 deixará marcas profundas naqueles que amam o Carnaval. A não realização da festa, em virtude da pandemia do coronavírus, deixou triste os foliões que aguardam vários meses para curtir a folia e causou impactos severos naqueles que dependem do ciclo carnavalesco para sobreviver. Para os profissionais que se dedicam à manutenção de agremiações da cultura popular, a falta do Carnaval provocou muito mais que apenas lágrimas, causando baixas financeiras em seus cofres e, também, comprometendo a continuidade de saberes e tradições muitas vezes seculares. Com a possibilidade da repetição desse quadro em 2022, algumas agremiações pernambucanas temem o risco de fecharem em definitivo as portas e não voltarem mais às ruas. 

No mundo do samba, poucas são as escolas promovendo ensaios regulares para esquentarem suas baterias e desfilantes. Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes, presidente da Liga Nordeste das Escolas de Samba e da Escola Pérola do Samba, além de vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), revelou que muitas agremiações do segmento  preferiram aguardar pela definição do Governo do Estado de Pernambuco quanto à realização do Carnaval em 2022 antes de promoverem qualquer atividade.

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A espera apertou o cronograma para as escolas, que necessitam de bastante tempo, mão de obra e recursos financeiros para produzirem um desfile. Somando isso ao prejuízo acumulado durante o ano de 2021, a viabilidade de um espetáculo totalmente novo para 2022 fica cada vez menor. “Não há tempo de se fazer fantasias e carros alegóricos até fevereiro. Na minha opinião, como cidadão, acredito que não vai ter Carnaval oficial. Carnaval vai ter porque o povo faz de qualquer jeito, mas bancado pelo poder público acredito que não terá”. 

Nunes conta, também, que muitas escolas da Região Metropolitana do Recife estão com as contas apertadas, sofrendo corte de energia por falta de pagamento e até correndo o risco de fecharem de fato. Para tentar reverter o quadro, a Federação propôs à Prefeitura do Recife que, em caso de realização do Carnaval, fossem realizados desfiles simbólicos, com número reduzido de componentes e sem a disputa do tradicional concurso de Carnaval para que todas pudessem garantir suas subvenções e terem os valores dos prêmios divididos de forma igual. “Se não fizermos isso, vai ser mais um ano sem ganhar novamente. Sofremos um forte impacto e para se recuperar, para o concurso, as escolas vão precisar de muito mais que um ano”.

As escolas de samba pernambucanas estão aguardando a definição do Governo do Estado quanto à uma possível realização do Carnaval em 2022. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Já para os afoxés o ritmo de retomada tem sido um pouco diferente. Segundo Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) e do Afoxé Alafin Oyó, todas as agremiações já estão desenvolvendo atividades, sobretudo as religiosas. A expectativa é de que haja alguma “celebração” do Carnaval 2022, ainda que seja de forma reduzida, em clubes ou espaços fechados, ou até mesmo de maneira híbrida ou remota. 

Fabiano lamenta que, após um ano sem Carnaval e sem a renda que ele proporciona às agremiações, “as pessoas estão quebradas,  tentando literalmente sobreviver” e afirma que o auxílio emergencial ofertado pela Prefeitura do Recife e ainda a  Lei Aldir Blanc, no último ciclo, não foram suficientes para suprir as demandas de todos. “O auxílio do Carnaval 2021 foi a maior balela. As pessoas se iludiram com essa  possibilidade, mas não conseguiu atender a cadeia produtiva geral. Como foi dividido por porcentagem, tiveram entidades que ganharam o que se tinha almejado, mas que também não serve pra nada, se você pensar em toda a cadeia produtiva, cantores, dançarinos, costureiras, você não consegue fazer a distribuição. Houve entidades que receberam R$ 980. Nas linhas miúdas do auxilio, não só os afoxés mas maracatu e outras entidades se prejudicaram muito”.

Para o presidente da UAPE, um segundo ano consecutivo sem a realização do Carnaval representa o risco de fragilizar ainda mais essas agremiações, muitas delas correndo o risco de encerrarem suas atividades em definitivo. Fabiano acredita que o momento servirá para  consolidar uma já existente “relação inferiorizada” da cultura popular com o poder público e que muitas entidades do segmento acabarão caindo novamente “na indução do erro de aceitar qualquer coisa” como remuneração, ou auxílio.

“A gente vive uma disputa de classe a qual nós permanecemos ainda nesse lugar do prestador de serviço, de mão de obra barata, inclusive fazendo a releitura da própria escravidão. A escravidão tinha essa mão de obra em valor tranquilo para estabelecer lucro, é o que temos hoje. A cultura popular é essa mão de obra que permanece na mesma relação trazendo lucro para o estado. A gente recebe muito menos do que deveria ou o velho pão para se alimentar e estar mantendo esse ciclo vicioso de que os coronéis ganham, é a escravidão paga”, disse o presidente da Uape. 

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Outra organização que cuida de um dos maiores símbolos da cultura tradicional pernambucana, o maracatu de baque virado, também teme passar mais um ano sem atividades. Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e da Nação Aurora Africana, diz que no meio, todos estão bastante preocupados com o surgimento da nova variante do coronavírus, a ômicron; e com a possibilidade de passar mais um ano sem ir às ruas, “poucos maracatus estão realizando algum tipo de atividade”. 

No lugar do sonho com mais um ano de brilho e muito batuque, a realidade das nações é a perspectiva de mais um período amargando prejuízo. “Já estão acontecendo diversos eventos como se estivesse tudo normalizado mas as agremiações ainda estão sofrendo com a  pandemia porque elas vão ser as últimas a terem alguma coisa, enquanto os eventos estão acontecendo a todo vapor, as agremiações estão ainda a ver navios sem perspectiva de nada”. 

Sotero também criticou a aplicação da Lei Aldir Blanc para os fazedores de cultura popular. Para ele, o auxílio foi mesmo “um balde de água fria” com poucos contemplados, ao passo que "artistas grandes, já consagrados” acabaram levando uma fatia maior do bolo. “As agremiações ficaram ao relento, ou com apenas alguma migalha”. No último mês de outubro, a Amanpe chegou a promover um protesto em frente à Prefeitura do Recife exigindo melhorias nas subvenções pagas às nações e outras medidas que dariam maior suporte a elas, no entanto, até o momento não houve, segundo o presidente, nenhuma definição quanto às pautas apresentadas. 

Para Fábio, passar mais um ano sem colocar os batuques nas ruas causará impactos quase irreparáveis. Com as nações ‘no vermelho’ e muitos maracatuzeiros que tiveram que parar sua dedicação ao ‘brinquedo’ para conseguirem gerar renda através de outros ofícios, as consequências e prejuízos precisarão de muito tempo e apoio para serem revertidas. Algumas, talvez, não conseguirão ser solucionadas.

“Algumas manifestações vão deixar de existir porque tem gente que não vai dar continuidade. Se o próximo Carnaval for no mesmo formato deste de 2021, no qual a prefeitura inventou um auxílio emergencial para calar a boca que foi uma vergonha, uma migalha, então mais uma vez a gente vai ter perdas de extrema importância, uma perda irreparável. Não foi fácil, não está sendo fácil e vai ser pior ainda caso isso se repetir. A gente vai tentar negociar uma possível apresentação virtual ou alguma coisa nesse sentido que não seja apenas aquele auxílio emergencial vergonhoso”, finalizou o presidente da Amanpe. 

As nações de maracatu também estão em situação de fragilidade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Auxílio do poder público

O LeiaJá procurou as prefeituras do Recife e de Olinda para questionar sobre as tratativas para um possível Carnaval em 2022. Através de sua assessoria de imprensa, a gestão recifense afirmou estar discutindo o assunto com a ajuda de um comitê formado por cidades que realizam grandes carnavais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e que a decisão levará em conta as orientações das autoridades sanitárias.

Sobre as subvenções pagas às agremiações, eventuais auxílios financeiros aos grupos da cultura popular e artistas, ou outras estratégias de apoio a esses profissionais, a Prefeitura do Recife não emitiu resposta. “As tratativas sobre o Carnaval 2022, neste momento, no Recife, são conduzidas pela comissão formada em setembro, da qual faz parte a Secretaria de Saúde, realizando o monitoramento permanente do quadro sanitário e das recomendações”, diz a nota. 

A gestão de Olinda também afirmou, através de sua assessoria, estar trabalhando “com três hipóteses: não realização; que a festa aconteça com controle de acesso; realização do Carnaval em um cenário epidemiológico de 90% da população brasileira totalmente imunizada”. Além disso, colocou que a decisão será tomada “conjuntamente com outros municípios”. A respeito de possíveis auxílios financeiros à artistas e agremiações também não houve resposta. 

Na última quarta (1º), o secretário de saúde do estado de Pernambuco, André Logo, estipulou um prazo para a definição sobre a realização do Carnaval do próximo ano em terras pernambucanas. Durante reunião da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o secretário afirmou que até o dia 15 de janeiro de 2022 a pauta será decidida.

 

Para que o Recife possa celebrar o Ciclo Natalino 2021, com protocolos sanitários assegurados e esperança redobrada, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, abriu inscrições para a convocatória de habilitação de atrações artísticas; Destinadas a pastoris, grupos, folguedos e agremiações das tradições ligadas ao ciclo, como ciranda, pastoril, reisado, boi de Natal, além de bandinhas natalinas de cortejo e grupos de passistas, as inscrições são virtuais e devem ser feitas, até o próximo dia 5 de novembro, pelo site www.culturarecife.com.br.

O Núcleo de Cultura Cidadã, localizado no Pátio de São Pedro, Casa 39, oferecerá atendimento presencial para orientações e esclarecimentos sobre a convocatória. Também estará disponível aos proponentes, durante todo o período de inscrições, atendimento telefônico nos números: (81) 3224-3674 e (81) 3224-3660, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. O resultado será divulgado no dia 25 de novembro.

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A Prefeitura do Recife ressalta que a programação, a ser definida, para celebrar o Natal nas ruas e nos palcos da cidade, será formatada em função das determinações sanitárias vigentes.

“Mais do que nunca, queremos e precisamos esperançar, entrar em um movimento de acreditar e fazer, ao mesmo tempo, não apenas esperar, muito menos ficarmos imobilizados diante dos desafios. Ao contrário, eles nos pedem mobilização. Daí pode vir a superação, num momento em que desejamos tanto poder celebrar a vida, sem deixar de proteger e cuidar. O Ciclo Natalino representa tudo isso. Fazer o possível, seguir o necessário, sem abrir mão da homenagem às nossas tradições, reacendendo mais fortemente a esperança em dias cada vez melhores. Que ela renasça nos corações de cada um, pelas mãos de todos. Que seja assim o Natal no Recife”, declarou o secretário de Cultura, Ricardo Mello.

“Comemorar o Natal é um rito da tradição do povo do Recife. A festa do encontro e da natividade merece este ano um olhar especial, afinal vivemos na era dos sonhos possíveis e da delicadeza do cuidado com o outro. Desejamos os encontros, mas antes precisamos operar em favor da vida. Para a Prefeitura do Recife, comemorar o Natal é promover a saúde”, afirmou o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, José Manoel Sobrinho.

Programação formativa 

 Abrindo alas para o Ciclo Natalino 2021, começam nesta sexta-feira (29) as oficinas de preparação e sensibilização cultural para brincantes e público em geral, com todos os protocolos sanitários assegurados e controle de público. Até o próximo dia 5 de dezembro, serão oferecidas três oficinas gratuitas, cada uma com seis dias de duração e capacidade para atender até 20 pessoas. As aulas serão sempre de sexta a domingo, no Sítio Trindade, das 15h às 18h.

A primeira oficina, “Pisadas e Trupés”, será oferecida nos dias 29, 30 e 31 de outubro, 5, 6 e 7 de novembro, explorando as técnicas corporais do cavalo-marinho, folguedo popular típico de Pernambuco e da Paraíba. Originária da Zona da Mata Norte, a tradição natalina é feita de música e dança, sendo povoada por vários personagens da cultura popular, como Mateus e Catirina. As aulas serão conduzidas por João Lira, bailarino, coreógrafo, professor de danças populares, passista de frevo, quadrilheiro e brincante de cavalo marinho do Boi Matuto da Família Salustiano. As inscrições podem ser feitas pelo link: https://forms.gle/5TdHK3i3drAyRyDXA.

Entre os dias 12, 13 e 14, 19, 20 e 21 de novembro, a oficina “Saxofonistas e a Jornada do Pastoril” convidará músicos de sopro a passear pelos diferentes estilos de pastoril, enredos e personagens típicos, estudando a função dos instrumentos de sopro em suas jornadas repertórios. Dedicadas a jovens e adultos que possuam flauta doce (Yamaha) ou instrumentos profissionais de sopro, as aulas serão ministradas pelo saxofonista, clarinetista, professor de música, arranjador, pesquisador, compositor e produtor musical Parrô Mello. Inscrições no link: https://forms.gle/n2iMB5wueicS9m4m9.

Com o tema “Teatralidade nos Folguedos Natalinos”, a terceira e derradeira oficina preparatória para o Ciclo Natalino 2021 será oferecida entre os dias 26, 27 e 28 de novembro, 3, 4 e 5 de dezembro, com o objetivo de propiciar, através de jogos dramáticos e teatrais, o contato inicial dos participantes com algumas tradições do período, estimulando a ludicidade, a integração de grupo, o compartilhamento de saberes e o conhecimento sobre músicas, danças e brincadeiras como o pastoril, reisado, ciranda e cavalo-marinho. A oficina destina-se a adultos e adolescentes com mais de 15 anos. E será conduzida pelo ator, encenador, dramaturgo e professor de teatro Quiercles Santana. Inscrições: https://forms.gle/yzCLTWXvveCReWJz6.

Informações: formacoesfccr@recife.pe.gov.br ou (81) 3355-8034.

*Via Assessoria de Imprensa

Tão brasileiro quanto o samba, o funk é quase unanimidade no país, podendo ser encontrado em inúmeras comunidades - e até casas de shows das mais nobres - do Norte ao Sul do país. A música que majoritariamente é produzida na favela traz consigo uma carga pesada de representatividade, senso de pertencimento e autoestima para aqueles que com ela convivem, a despeito de um expressivo preconceito que teima em marginalizar o gênero afastando-o da grande mídia e dos redutos tidos como de alta cultura. 

No Recife, capital de Pernambuco, o funk provou todo seu poder entre as décadas de 1990 e, sobretudo, 2000. Para o bem e para o mal. Na virada para o segundo milênio, quando na internet tudo ainda era ‘mato’, os envolvidos no segmento conseguiram impulsioná-lo através de fotologs - sites equivalentes ao que é hoje o Instagram. As lan houses instaladas nas comunidades, que vendiam acesso à internet por hora, geralmente a R$ 1 cada, transformavam-se em verdadeiros escritórios para que os funkeiros pudessem fazer o trabalho de divulgação, uma vez que computadores com acesso à rede eram artigos de luxo naquela época.

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Além da ‘world wide web’, outra ferramenta muito usada para espalhar a palavra dos MCs no auge da cena funk eram as carrocinhas de CDs piratas que circulavam pela cidade tocando os ‘batidões’, sem contar a influência causada por esses artistas em suas próprias comunidades. Mas o verdadeiro ápice da massa funkeira se dava mesmo nos bailes. Nas festas, os ‘bondes’ de cada comunidade se encontravam para exaltar a sua periferia e ‘duelar’ com outras ‘galeras’. A música dava o tom, tanto de valorização de cada bairro quanto da rivalidade entre eles, com letras sobre suas vivências que estimulavam a autoestima e o senso de pertencimento, porém, afloravam também uma agressividade que geralmente culminava em confronto. 

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MC Leozinho do Recife, um dos nomes de maior peso do movimento funk em Pernambuco. 

Os ‘bailes de galera’ ou ‘bailes de corredor’, que ‘bombaram’ nas periferias recifenses entre as décadas de 1990 e 2000,  reuniam milhares de pessoas e revelaram artistas que estão na cena até os dias atuais. Os MCs Boco, Schevchenko, Cego e Leozinho - esse último considerado um visionário do segmento e batizado como General -, começaram a construir suas carreiras nesse período, em festas que entraram para a história do funk pernambucano como o Baile do Rodoviário e Baile do Téo, todos realizados em bairros periféricos da Região Metropolitana da capital.

Outro funkeiro dessa época, ainda na ativa, é MC Pito, que guarda “na mente” boas lembranças dos antigos bailes: “Ficou em memória, toda a repercussão que o funk teve em Recife e em Pernambuco. Nós somos uma das capitais mais fortes no funk no Brasil, desde aquele tempo e ainda mais hoje”, disse em entrevista ao LeiaJá. No entanto, ao passo que o movimento se misturava a outros elementos do cotidiano das comunidades, como as torcidas organizadas e até mesmo o tráfico e disputas territoriais, a violência também aumentou nos eventos.

A polícia e a Justiça começaram a bater de frente com o movimento  e não era incomum que os eventos terminassem com batidas policiais. A violência em torno dos bailes contribuiu para que o estigma contra o gênero aumentasse e, consequentemente, sua maior marginalização. A pressão crescente em torno da cena, o preconceito instaurado e a falta de visibilidade de seus artistas para além de suas periferias, acabou colocando um ponto final na história das festas de galera. 

MC Pito é um dos veteranos da cena. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Em meados de 2000, o famoso Baile do Rodoviário encerrou sua história em uma operação policial que contou com a intervenção das polícias civil, militar e até a Polícia de Trânsito da capital. “Quando veio do Rio pra cá não tinha essa ideia de funk consciente, funk de paz, era o funk de corredor, um som agitado e um bonde de cada lado, aquela selvageria. Toda ação traz uma reação, então acarretou em preconceito, uma má visão da sociedade e as autoridades tiveram que usar de força maior até que acabaram os bailes”, relembra MC Pito. 

Com o fim dos bailes e o já natural distanciamento das casas de show e programas populares da TV local, o funk estava fadado a desaparecer em Pernambuco. Foi aí que MC Leozinho acabou se jogando na cena ‘queridinha’ dos pernambucanos, o brega. O General, como é conhecido, já havia feito uma fundamental intervenção no movimento, ao lançar o Rap da Cyclone, música que homenageia não só o seu mas vários bairros periféricos da cidade e contribuiu para a diminuição da rivalidade existente entre eles. A música ganhou tanta força que ficou famosa até fora do Estado e é uma das mais pedidas nos shows do artista até hoje.

Mas foi por volta de 2008, ao lançar seu primeiro brega, Dois Corações, que o funkeiro acabou abrindo os caminhos para as boates mais badaladas do Recife e para a televisão. Provando ser possível uma coexistência saudável entre os dois estilos, ele passou a apresentar um pouco de cada em seus shows e a mistura acabou originando um terceiro gênero musical: o bregafunk. Leozinho é considerado o pioneiro no segmento que hoje domina as paradas do país e já chegou até ao exterior. Vários MCs de funk pegaram carona nesse ‘bonde’ e hoje ostentam carreiras consolidadas dentro e fora do Estado. “A tendência é crescer e chegou em um nível que não tem como cair mais, é um gênero que foi lançado no Brasil e no mundo, agora não volta mais”, disse Leozinho em entrevista ao LeiaJá.

MC Leozinho, o General, é considerado o precursor do bregafunk. Foto: Divulgação

No entanto, embora o bregafunk tenha conquistado tamanho reconhecimento, a força do funk ‘raiz’ parece mesmo ser imbatível ainda. Não há uma apresentação em que o General consiga terminar a primeira canção sem que o público já esteja pedindo por seus grandes sucessos, como o Rap da Cyclone e Cenário Louco. “Se eu não cantar funk no meu show a galera não gosta não. Meu público que vai ao show vai por causa do funk, eu acho. A galera curte o brega, mas o público vai pro show pra me ver cantar o funk. Se eu parar de cantar o brega e ficar cantando só os meus funks, acho que faço mais uns 20 anos de carreira”, brinca o MC que promete um EP de inéditas para agosto, além de lançamentos nos projetos Poesia Bregafunk e Invasão, esse último voltado ao funk consciente. 

Retomada na paz

Apesar do triunfo do bregafunk em meio a um aparente desaparecimento do funk raiz, um movimento de retomada da cultura dos bailes ganhou corpo no Recife por volta de 2016. O surgimento do Baile da PAZ, realizado pela equipe Funk Antigo de Pernambuco (FAPE), deu nova cara aos eventos e novos fundamentos à cena. “A rapaziada do funk antigo uniu todas as galeras, as galeras que eram rivais hoje se falam e vão pro baile curtir junto”, conta Leozinho. Com a chegada da pandemia, os eventos pararam de acontecer, no entanto, as articulações dos envolvidos na cena continuam através das redes sociais. 

Também somam força a esse movimento associações como a Relíquia da Pichação (RDP) e coletivos como o Pancada Funk PE, este último fundado por alguns MCs veteranos como o próprio MC Pito e MC Pato do Ibura, falecido em abril deste ano em virtude da Covid-19. O objetivo hoje, para além de voltar a curtir os bailes, é trabalhar em prol das comunidades e fortalecer a cultura do funk dentro do Estado, sobretudo para tirá-lo em definitivo da marginalização, como explica Pito. “A diminuição do preconceito vem de dia a dia, não acontece de imediato, mas esse momento do funk da paz aconteceu uma coisa muito importante que no passado não existia, que é o funk se mobilizar para ajudar a comunidade, fazer ação social, levantar meios de revitalizar uma praça, um campo de futebol em nome do movimento. Isso abriu o leque pra sociedade ter outra análise do que rolava antes, há 20 anos atrás e o que vem acontecendo agora”.

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Hoje, o funk tem se aliado a outras cenas, como a  do brega, rap, trap e até mesmo do samba com intuito de promover a autoestima das pessoas que o fazem e o consomem e provar para a sociedade que é uma cultura valiosa e tão poderosa quanto qualquer outra. Além de servir como instrumento de identificação e pertencimento dos moradores das comunidades, o funk também movimenta a economia local, gera empregos diretos e indiretos e consegue, através das letras conscientes, orientar os mais jovens a andarem ‘pelo certo’, longe das drogas e da criminalidade. 

Nesse caminho, o movimento conseguiu subverter a violência e aos estigmas mais negativos com apurado senso de coletividade dos seus fazedores e a força de vontade de quem acredita no funk como ferramenta de empoderamento e libertação, como bem coloca MC Pito. “É uma chama que até hoje não conseguiu se apagar, mesmo com justiça em cima, polícia em cima, sociedade discriminando mas a gente vai arrumando meios para ir se esquivando e segurando firme a bandeira do funk. O meu maior objetivo hoje em dia não é estourar, é somente que minhas músicas sejam eternizadas no cotidiano das pessoas que quando escutem elas digam; ‘poxa me inspirei nessa música e eu vi que como ele falou na música aconteceu na minha vida’;  é fazer a música para ser consumida verdadeiramente pelas pessoas”. 

Homenagem a MC Pato do Ibura

Neste sábado (27), o coletivo Pancada Funk PE promove uma live para homenagear um de seus fundadores, o MC Pato do Ibura. Participam da transmissão os MCs Tibiro, Feru, Rugal, Omago, Frenk, Beca e Pito. A live marca também o início da formulação de projetos que estão à espera do fim da pandemia para poderem acontecer. Segundo MC Pito, além de um CD de inéditas suas, já pronto e aguardando o melhor momento para lançamento, virão sites, clipes, e outras ações que visam promover os artistas e a cena do funk. A live será exibida nas redes sociais do coletivo a partir das 13h.

A cultura popular pernambucana perdeu um de seus mestres, nesta quarta (16). Faleceu na cidade de Lagoa do Itaenga, vítima de infarto, o mestre mamulengueiro Zé de Vina. A prefeitura de Gloría do Goitá, município vizinho, onde o artista residia, decretou luto oficial de três dias.

José Severino dos Santos, mais conhecido como Mestre Zé de Vina, era considerado um dos maiores representantes da cultura do Mamulengo no país. Aos 81 anos, ele estava internado no hospital da cidade de Lagoa do Itaenga e não resistiu a um infarto, segundo informações da Associação dos Mamulengueiros de Glória do Goitá. O velório do mestre ocorrerá em sua residência, na Vila Nossa Senhora da Glória, e o enterro, no Cemitério de Lagoa do Itaenga, às 16h desta quarta (16).

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No início do mês de junho, foi inaugurado, no Museu do Mamulengo de Glória do Goitá, o projeto 80 anos - Mestre Zé de VIna, em homenagem ao mamulengueiro. Durante cinco meses, serão realizadas diversas ações online, como espetáculos, oficinas, e exposição, para celebrar a obra do mestre. Com a partida do artista, a prefeitura de Glória decretou luto oficial de três dias.

 

Desde que o mundo é mudo, as mulheres vêm perpetuando a tradição e o ofício de cuidar dos seus. Quando se tornam mães, é esperado que elas tomem à frente dessa outra vida responsabilizando-se por sua manutenção e continuidade, e assim vem sendo feito desde o início da humanidade. Com o passar das gerações, no entanto, as várias conquistas femininas - passando pelo direito ao trabalho, ao voto e a liberdade sexual e reprodutiva -, modificaram um pouco a maternidade agregando a ela novas funções e características. No entanto, a essência do cuidado materno é algo que não se altera e que pode ser visto e sentido de forma muito significativa e simbólica nos exemplos das grandes matriarcas da cultura popular. 

Cecília Maria de Oliveira, a Dona Cila do Coco, é um desses exemplos. Aos 82 anos de idade, a mestra coquista, não se esquiva de forçar a memória que, segundo ela, já aponta algumas falhas, para compartilhar todo o aprendizado acumulado com as experiências de vida. Neta de uma lavadeira e filha de uma doméstica, a pernambucana teve uma trajetória sem luxos e sem estudos. Foi vítima de violência doméstica, assédio; mas ressignificou suas vivências com a alegria característica que pode ser vista, hoje em dia, nos palcos mundo afora. 

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Dona Cila teve quatro filhos, Michel, Adelson e Aston, o quarto nasceu morto. Nenhum seguiu seu ofício de cantar coco, que ela aprendeu dentro de casa, com o  pai: “A zabumba dele era do bojo da macaíba e eu fui criada assim. Naquele tempo tinha gente que chamava a gente de macumbeira, porque fazia coco”, relembra a mestra; porém, todos sempre a apoiaram e incentivaram a tradição. “Ninguém era contra não, eu cantava, cantei muito depois de Michel - o pai de Michel me abandonou, eu grávida dele, fiquei jogada no vento mas fiquei firme, firme e forte”, diz a mestra.

A vida, que já não era das mais fáceis, não ficou menos difícil após Dona Cila ser abandonada pelo pai de seu primeiro filho. Ela conta ter recebido abrigo na casa de uma irmã e que lá cuidou de vários sobrinhos, além do próprio rebento, porém, precisou deixar o lugar pois era constantemente assediada pelo cunhado. “Foi um sofrimento muito grande, depois eu comecei a trabalhar de garçonete porque não tinha muita instrução, não podia trabalhar num emprego melhor”.

Nessa época, Dona Cila costumava cantar sambas pelos bares do Pátio de São Pedro, na região central do Recife. Lá, foi apelidada de Aurora e além de ganhar uns “trocadinhos” também conheceu o segundo companheiro. Um homem que lhe deu casa e mais filhos, porém, a fez conhecer de perto a violência doméstica. “Era muito ciumento, uma tristeza. Foi muito sofrimento, eu aguentei tudo isso, mas quando ele deu na minha cara eu deixei ele”. 

De volta à casa que havia sido da avó, Dona Cila tocou a vida, cuidando dos filhos, vendendo tapioca e fazendo seu coco. No início dos anos 2000 seus saberes e o seu samba de roda pernambucano começaram a dar frutos. Ela participou de projetos culturais, tocou em palcos importantes como o do Carnaval do Recife,  gravou com a Nação Zumbi, lançou discos - inclusive com a banda belga Think of One, e excursionou pela Europa. 

Com o fruto de seu trabalho, a mestra reformou a casa, ajudou os herdeiros - “negava nada a ninguém não”, faz questão de frisar -; e ‘arrumou’. muitos outros filhos, nascidos e criados a partir da sua cultura, aos que ela carinhosamente chama de “pupilos”, em homenagem ao baterista da Nação Zumbi que leva esse mesmo apelido. São aqueles que a buscam por seu conhecimento, ao qual ela não se nega em repassar. Humilde, Dona Cila diz que não ensina nada a ninguém: “Eles que aprendem e fazem, quando eles não estão fazendo certo eu tenho paciência de ensinar. Bem mãezona mesmo”, diz a mestra.

Gênese

Outra matriarca que dedica sua vida a cuidar dos seus filhos - os cinco “carnais” e os que o destino lhe confiou é Mãe Beth de Oxum. Musicista, comunicadora, gestora do Centro Cultural Coco de Umbigada, mestra coquista e Iyalorixá do Ilê Axé Oxum karê, ela, assim como tantas outras mães, se multiplica em várias para dar conta de todas suas atribuições. 

É na ancestralidade que Mãe Beth busca a orientação que guia o exercício de sua maternidade. Nascida e criada na Barreira do Rosário, bairro periférico de Olinda (Região Metropolitana do Recife), a mestra cresceu em  um “quintal coletivo, sem muros” e guardou ensinamentos preciosos que recebeu tanto de sua mãe, Maria Alice, quanto de outras mães e Iás do candomblé. “Minha mãe era uma bordadeira - como a grande maioria das mulheres negras e afrodescendentes, que trabalham como bordadeiras, empregadas domésticas, lavadeiras, esse era o cotidiano dessas mulheres -, então ela tinha muita paciência. As nossas Iás, nossas mães, têm uma forma mais forte de tolerância, de respeito. Tem tolerância maior, do que você ter que cultuar seu orixá embaixo de uma mesa com uma toalha coberta e cultuar o santo branco em cima da mesa? Era proibido, o Estado entrava na nossa casa pra criminalizar, pra saquear; foi uma estratégia de sobrevivência, isso é resiliência”.

Outro ensinamento que a mestra coquista teve com sua própria mãe foi o do “cuidar”, o qual ela julga como de extrema importância. Mãe de vários filhos, Maria Alice era “enérgica” quando necessário, mas doce e brincalhona e cuidou de toda a prole sem jamais deixar de respeitar suas individualidades. “Me lembro perfeitamente que ela me ensinou a lidar com a diferença, porque você ter 11 filhos não é brincadeira não, tem que saber lidar. Quando a gente cria os filhos, a gente não pode ter privilégios de um em detrimento do outro, a gente aprende, a vida nos ensina, e dividir o amor é muito importante”.

Em uma família tão numerosa, e pobre em recursos materiais, os filhos mais velhos acabam recebendo a incumbência de cuidar dos mais novos. Um sistema que acaba preparando esses indivíduos para a vida além do seio familiar, como frisa Mãe Beth. “É uma tradição das famílias grandes e pobres, porque não tem babá. O menor é cuidado pelo maior. A elite devia aprender com o povo pobre deste país, a gente está sempre cuidando, protegendo um ao outro.  A sociedade ficou doente a partir do momento que se trancou num prédio, quando a humanidade começa a produzir mais do que precisa e começou o patriarcado e a herança, perdeu-se essa lógica do terreiro, dos povos indígenas, de você cuidar da comunidade, dos seus e dos outros. Não importa se o filho é seu ou meu, é nosso! Quando a gente perdeu isso e se fechou dentro de um prédio, a gente perdeu muito”. 

Mães da cultura

Além de cuidar dos filhos gerados no ventre, e também daqueles gerados pela fé e pelo convívio social, essas matriarcas da cultura popular também cuidam de um legado deixado há muito pelos seus ancestrais. São mestras coquistas, cirandeiras, maracatuzeiras, e de tantas outras expressões que detém a responsabilidade de preservar esses saberes e repassá-los para as novas gerações.

Mãe Beth de Oxum, explica que esse dom também é nutrido dentro de casa. “O brinquedo nasce dentro de uma família mas ele se materializa na comunidade, é a comunidade que dá sentido, dá capilaridade, que protege, inclusive contra o Estado, contra a violência policial. Eu acho que a força dessas mulheres está exatamente nisso, de agregar a comunidade, trazer a comunidade para dentro dos terreiros. O terreiro, que é esse espaço de louvação do orixá e da jurema sagrada mas também o espaço do brinquedo, da expressão artística, seja o coco, o maracatu, seja o cavalo marinho, enfim. Esse lugar é um lugar de acolhimento por parte das mães. Essas são expressões artísticas que se aprendem na família, você não aprende isso numa universidade, não aprende na escola, é dentro de casa, passando de mãe pra filho, de avô pra neto; é dentro dessa linhagem familiar, essa linhagem matriarcal. Os terreiros no país são matriarcais. ”.

Sendo assim, a essência feminina e do cuidado materno dentro da cultura popular, em suas mais diversas manifestações, se faz muito presente e determinante. Embora muitos homens ainda sejam protagonistas no meio, é através das mulheres, como diz Mãe Beth de Oxum, que as tradições e saberes têm sua manutenção e continuidade garantidas. São grandes matriarcas como Dona Olga Santana (Nação do Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu), Dona Cila do Coco, Dona Glorinha do Coco, Dona Duda da Ciranda, e ela própria, entre tantas outras, que assumem essa função e a exercem de forma bastante orgânica.

Consciente da importância desse verdadeiro ofício, a matriarca do Coco de Umbigada vai além demonstrando como essas experiências poderiam ser transformadoras se abraçadas pela sociedade em maior escala: “Essa experiência de você ser uma ialorixá, ter um terreiro, cuidar de uma comunidade, cuidar das pessoas, é extremamente rica e importante. Começo e termino dizendo que a grande palavra é o cuidar, acolher e proteger. A sociedade tinha que entender essa dimensão do terreiro nessa perspectiva de você acolher o diferente, de você cuidar daquele que não é seu, daquele que você não pariu. O mundo precisa ser governado pelas mulheres. Porque a gente tem esse dom, não é só de parir, é de cuidar e de respeitar as diferenças”. 

Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

 

A sambada vai invadir as ondas da internet com o 26º encontro de Cavalo Marinho da Casa da Rabeca. No próximo sábado (20), 10 grupos desfilam sua tradição popular no canal do YouTube da Casa, a partir das 18h. A exibição é totalmente gratuita.

Participam do encontro os grupos Boi Matuto, Flor de Manjerona, Boi da Luz, Cavalo Marinho de Mestre Batista, Boi Brasileiro, Cavalo Marinho Estrela Brilhante, Boi Pintado e Cavalo Marinho Estrela de Ouro. Eles levam para o meio digital todo o colorido e cultura das tradicionais sambadas dessa manifestação pernambucana reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil. A exibição acontece no próximo sábado (20), no canal do YouTube da Casa da Rabeca, às 18h por meio da Lei Aldir Blanc. 

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Na última quinta (17), o Governo de Pernambuco oficializou sua posição quanto à realização do Carnaval no ano de 2021. Em coletiva de imprensa realizada pelas redes sociais, o secretário de saúde do Estado, André Longo, anunciou a suspensão do ciclo carnavalesco em Pernambuco, no próximo ano, devido ao aumento dos números da pandemia do novo coronavírus em solo pernambucano. Na data do anúncio, o Estado contabilizava 203 mil diagnósticos de Covid-19 e 9.361 mortes pela doença. 

A decisão dos gestores pernambucanos, no entanto, não causou muita surpresa na população. Outros Estados brasileiros, com Carnavais tradicionais como o de Pernambuco, já haviam decidido pela não realização da festa em 2021, a exemplo da Bahia e Rio de Janeiro; bem como São Paulo e Brasília. O aumento nos números da pandemia e na ocupação de leitos nos hospitais locais, além da incerteza quanto à data da chegada da vacina contra a Covid no país também davam indicativos da suspensão dos festejos momescos. 

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Com a decisão assinada, resta agora aos fazedores de Carnaval se articularem para que o ano não seja totalmente perdido. Para esses profissionais, a festa representa muito mais do que folia, garantido-lhes o sustento da família e provisões para além do período carnavalesco. O Carnaval de Pernambuco é considerado o quinto maior do país em faturamento e, só no Recife, o ciclo momesco de 2020 rendeu ao município R$ 1, 4 milhão. 

Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes - presidente da Federação das Escolas de Samba de Pernambuco (FESAPE), da Liga Nordeste das Escolas de Samba, da Escola de Samba Pérola do Samba e ainda, vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba)  -, disse concordar com a decisão do governo, que ele classifica como “racional”. O carnavalesco contou que a suspensão já era esperada dentro do seu segmento e que muitas agremiações nem se prepararam para 2021. 

No entanto, Nunes faz uma ressalva; ele acredita que o poder público deva abrir um diálogo com a cadeia produtiva do Carnaval na busca de soluções para aqueles que dependem da festa para faturar. “ O governo devia sentar com quem produz Carnaval aqui no estado para conversar. A Fesape tem um projeto pronto para as agremiações não serem totalmente penalizadas e poderem mover a economia da sua comunidade. A apresentação de lives com seu samba enredo, no YouTube, pro seu público poder prestigiar de forma segura, em casa, o que seria o desfile de cada escola na avenida. A gente tá esperando o novo governo (municipal) tomar posse pra gente apresentar essa saída para que os carnavalescos não fiquem parados durante o ano”, disse. 

Segundo o presidente da Fesape, a maioria das escolas de samba não se preparou durante o último ano para um possível Carnaval em 2021. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquiivo

Esse diálogo com o poder público já vinha sendo solicitado por parte dos trabalhadores da cultura pernambucanos desde meados de 2020. Em agosto, o coletivo  Acorde - Levante Pela Música de PE, formado por músicos e produtores locais, publicou em suas redes sociais uma carta aberta sugerindo um debate com os gestores acerca do tema. Já em outubro, o coletivo, em nova carta aberta, sugeriu propostas para a realização segura do Carnaval 2021 e, nesta última quinta (17), após o anúncio oficial da suspensão do ciclo, o grupo voltou às redes para propor uma conversa a fim de criarem juntos soluções que “garantam trabalho e renda para as pessoas que fazem o Carnaval, e também sejam capazes de amenizar, no coração do folião, a falta que fará não estar nas ruas, brincando junto com a multidão”. 

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Para o presidente da Associação dos Maracatus de Baque Virado de Pernambuco (Amanpe), Fábio Sotero), a falta de abertura entre gestões e classe artística é um “desrespeito”. “ O Governo do Estado, através da Fundarpe e da Secretaria de Cultura, não nos deu nenhuma satisfação, em momento algum, em relação à nossas perdas. Porque eles não estão cancelando um simples evento, um simples lazer, eles estão cancelando ou suspendendo o ganha pão de milhares de trabalhadores da área da cultura que dependem exclusivamente do Carnaval. O que realmente o Governo do estado fez? Cancelou ou a suspendeu? A gente tá com essa dúvida”, diz frisando que nenhum grupo ou artista da classe foi consultado antes do aviso da suspensão - realizado, também, sem a presença de qualquer representante da pasta de Cultura.  

Fábio conta que dentro da categoria do Maracatu de Baque Virado, ou Maracatu Nação, diversas pessoas trabalham para que um desfile seja organizado. São costureiros, aderecistas, luthiers, fora os desfilantes que saem na corte e no batuque. Muitos desses dependem do apurado da festa para se manterem durante todo um ano.

Os impactos de não haver um Carnaval atingem diretamente o bolso dessas pessoas, mas também, o emocional. “É um período de no mínimo cinco, seis meses, várias pessoas convivendo, trabalhando em prol daquele instrumento, das fantasias; esse período que a gente ta aquartelado praticamente, sem atividade, a gente já tá de uma forma... Eu confesso que às vezes eu vou pra sede (da nação), porque eu não aguento ficar longe do pessoal”, diz o presidente que também dirige a Nação de Maracatu Aurora Africana. 

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Para o representante da Amanpe, é possível haver atividades seguras para marcar o Carnaval de 2021, ainda que de forma bastante diferente do tradicional. Ele diz que assim como as nações, várias ouras categorias de agremiações já estão pensando em alternativas para não ficarem parados durante um ano inteiro. Mas, para que os projetos possam sair do papel, deve-se haver espaço para tanto. “Isso a gente só pode fazer quando a  gente sentar com os gestores, eles são nossos principais clientes, são eles que nos contratam para as apresentações, a gente depende do aval deles, a gente precisa que eles nos entendam e cheguem a um determinado acordo. O Governo do Estado não fez absolutamente nada pelos trabalhadores da cultura em geral (durante a pandemia). O auxílio emergencial é do Governo Federal, o dinheiro tá vindo de lá, a Secretaria da Fultura e a Fundarpe não fizeram absolutamente nada para auxiliar, para dar uma ajuda aos trabalhadores da cultura.”

Trabahadores que dependem do Carnaval estão preocupados com a falta de trabalho e renda. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Diálogo e auxílio

Procurados pelo LeiaJá, a Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e Secretaria de Cultura informaram que, atualmente, é a Secretária de Turismo e Lazer (Setur) o órgão à frente dos assuntos pertinentes ao Carnaval. A reportagem tentou estabelecer contato com a assessoria da Setur, porém, não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para qualquer esclarecimento. 

Já as prefeituras do Recife e Olinda não responderam aos questionamentos enviados. No entanto, a reportagem apurou junto à fonte ligada à classe artística que já foram iniciadas discussões junto aos gestores olindenses bem como na última sexta (18), alguns representantes de agremiações estiveram na sede da Prefeitura do Recife para tratar do tema em uma reunião “bastante favorável”. 

Nascido nas periferias do Recife, o bregafunk - estilo musical derivado do brega -, embora muito popular não chega a ser uma unanimidade. O teor de algumas composições, as coreografias e até mesmo sua origem, são capazes de fazer os mais ‘puristas’ torcerem o nariz para o fenômeno negando a ele um lugar no rol de manifestações da cultura pernambucana. 

No entanto, a despeito de seus opositores, o bregafunk continua crescendo - não só dentro de Pernambuco -, com vários artistas despontando, seja nas periferias ou fora delas. E mais: alguns desses querem provar que o estilo pode sim andar de mãos dadas com outros, até mesmo os considerados de ‘primeira categoria’, como a música erudita. É o que vem fazendo o músico Thiago Demétrio, conhecido popularmente como Nego Neey. 

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O jovem Nego Neey tem apenas 19 anos e quase dois mil seguidores no Instagram, onde publica vídeos em que aparece tocando seu instrumento, o violino. Morador de Aguazinha,  bairro periférico de Olinda, o rapaz divide seu tempo entre criar versões no violino para diversos bregafunks, bregas românticos e pagodes; e a oficina de carros, onde trabalha como mecânico. No tempo extra, Thiago ataca de DJ em festas. 

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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, o violinista contou que aprendeu a tocar o instrumento por volta dos 10 anos de idade, quando participava de um projeto social em sua comunidade. Lá, ele executava diversas peças clássicas, mas alguma coisa estava faltando para que suas execuções ficassem perfeitas. “Eu gostava do instrumento mas não gostava muito das músicas, depois que eu fiz 18 anos  eu terminei saindo (do projeto)”. 

A partir daí, Nego Neey acabou descobrindo o que de fato queria fazer. A essa altura, ele já tinha conseguido comprar um violino, que ficou durante um tempo “encostado”, até que ele teve a ideia de juntar o clássico com o popular. “Eu tentei tocar uma música que eu gostava e postei, aí as pessoas gostaram do meu trabalho”. 

A partir da resposta positiva do primeiro vídeo, o jovem violinista não parou mais. Um de seus posts, compartilhado pela página Olinda Ordinária, já alcançou quase três mil likes. Em seu Instagram é possível vê-lo tocando e colcoando arranjos em músicas como Tatuado, de Tayara Andreza; Onde estás, Banda Sentimentos; e Senta Concentrada, MC WS, além de alguns pagodes. Todas com o toque especial de seu instrumento. O talento é natural, ele garante: “Eu toco de ouvido, pego e tento fazer no violino”.

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Thiago vive com os pais e uma irmã e se mostra tranquilo com a boa repercussão do seu trabalho musical na internet. O violinista, DJ e mecânico já passou por diversos palcos de teatros locais, com seu violino, e tem seus sonhos com a arte e a música, sim, porém, do topo de seus 19 anos, já demonstra a maturidade de entender que quem espera, tudo alcança: “Já sonhei bastante, mas pra tudo tem um momento, né?”. 

 

Olinda assina termo de adesão com o Ministério do Turismo (MTur) para receber os recursos da Lei Aldir Blanc na ordem de R$ 2.5 milhões. Os recursos serão repassados para os fazedores de cultura do município por meio de dois editais, em decisão aprovada pelo Comitê Gestor da Lei.

Edital Conecta Arte

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Até o fim do mês de setembro, Olinda lançará o edital Conecta Arte, edital de fomento e formação, que disponibilizará RS 1.509.000,00 para produções culturais nos segmentos de: Artes Plásticas, Artes Gráficas e Congêneres (Artes Visuais), Artesanato, Circo, Cultura Popular e Tradicional, Dança, Design e Moda, Fotografia, Gastronomia, Literatura, Música, Patrimônio, Teatro, Ópera, Audiovisual, Artes Integradas, para apresentação em plataformas digitais, por conteúdos, gravadas ou ao vivo (lives).

Prêmio Memória Viva

Haverá também o Prêmio Memória Viva da Cultura Tradicional e Popular de Olinda, que destinará R$ 650.000,00 voltado exclusivamente para cultura tradicional e popular de Olinda. O prêmio visa reconhecer, proteger e estimular a cultura tradicional e popular do município, em especial as agremiações, entidades, Mestras e Mestres de notório saber e detentores da história e das tradições, incentivando a continuidade das atividades durante e no pós-pandemia e a perpetuidade do conhecimento em busca da preservação da identidade única deste território. 

Os prêmios serão destinados às pessoas físicas ou jurídicas que possuam pelo menos 10 (dez) anos de atividade, selecionadas pela análise documental que for encaminhada pelo proponente. O total dos valores repassados aos artistas serão de R$ 2.159.000,00. 

Ao total serão contempladas 618 propostas de artistas olindenses. O prazo final para os artistas acessarem os recursos vai até dia 21 de setembro através do site cultura.olinda.pe.gov.br. O cadastro também tem o objetivo de recolher informações necessárias para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor cultural, além de auxiliar em futuras contratações pelo poder público.

Visando garantir a impessoalidade e a legalidade do processo, garantindo que os recursos cheguem a quem de fato necessita, serão contratos 30 pareceristas, pessoas com notórios saber nos segmentos artísticos contemplados nos editais.

*Via Assessoria de Imprensa

 

No final do mês de julho, a vereadora Michele Collins (PP) apresentou um requerimento solicitando o cancelamento do Carnaval no Recife, no ano de 2021, em decorrência do novo coronavírus. Após pouco mais de quatro meses de pandemia, em meio a um plano de convivência com a Covid-19, a medida gerou polêmica e críticas nas redes sociais. Agora, parte da classe artística pernambucana e muitos profissionais diretamente ligadas à maior festa popular do Estado, pede calma e sugere um diálogo para que tal decisão seja tomada da melhor maneira possível. 

Para Michele, o cancelamento da festa - prevista para acontecer entre os dias 12 e 16 de fevereiro de 2021 -, é uma questão de saúde. "Não podemos colocar a população em risco. Ainda não temos uma vacina comprovada e não é momento para festejos, seja ele qual for", disse em suas redes sociais. Em contrapartida, outros membros da Câmara de Vereadores do Recife se opõem ao requerimento de número 4075/2020, proposto por Collins, alegando ser precoce optar pela não realização do Carnaval.

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Os vereadores Samuel Salazar (MDB) e Ivan Moraes Filho (PSol) acreditam ser muito cedo para se falar em cancelamento. Esse último, inclusive, apresentou um pedido de vistas ao requerimento da vereadora, na última terça (4). Também através de suas redes sociais, Moraes Filho explicou sua posição propondo um diálogo: "Precisamos ouvir as pessoas que constroem e participam do Carnaval. Entre o cancelamento e o adiamento, e entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, existe muito debate e planejamento. Muita gente vive dos recursos gerados no período carnavalesco". 

Em 2020, o Carnaval gerou um faturamento de R$ 1,5 milhão para a cidade do Recife. Foto: Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Mesma opinião apresentou parte da classe artística pernambucana, através do Acorde Pela Música PE. Na página oficial do movimento, apoiado por nomes como Flaira Ferro, Siba, Isaar, Fábio Trummer, Roger de Renor, Juliano Holanda, Jr. Black, Karina Buhr e Rogério Rogerman, entre outros, uma carta aberta sugerindo um debate com o poder público foi publicada na última quarta (5). Nela, os artistas falam da necessidade de se pensar alternativas antes que seja tomada qualquer tipo de decisão: "Essa discussão poderá ser iniciada nos próximos meses, quando teremos uma visão mais definitiva sobre a realidade da pandemia para o início de 2021. O Carnaval deve ser compreendido não apenas como um evento, mas como uma experiência fundamental para nossa cultura e fonte de renda para milhares de famílias".  

Trabalhadores do Carnaval

Em meio à polêmica, os fazedores de cultura popular em Pernambuco - trabalhadores que têm no Carnaval o momento de vivenciar as manifestações culturais locais em sua plenitude além de tirar do evento parte de sua renda -, também estão cautelosos. A chegada do segundo semestre do ano costuma representar o início da preparação para o Carnaval seguinte, no entanto, em 2020, a pandemia do novo coronavírus alterou o cronograma das agremiações trazendo-lhes preocupação. 

Na escola de Samba Galeria do Ritmo, atual campeã do Carnaval do Recife, pequenos grupos de integrantes dedicam-se à parte dos preparativos para um possível desfile.  Para o presidente da agremiação, Mizael Correia de Souza Filho, ainda não é hora para determinar um possível cancelamento da festa. "É muito cedo. Até porque (nosso) Carnaval começaria em dezembro. Eu já comecei a fazer os trabalhos para 2021, independente de qualquer coisa", disse em entrevista ao LeiaJá

Parados desde março deste ano, os integrantes e diretores da agremiação se vêem preocupados com a manutenção da escola. A falta de eventos, proibidos por conta das restrições contra o coronavírus, resultou em dificuldades financeiras para o grupo que não suportaria enfrentar a mesma dificuldade por mais um ano. "O prejuízo (de não fazer o Carnaval 2021) seria muito grande. Estamos parados, (dinheiro) tudo saindo do bolso da gente, para pagar telefone, água. Seria para acabar... As escolas de Recife não têm suporte para passar mais um ano paradas", lamenta Souza. 

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Já para o presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) Fabiano Santos, o pedido de cancelamento da festa vai um pouco além da preocupação com a saúde pública. "(Existe) um movimento que já antecede a pandemia que é vontade literal de justificar a utilização do recurso investido nas culturas populares, no Carnaval, em outros equipamentos que já têm seu recurso lotado. Existe uma ala que tenta influenciar esse tipo de substituição, já pré-existe essa vontade. E agora com a relação da pandemia, me parece que essa vontade começa a ser externada com a justificativa da própria pandemia".

Fabiano que também preside o Afoxé Alafin Oyó, teme pelo futuro dos grupos de cultura popular caso não haja a festa. "Não sei se é exagero, mas o não realizar do Carnaval vai trazer o findar de algumas agremiações, não só pelo retrocapital econômico que a gente garante, com os recursos angariados do carnaval antecedente, mas sim nesse novo olhar de sobrevivência porque as pessoas que tocam, cantam, que dançam numa agremiação, elas são trabalhadoras da cultura e recebem por isso. Não atendendo a essa possibilidade, você condiciona o indivíduo a pensar em outro formato de subsistência que não vai ser mais a cultura". 

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Segundo o presidente da UAPE, os grupos de afoxé do Estado estão inseguros em relação a 2021 e optaram por não investir na preparação para possíveis apresentações carnavalescas por medo de não poderem reaver esse dinheiro. Fabiano propõe novos modelos para que a festa aconteça sem prejuízo à saúde de quem a faz e de quem a curte. "Por não vislumbrar a possibilidade de uma vacinação coletiva, a gente pensou muito no construir de uma programação com filmagens, com lives, que podem ser feitas em dezembro e janeiro; realizando os quatro dias de Carnaval com mostras e canais no YouTube, Facebook. Se a gente consegue trazer isso de forma total, segura e feliz acho que a gente consegue inclusive dar uma avançada para novas perspectivas".  

 

Para quem toca maracatu de baque virado, a chegada do segundo semestre é o fim das férias pós-Carnaval. É quando batuqueiros e demais integrantes das nações, em Pernambuco, começam a tirar a poeira dos instrumentos e figurinos para começarem a preparação de mais uma festa. Alguns, iniciam os trabalhos até antes disso. Em 2020, porém, o movimento será diferente. Com a pandemia do novo coronavírus ainda em curso no Estado, e no Brasil, não se sabe como será o Carnaval de 2021 e os brincantes precisam de estratégias para não deixar o brinquedo morrer. 

É aí que entram as redes sociais, que abriram espaço para que a tradição possa ter sua manutenção garantida durante esse período de distanciamento social e incertezas. Se em meados do século 20 Chico Science fincou uma parabólica na lama e assim levou o peso do maracatu para o resto do país e parte do mundo, a nova geração, neste século 21, afinou os modens e diminuiu ainda mais os limites geográficos para cultura pernambucana. Apesar de secular, o baque virado provou ser adaptável aos novos tempos e é através das lives, pelas ondas da internet, que batuqueiros, nações e mestres estão conseguindo manter seus tambores ressoando. 

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É de sua casa na comunidade da Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife, que o batuqueiro Vinícius Alves de Souza, o Vini, comanda a página Maracatus PE (@maracatuspe), com quase 1.300 seguidores. Integrante da Nação Sol Brilhante, e neto de uma das maiores referências dentro do baque virado - Dona Ivanise, fundadora da Nação Encanto da Alegria, falecida em 2007 -,  Vini criou o perfil para ajudar a promover as nações, sobretudo as menores. “É uma página para falar sobre maracatu, porque não tinha nenhuma, não tinha nenhum tipo de divulgação”, disse em entrevista ao LeiaJá.

Com a chegada da pandemia Vini resolveu movimentar o perfil promovendo lives com outros batuqueiros e mestres de diversas nações: “Eles não tinham onde se manifestar, contar sua história, falar sobre sua nação, e a página serviu pra isso. Fui o primeiro a fazer as lives e hoje quase todo dia tem uma live sobre maracatu em várias páginas, fico feliz por plantar essa semente”. Segundo Vinícius, a audiência das transmissões do Maracatus PE vem de países como Bélgica, França e Alemanha, além dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas e outros. Tudo é feito de maneira simples, sem grandes aparatos, e às vezes, “a internet falha”, mas o resultado tem sido positivo e a resposta tanto do público quanto dos maracatuzeiros tem sido a melhor possível. “Já tenho umas lives agendadas que os próprios mestres me pediram”, comemora. 

Vini em live com o mestre Felipe, da Nação Encanto da Alegria. Imagem: Reprodução/Instagram

Próximo à casa de Vini, na comunidade do Alto José do Pinho, outro batuqueiro também resolveu abrir um canal de comunicação para as nações de maracatu. Thiago Rodrigo da Silva, mais conhecido como Thiago Nagô, tem conversado com batuqueiros e mestres de diferentes nações, no seu perfil pessoal (@thiagonago), em uma série que ele batizou de A vida e a história dos batuqueiros tradicionais dos maracatus nação. 

A motivação de Nagô é mostrar ao público a parte ‘de dentro’ das nações e seus integrantes, compartilhando uma vivência que muitas vezes fica escondida atrás do som dos batuques e do brilho dos figurinos. “O pessoal de fora quando vem visitar as nações de maracatu só vê o lado cultural do brinquedo, mas além disso existe uma vida pessoal do batuqueiro, do mestre, muitos com  trabalhos sociais e outros que passam por dificuldades financeiras durante o ano, fora do maracatu. Então eu queria que a gente pudesse compartilhar essas histórias de fora da nação, como é o dia a dia, como é lidar com preconceito, com racismo dentro das comunidades”. 

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Integrante da Nação Estrela Brilhante do Recife, Nagô já promoveu bate-papos com batuqueiros e mestres de diferentes gerações e nações - de Afonsinho, do Leão Coroado, herdeiro direto de um dos mais respeitados mestres de maracatu, Afonso Aguiar, falecido em 2018, ao mestre Teté, um dos mais antigos mestres em atividade em Pernambuco, liderança da tradicional nação Almirante do Forte.

Nas conversas, além de histórias pessoais e sobre as nações, Thiago e seus entrevistados compartilham fundamentos e ensinamentos do maracatu. O público tem aproveitado a oportunidade para entender um pouco mais sobre a manifestação pernambucana. “Tem muitos grupos espalhados pelo Brasil e fora do Brasil, isso talvez seja uma forma de eles se conectarem com a gente, com as nações de maracatu. É uma forma de comunicação com essa galera que não tem oportunidade de estar pagando passagem o ano todo para para vir para o Carnaval do Recife e acompanhar de perto as nações”. 

Thiago Nagô em live com o contra-mestre Toinho e mestre Teté, da Nação Almirante do Forte. Imagem: Reprodução/Instagram

A estratégia parece ter caído como uma luva para os brincantes e apaixonados pelo maracatu, mas existem limitações. Jamesson Florentino (@florentinojamesson), presidente e articulador da Nação Baque Forte (@maracatubaqueforte), de Tejipió, Zona Oeste do Recife, enumera algumas. “Você tem que ter tempo, local, equipamento, e daí a gente já percebe uma certa desigualdade para alguns grupos, alguns maracatus poderem realizar”. 

O articulador também tem feito lives em suas redes sociais, entrevistando integrantes de nações e compartilhando conteúdo relacionado à manifestação. A prioridade, segundo ele, é dar espaço para aqueles que têm mais dificuldade no acesso à comunicação. “A gente começou dialogando exatamente com esses maracatus que estavam meio à margem, mais distantes, e foi bem legal a resposta, a participação das pessoas. Mas você vê que são poucos grupos que fazem, acho que uns cinco no máximo e no universo de quantos tem, né? Existe um mercado em torno disso, e tem muitas pessoas que consomem. Eu esperava que houvesse uma coisa mais coletiva pra realizar essas interações por iniciativa de alguma organização que promovesse, mas não houve, conversando com outros grupos a gente resolveu tomar nossa própria iniciativa”. 

Mas, apesar de ver bons resultados vindos dessa interação em tempos de isolamento social, através das redes, Jamesson acredita que no pós-quarentena o ‘maracatu virtual’ não se firmará como uma tendência. “Os maracatus que tem uma certa estrutura, disponibilidade de pessoas que entendem desse tipo de procedimento talvez consigam continuar com esse formato, mas acho que isso não vai ficar não, porque o principal da cultura popular é o contato. A cultura é o povo na rua, o ensaio, o desfile, a comunidade batendo perna e vendo o que tá acontecendo”. 

Jamesson Florentino em live com mestre Marcelo Thompson, da Nação de Oxalá. Imagem: Reprodução/Instagram

EAD do batuque

Além de bate-papos e entrevistas, os batuqueiros estão promovendo também aulas de percussão à distância. Thiago Nagô é um deles. O percussionista levou sua experiência de oficineiro, com aulas e workshops presenciais realizados  em grupos de todo o Brasil, para a internet. Em turmas online, ele tem ensinado, além do maracatu de baque virado, ritmos tradicionais do Candomblé Nagô e da Jurema Sagrada, com as aulas de ilu. “É bem diferente com relação à aula presencial mas tá sendo uma experiência boa. Tô conseguindo administrar bem essas aulas, passar um pouco do meu conhecimento e poder também tá sobrevivendo da música que é o mais importante”.

Jamesson, do Baque Forte, também tem ministrado oficinas online. Ele ensina ritmos como afoxé e o coco, além de técnicas para instrumentos como congas, pandeiro e bombo, em aulas gratuitas. “Antes de fazer, eu conversei com várias pessoas da área pra me orientar sobre essa questão do mercado. Mas, a gente que é da cultura há um certo tempo nunca teve muito esse tato com a coisa do dinheiro, do cobrar por um conhecimento, então ficou difícil pra mim entender essa coisa de criar um espaço virtual, pra pessoas pagarem e aprenderem aquilo, já que é uma coisa que é do povo. Aí comecei a soltar alguns materiais ao vivo e alguns que eu tô organizando ainda”. 

Segundo o oficineiro, a experiência tem servido também para que ele próprio possa desenvolver um certo conhecimento com captação e edição de vídeo, e apesar de algumas dificuldades, o compartilhamento de saberes e experiências através das redes sociais tem sido positivo. “O pessoal gosta, acompanha. Eu tenho um pouco de limitação por causa de equipamento, espaço, mas à medida que você vai fazendo, vai melhorando, Talvez com o tempo eu vire um digital influencer”, brinca. 

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Onde e como se conectar

Apesar de dificuldades e limitações técnicas, a vontade dos maracatuzeiros de levar sua mensagem e tradições além parece ser maior. São vários os canais nos quais é possível acompanhar lives sobre o brinquedo pernambucano, conferir aulas dos ritmos tradicionais e ficar por dentro do que acontece no meio do maracatu. Além dos entrevistados desta matéria, vários outros batuqueiros e nações - sem falar nos vários grupos percussivos, apadrinhados por maracatus de Pernambuco, espalhados por todo o país -, têm aproveitado o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus para se conectar pelas ondas da internet, seja pelo Instagram ou YouTube. Confira alguns.

Nação Estrela Brilhante do Recife (@estrelabrilhantedorecife); Nação Cambinda Estrela (@maracatunacaocambindaestrela); Nação Porto Rico (@ncaoportoricooficial); Nação Leão Coroado (@maracatuleaocoroado); Nação Gato Preto (@maracatugatopreto); Pitoco de Aiyrá (@pitocoaxetu). 

 

A crise de saúde instaurada pela pandemia do novo coronavírus veio acompanhada da impossibilidade de muitos profissionais executarem seu trabalho. Quem vive de arte e cultura tem sentido isso de maneira expressiva, pela proibição da realização de eventos, shows e festas, uma das primeiras determinações governamentais desde o início da luta contra o vírus. Desprovida de políticas públicas que lhes auxilie de maneira mais eficaz, a classe artística tem se unido para tentar ajudar uns aos outros. Um dos exemplos disso é o Edital Cultura Ancestral Contemporânea Pernambucana em Casa, elaborado pelo Centro Cultural Grupo Bongar - Nação Xambá, que vai contemplar mestres e brincantes da cultura popular de Pernambuco. 

Idealizado pelo grupo Bongar em parceria com a marca de instrumentos Contemporânea, o edital vai selecionar três mestres e dois brincantes dacultura popular para receber uma ajuda financeira emergencial. Em entrevista ao LeiaJá, Guitinho da Xambá, integrante do grupo Bongar e articulador do Centro Cultural, explicou a motivação da iniciativa: “Vivemos literalmente na linha de frente da cultura popular que sempre é a mais atingida nos momentos de não-crise e com crise, principalmente. Há grande dificuldade de receber cachês dos mestres e brincantes, então o Bongar hoje faz uso do seu capital político. Também necessitamos de ajuda , mas já que temos algumas parcerias que dão condições para a gente articular e trazer pro nosso povo da cultura ações que possam atender às nossas necessidades,  é uma forma que a gente encontrou de colaborar. A gente tá muito preocupado com a economia cultural do Estado”. 

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Para se inscrever é necessário ser natural de Pernambuco e residente no Estado. O mestre ou brincante deverá enviar um vídeo se apresentando. É permitido o auxílio de algum músico percussionista, caso o proponente não toque qualquer instrumento, desde que sejam respeitadas as orientações de distanciamento. As inscrições começam nesta segunda (18) e seguem até o dia 26 de maio. Os contemplados serão anunciados nas redes sociais do Bongar e da Contemporânea 10 dias após o encerramento das inscrições. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail culturaancestralemcasa@gmail.com.

Além de auxiliar os mestres e os brincantes durante esse tempo de grave crise no país, Guitinho espera conquistar novas parcerias para que mais ações como esta possam ser desenvolvidas e a ajuda possa chegar a mais artistas. “Infelizmente (agora) só vamos atender cinco pessoas, mas a ideia é que futuramente outros parceiros se aproximem e a gente amplie este número, especialmente para as culturas indígena e afro”.


 

O ano de 2020 ficará marcado na história da humanidade como um dos mais difíceis desde que o mundo é mundo. A pandemia do coronavírus, que assolou o planeta, deixará um rastro de mortes e enlutados, sem falar nos novos hábitos e medos da população mundial. No Brasil, a crise de saúde veio acompanhada por uma grave crise política, com reflexos notáveis  na economia e no desenvolvimento do país. Além disso, a necessidade de se fazer o isolamento social, como estratégia de contingência ao vírus, impactou o modo como estudamos, trabalhamos e até nos divertimos. Com a realização de shows, espetáculos e festas proibidos, uma das características mais marcantes dos brasileiros foi tolhida: a alegria. 

Para os nordestinos, então, esse momento ficará marcado como o ano em que não houve São João, uma das festas mais esperadas e amadas por essas bandas do país. O ciclo junino foi o primeiro grande evento sociocultural  brasileiro diretamente impactado pelo coronavírus e sua não realização vem sendo sentida desde o  fim do Carnaval, quando ainda nem se sabia ao certo como estaríamos em meados de maio e junho. Para aqueles que fazem as festas juninas acontecerem de fato, como os quadrilheiros e quadrilheiras, ‘pular’ esse período do ano tem sido ainda mais sofrido e a consciência da importância dessa pausa divide espaço com a dor que ela causa em cada um deles. 

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Quadrilha Junina Lumiar, conhecida como a Broadway do São João. Foto: Cortesia. 

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Anarriê

Quando chegou de fato à terras pernambucanas, o coronavírus encontrou quadrilhas juninas em plena preparação para o São João 2020. Os grupos costumam passar meses em uma preparação que começa com bastante antecedência, tão logo acabe o Carnaval. A Junina Lumiar, do bairro do Pina, por exemplo, abriu sua temporada de ensaios ainda no ano anterior, no dia oito de dezembro. 

Com  o avanço da crise de saúde, a  vencedora do Concurso de Quadrilhas Juninas promovido pela Prefeitura do Recife de 2019- conhecida como a Broadway do São João,  se viu obrigada a parar as atividades. “A Lumiar já vinha num processo bem adiantado do seu espetáculo 2020  e lamentavelmente, a gente teve que interromper por esse motivo;  o mundo tá se deparando com essa situação desagradável. Nós já estávamos iniciando produção de figurino, já estávamos em estúdio de gravação, já tínhamos feito praticamente toda a base do repertório e tudo foi interrompido”, diz Fabio Andrade, marcador e presidente do grupo, há pouco mais de duas décadas.  

Fabio é marcador e presidente da Junina Lumiar. Foto: Cortesia

Assim como a atual campeã, cerca de 90% dos demais grupos pernambucanos já tinha seus espetáculos em processo adiantado de desenvolvimento. A necessidade de interromper as atividades foi um baque para todo o movimento junino, como comenta Michelly Miguel, presidente da Federação de Quadrilhas Juninas e Similares de Pernambuco (Fequajupe) e da União Nordestina de Entidades Juninas (Unej). “Foi muito doloroso ter que parar todos os trabalhos e ainda mais sem saber quando voltaríamos. A primeira parada foi a suspensão dos ensaios, ali já começou a aflição”. Fabio complementa: “Quando iniciou o processo mais forte da pandemia e vieram os decretos, foi bem difícil e complicado. Tivemos que parar tudo, os trabalhos e os ensaios. Inicialmente, houve uma comoção muito grande, uma saudade já dos ensaios, porque é um dos períodos mais importantes pra quem dança quadrilha”. 

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Caminho da roça

O calendário anual desses brincantes foi totalmente modificado pela pandemia. Além da paralisação da produção dos espetáculos e dos ensaios, as apresentações e eventos que começam a partir do mês de maio - como os pré-juninos, lançamentos de temas de cada quadrilha e festas que levantam recursos financeiros para a manutenção dos grupos -, foram todos cancelados. O fim do ‘sonho junino’ de 2020 repercutiu até na saúde emocional dos brincantes. “Hoje nós temos quadrilheiros com depressão, com crise de ansiedade, quadrilheiros tristes em casa. tá sendo bem complicado, bem pesado”, lamenta a presidente da Fequajupe. 

Mas os impactos vão além da frustração pessoal e tristeza de cada brincante. A paralisação das quadrilhas juninas também causa um forte impacto econômico em suas comunidades. Cada grupo movimenta uma cadeia produtiva que envolve os mais diversos profissionais, como costureiras, maquiadores, coreógrafos, marceneiros, designers, músicos, cabeleireiros e soldadores, entre outros. Os próprios ensaios, que acabam sendo verdadeiros eventos, e as festas, geram renda, de maneira direta e indireta, com a comercialização de alimentos e bebidas, entre outros. “A gente tem um peso enorme no comércio do grande Recife em relação ao material que a quadrilha usa. Tem quadrilhas que usam 100 mil reais em material então, tudo isso tá parado”, diz Michelly. 

Alavantú

Parar o sonho de um ano inteiro, de maneira tão abrupta e ainda por cima, diante do contexto de uma pandemia como esta, pode repercutir seriamente na saúde mental de uma pessoa. O psicólogo Claudio Marinho de Albuquerque fala sobre os problemas que esse momento podem gerar e como é possível atravessá-lo de forma mais saudável. 

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Preparar para o viva

Michelly Miguel é presidente da Fequajupe e da Unej. Foto: Cortesia.

Para minimizar o sofrimento, e a falta que o ciclo junino já está fazendo entre os quadrilheiros, as redes sociais serão fortes aliadas. “Com certeza (vai haver) muitas postagens, muitas lives, deve acontecer muita coisa pra tentar acalentar o coração, pra gente não perder a esperança”, diz o marcador da Lumiar, Fabio. Essas coisas já vêm sim, acontecendo, como a exibição de pré-juninos passados e lives nas redes da Fequajupe. Em junho, o canal no YouTube da federação terá uma programação especial, inclusive com um seminário online e um workshop para os amantes da cultura junina. 

O ano de 2020 ficará marcado na memória de cada quadrilheiro e quadrilheira como um período duro e triste, mas certamente, as lembranças não serão mais fortes do que o amor que cada um deles tem por sua quadrilha e por essa tradição nordestina tão forte em nossa cultura. É o que se pode sentir pela fala de Fabio: “Nós somos muito apaixonados pelo que  fazemos, é muito visceral, é de dentro pra fora. A vontade, o desejo que 2021 chegue rápido são conversas que acontecem diariamente. Isso tá acontecendo no movimento todo. Acredito que quando isso passar, que a gente tiver oportunidade de voltar, a coisa vai ser muito linda, vai ser muito forte. Vai ser uma festa linda, o quadrilheiro vai delirar, ele vai levar alegria pro mundo”.




 

As inscrições para a quinta edição do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia, promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), encerram na próxima terça-feira (28). A premiação irá contemplar os vencedores com premiações que somam R$ 150 mil. Os proponentes devem se inscrever através da plataforma Mapa Cultural de Pernambuco. Clique aqui e confira o edital e seus anexos.

Em Cultura Popular, serão premiadas práticas individuais ou coletivas de transmissão de saberes e fazeres, preservação da memória das expressões populares em todas as suas formas e modos próprios, entre outras práticas e demais conhecimentos.

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Podem participar pernambucano/a/s nato/a/s residentes no Estado, bem como pessoas físicas naturais de outros Estados e pessoas jurídicas sem fins lucrativos (que deverão comprovar residência ou sede em Pernambuco, há, pelo menos, cinco anos).

Na área de Dramaturgia, os prêmios serão destinados às obras inéditas do gênero dramático. As inscrições podem ser feitas por pessoas físicas nas mesmas condições, porém com residência há, pelo menos, dois anos no estado.

Em Cultura Popular são duas categorias: Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, e Grupos/Comunidades. Para cada uma, haverá até quatro prêmios, sendo, um para cada macrorregião de Pernambuco: Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão.

Em Dramaturgia, outras duas categorias: Teatro Adulto e Teatro para Infância. Serão reservados quatro prêmios para a Categoria Teatro Adulto e três prêmios para a Categoria Teatro para Infância.

Uma das novidades deste ano é que serão entregues dois prêmios para dramaturgias escritas por mulheres cis ou trans, independente da categoria de inscrição. Haverá também um prêmio específico para o gênero teatro de animação.

Para a categoria Cultura Popular, serão distribuídos até oito prêmios, contemplando propostas das quatro macrorregiões. Na categoria Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, as propostas contempladas receberão premiação no valor de R$ 10 mil. E na Grupos/Comunidades, o valor de R$ 15 mil. Já para Dramaturgia, serão distribuídos até dez prêmios de R$ 5.100,00.

O Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia foi lançado em 2015 pelo Governo do Estado, por meio da Secult-PE/Fundarpe, através do Decreto Nº 41.954 de 27 de julho de 2015. A ação homenageia um importante nome de nossa história cultural: o escritor Ariano Suassuna.

Para outras dúvidas ou esclarecimentos, os e-mails para contato são os arianosuassuna.popular@gmail.com e teatroeopera@secult.pe.gov.br. Além desses e-mails, é possível entrar em contato também com a equipe do Mapa Cultural de Pernambuco, pelo telefone (81) 3184-3018 ou pelo e-mail: mapaculturalpe@gmail.com.

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