Terreiros de Candomblé se reúnem em mostra de culinária

Visitantes podem saborear os quitutes servidos aos orixás em evento que ocorre no bairro da Madalena

por Eduarda Esteves sab, 29/11/2014 - 20:44
Úrsula Freire/LeiaJá Imagens Visitantes podem conhecer os pratos tradicionais da cultura do Candomblé na IV Mostra de Culinária de Terreiro de Pernambuco Úrsula Freire/LeiaJá Imagens

Pela quarta vez, a Mostra de Culinária reúne treze terreiros de Pernambuco, que apresentam ao público visitante a gastronomia do Candomblé, através de quitutes que são servidos aos orixás em seus rituais. A entrada e a degustação dos pratos são gratuitas e o evento segue até domingo (30), às 16h, no Museu da Abolição de Permambuco, bairro da Madalena. A Mostra encerra o mês da 'consciência negra' com apresentações, degustação, debates, oficinas e rodas de conversa.

A IV Mostra da Culinária de Terreiro de Pernambuco é realizada desde 2009 e possui o objetivo de quebrar as barreiras do preconceito. "O negro sempre esteve em luta para aceitação, e nós do Candomblé também queremos lutar para que sejamos aceitos. Por isso, há essa necessidade de divulgarmos a nossa culinária para fora do terreiro", contou Babalorixá Manuel Papai, um dos organizadores do evento.

Degustação

Entre os principais pratos que os visitantes poderão degustar estão um Efó para a orixá Oxum (à base de repolho, camarão, ovos); um Amalá para Nanã (frango e camarão); um Axé Yá para Iemanjá (pato, milho de munguzá e manjericão); e um Isú Dogum para Ogum (inhame e camarão). "Nós queremos mostrar o poder nutritivo da nossa comida", explicou Manuel Papai. Os pratos servidos ao público são africanos com adaptações ao sabor brasileiro.

Tânia Farias, simpatizante da religião, conta que ficou sabendo do evento por realizar visitas aos terreiros. "Mesmo não sendo praticante, vejo que é muito importante essas ações para nossa sociedade, que ainda é muito preconceituosa. Os alimentos utilizados no terreiro são praticamente os mesmo de outras cozinhas, só que as pessoas têm a ideia errônea de que a espiritualidade não deve ser envolvida com a culinária, sinaliza Tânia.

Durante o evento, o público pode degustar a culinária dos orixás em treze barracas, que simbolizam a comida preferida de cada divindade. Além disso, há ainda uma roda de conversa, em que os visitantes podem tirar dúvidas e esclarecer questões da cultura do Candomblé com os Babalorixás e as Iyalorixás. Um dos destaques dessa edição do evento é que que for visitar a Mostra terá a oportunidade de participar de uma oficina, na qual o objetivo é ensinar ao público como fazer a comida de santo.

Apresentação

Neste sábado (29), alunos da Escola Maciel Pinheiro, localizada no bairro da Torre, realizam uma apresentação que envolve dança, música e poesia. Uma das alunas do grupo 'Cando da Cidade', Juliana Lídia, explicou como seria a apresentação. "Com o mês da consciência negra, decidimos realizar esse projeto teatral. Fiquei muito surpresa quando fomos convidados para participar da Mostra. A nossa apresentação tem início com a declamação de um poema, em seguida cantamos a música Carne e depois dançamos", conclui. 

Na roda de conversa, o Pai Ivon d'Oxum explica como se dá a iniciação em um terreiro, além da importância da culinária na religião do Candomblé. "Tempos atrás se estivéssemos aqui, estaríamos apanhando e sendo perseguidos, por isso hoje é um dia de realizações, de estarmos reunidos mostrando as pessoas nossa culinária, que é a base da vida", explicou o Babalorixá. 

A Mostra é uma realização da Aurora 21 com o Centro Cultural Afro Sítio de Pai Adão e recebe o apoio do Funcultura. O coordenador do evento, Felipe Cabral, espera que seis mil pessoas estejam presentes no evento. "Essa mostra de culinária explora a textura dos pratos que são apresentados ao público em forma de degustação livre. É importante que a sociedade tenha mais contato com a cultura do Candomblé, e passem a conhecer a gastronomia da religião", finaliza.

Serviço

IV Mostra de Culinária de Terreiro de Pernambuco

Sexta (28)| 19h

Sábado (29) e Domingo (30)| 16h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 – Madalena)

Gratuito



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