Velório simbólico no aniversário do Teatro do Parque

No dia em que completa 100 anos, artistas lamentam a interdição do equipamento cultural com protestos e manifestações artísticas

por Paula Brasileiro seg, 24/08/2015 - 13:51
Líbia Florentino/LeiaJá Imagens Um velório simbólico marcou o início das atividades em celebração aos 100 anos do Teatro do Parque Líbia Florentino/LeiaJá Imagens

Nesta segunda (24), um dos mais significativos espaços culturais do Recife, o Teatro do Parque, completou 100 anos de história. Mas, ao invés de uma festa de aniversário, a data foi comemorada com um velório simbólico, realizado por diversos movimentos e grupos de artistas que lutam pela revitalização e reabertura do espaço, fechado há cinco anos para reformas. O ato foi liderado pelo (Re)Existe Teatro do Parque, em conjunto com o Movimento Guerrilha Cultural e Grupo João Teimoso, mas conta com o apoio de outros grupos, como o OcuParque, que estarão durante todo este dia promovendo ações culturais em frente ao teatro para chamar a atenção da sociedade para o descaso do poder público com o local.

Teatro do Parque: centenário e sem respeito

Priscila Krause cobra retomada da obra do Teatro do Parque

Representante do (RE)Existe Teatro do Parque, o ator Óseas Borba Neto estava vestido de preto, como se fosse a um verdadeiro enterro, e explicou a motivação do protesto: "O Velório não é pra enterrar o teatro, mas pra mostrar que queremos o Parque aberto denovo". Ele, e os demais movimentos participantes da mobilização, acompanham o caso do teatro desde 2013 e o apelo é para que as obras sejam retomadas para que o Parque possa ser entregue à população. "Em plena segunda-feira a obra está parada. Não tem ninguém trabalhando lá dentro", o ator fez questão de salientar.

Além dos artistas, também juntaram-se ao movimento algumas pesoas que costumavam frequentar o teatro. Dona Maria Lindete, moradora da Boa Vista, lamentou muito pelo Parque ainda estar desativado: "Eu frequentava desde mocinha, é de fazer chorar". Ela relembrou alguns projetos que movimentavam o Parque como o Pixinguinha, o Seis e meia e as exibições de filmes.

Já o ator e artista popular Carlos Amorim, da Cia D'Loucos de Teatro Popular, foi além e reclamou da ausência de políticas culturais na cidade do Recife: "Infelizmente não se discute política cultural nesta cidade. Aqui está a classe artística em sua essência. O Teatro do Parque fechado é um crime para os artistas e para a sociedade pernambucana."

Dia de mobilização

Ao longo de toda esta segunda (24), os movimentos em prol do Teatro do Parque e outros que abraçaram a causa estarão na Rua do Hospício, em frente ao equipamento cultural, promovendo recitais poéticos, apresentações musicais e projeções de vídeos. Também haverá momentos em que o microfone estará aberto para quem quiser participar da manifestação. Segundo S.R. Tuppan, do OcuParque, será um dia para "celebrar e também protestar". Confira a programação completa: 

11h às 16h - Microfone aberto para quem quiser se expressar com poesias, depoimentos e performances

15h às 18h - Banca de revistas com distribuição da Outros Críticos, com tema Ruínas e Cultura e do livro Guia Comum do Centro do Recife

16h - Performance Parabéns para quem?!, de Ângelo Fábio

17h - Performance de Flávio Renovatto

18h - Projeção de imagens do projeto #Dajaneladomeuonibus, de Isabela Faria e video mapping com o VJ Mozart Santos na fachada do teatro

18h às 18h30 - Recital poético com S.R. Tuppan e convidados como Tereza Augusta Maciel e Lúcio Mustafá, com microfone aberto

18h30 às 19h30 - Apresentações musicais em memória ao Projeto Seisemeia com Tereza Augusta Maciel, Lúcio Mustafá, Bruno Nascimento e Isadora Melo

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