Grupo Totem, pioneiro da performance, chega à maturidade

Um dos primeiros grupos a trabalhar com esta expressão artística em Pernambuco comemora, em 2018, três décadas de existência

por Paula Brasileiro qua, 16/05/2018 - 14:39
Reprodução/Facebook Diversas atividades estão programadas para comemorar o aniversário do grupo Reprodução/Facebook

Em uma rápida pesquisa por dicionários on-line é possível descobrir que a palavra performance vem do verbo em inglês 'to perform', que significa realizar, executar ou efetivar. Não poderia haver termos mais exatos para explicar o Totem, grupo de performance criado em Olinda, Pernambuco, em 1988. Há exatas três décadas, o grupo vem experimentando, criando e multiplicando outras maneiras de fazer e vivenciar a arte.

Criado após a fusão de dois outros grupos de artes cênicas, o Trem Fantasma e o Totem, o grupo partiu em busca de uma expressão pouco difundida nos palcos e difderentes espaços cênicos. "Foi e ainda é difícil atualmente. A gente tem um pouco mais de espaço social e político no mundo das artes (hoje) pelo tempo que já trabalha e também tem uma nova geração que se interessa pelo trabalho da gente", diz Fred Nascimento, diretor e um dos fundadores do Totem. Ao lado de Lau Veríssimo, sua companheira, eles foram alguns dos precursores da performance em Pernambuco.

Abrindo mão da linguagem teatral tradicional, o grupo passou a criar bebendo de várias fontes e fazendo uso de uma multilinguagem. "A origem da gente são as artes cênicas, mas encaramos a performance como ato criador." E essas criações, ao entrar em cena, acabam por se multiplicar em elementos formativos: "A gente tem esse lance que o público quando nos assiste, ou outros grupos também, está sendo educado para começar a entender um pouco esse tipo de arte que a gente faz. Já é um ato pedagógico", explica o diretor.  

Após 30 anos de estrada e cerca de 60 produções, o Totem continua com o mesmo frescor do início, mas ainda enfrentando certos percalços como a ocupação de teatros locais e participação em editais. A própria dificuldade em compreender a linguagem da performance ainda ameaça ser um dificultador do trabalho do grupo, porém os "atores performers" se ancoram nas "novas cabeças que chegaram", as novas gerações mais disponíveis e dispostas a consumir esta arte.

Todo esse movimento desenvolvido pelo grupo ao longo das últimas décadas se traduz em sua própria motivação para criar, é ritual. O uso simultâneo de várias textualidades, a fusão entre linguagens, simultaneidade de cenas e ausência de elementos, por assim dizer, óbvios, dão ao Totem a personalidade de quem vivencia seus próprios ritos a despeito de qualquer condição. E é pensando nessa ritualidade que os performers têm criado suas obras: "A gente considera a própria performance como um ritual contemporâneo. E a gente tem estudado há muito tempo o teatro ritualístico, principalmente o vir a se tornar ator". Como Fred define, a busca do grupo é para que "cada apresentação seja também um ritual".  

Aniversário

Para celebrar os 30 anos do Totem, o grupo está preparando várias atividades.  A começar pela oficina Corpo Ritual, que será realizada pelo quarto ano, em agosto. Também em agosto estão previstos o lançamento de uma videoperformance, 'Geopoesis', e "uma festança, para comemorar dançando". Neste mês de maio, será realizada uma mostra de vídeos no festival A Porta Aberta, na Escola Municipal de Arte João Pernambuco, na Várzea; e, em julho, um minicurso de pedagogia da performance, entre os dias 23 e 27.

 

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