Emicida: "Minha figura está num lugar atípico no Brasil"
Durante o Fórum de Ideias, no festival MIMO, o rapper falou sobre carreira e inspiração
Nem só de grandes concertos e shows se faz o MIMO. Nesta 15ª edição, o festival promoveu o Fórum de Ideias, uma oportunidade para o público escutar os artistas de maneira diferente, em palestras sobre suas trajetórias e carreiras. Neste sábado (24), foi a vez do rapper Emicida falar aos fãs sobre arte e empreendedorismo.
Emicida encontrou o público no mercado Eufrásio Barbosa para uma conversa que durou pouco mais de uma hora. Com o tema Empreendedorismo, arte e criatividade em 10 anos de triunfo, o rapper falou sobre sua trajetória e como driblou os percalços para chegar ao seu lugar ao sol.
Mediada pela jornalista Chris Fuscaldo, a conversa voltou em 10 anos quando o rapper começou o seu ‘corre’ no mundo da música. Ele contou como foi começar junto com a explosão das redes sociais e lembrou que ficou sabendo da primeira batalha em que participou por um anúncio no extinto Orkut.
Emicida também falou sobre como precisou aprender a usar os novos canais de comunicação a favor de sua carreira. Segundo ele, isso foi sendo feito a medida em que passava horas sentado em um ônibus indo do estúdio de gravação até sua casa. A estratégia funcionou e o seu primeiro sucesso, Triunfo, logo conquistou um milhão de visualizações no Youtube. A música completou uma década em 2018: “São 10 anos de Triunfo. De triunfo mesmo, por ter uma trajetória que nos orgulha e que inspira os outros”, disse o rapper.
Mas a conversa não poderia girar só em torno da música. Sendo Emicida um expressivo influenciador entre os jovens, sobretudo negros e vindos da periferia como ele, o racismo também foi tema. Sobre esse assunto, o rapper entende bem e não tem melindres quando ele surge: “Minha figura está num lugar atípico da cultura brasileira. Quando você vê o Emicida de terno, respondendo pela indústria da música, aquilo ali ofende o Brasil, porque não é um lugar que as pessoas acham que um preto vai estar”.
Emicida se mostrou muito consciente de seu papel como influenciador de muita gente que o vê e o ouve, sobretudo os mais jovens. Sobretudo, o rapper se mostrou disposto a continuar na missão de, através do rap, mostrar que tudo é possível,a despeito de origem e cor de pele: “Nossa base é o mundo. A gente canta a realidade, a gente traz a verdade da rua e tem alma pra isso. Mas isso não significa que a favela é uma aldeia. Eu quero é daqui a 10 anos ver os caras andando de iate e quem achar ruim que se dane”.