Ex-presidente envolvido em corrupção grava CD

O álbum em combate à segregação racial já recebe críticas da oposição política africana, que denuncia o financiamento com dinheiro público

por Victor Gouveia qui, 03/01/2019 - 13:53
Divulgação/ Zimbio Zuma renunciou em 2018, após o envolvimento com diversos escândalos de corrupção Divulgação/ Zimbio

O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma planeja gravar um CD com canções antiapartheid. Ele já tem a fama de animar reuniões políticas com entusiasmo, sempre cantando e dançando. Porém, seu desejo desencadeou uma onda de oposições, que denunciam o financiamento do projeto através do dinheiro público, segundo o jornal Le Monde.

No poder desde 2009, Zuma foi forçado a renunciar em 2018, após a divulgação de diversos escândalos de corrupção do seu governo. Mesmo assim, ele segue com o plano de gravar o álbum em abril, possivelmente ao vivo e lançado ainda neste ano, com o título "Umshini Wami" (traga-me minha metralhadora), famosa música que canta durante as reuniões do seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC).

Os cânticos em combate à segregação racial desempenharam um papel decisivo na luta contra o regime do apartheid, imposta pelos colonizadores brancos. Mesmo com o fim do regime, que caiu oficialmente em 1994, as músicas são cantadas regularmente em manifestações políticas e comícios em todo país.

O responsável pela cultura do município de Ethekwini Thembinkosi Ngcobo, revelou que “perseguiu” o ex-presidente por três meses para discutir sobre o álbum e revelou que “ele estava ainda mais entusiasmado que nós”. Para Ngcobo, “as canções da luta antiapartheid nos lembram de onde viemos e como nosso país foi moldado". Ele ainda garantiu que Zuma não será pago ou receberá lucro com as vendas do CD, para ele, o projeto se evidencia pelo talento do gestor, "esta é uma das razões de sua popularidade. Ele aparece como uma pessoa descontraída, amigável e acessível ", finalizou.

Mas a oposição quer impedir o projeto. "O álbum não é um problema, exceto pelo fato que será financiado por dinheiro público e não temos ideia do valor", disse uma vereadora local do partido Aliança Democrática (DA) Nicole Graham. Desde a queda de Jacob Zuma, "seus apoiadores estão tentando dar-lhe uma plataforma permanente", denunciou, dizendo que "a promotoria lutaria com unhas e dentes no interesse de todos aqueles que fazem dos serviços públicos uma prioridade em relação à política ".

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