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João Victor Pacheco, 28 anos, descobriu que tinha hanseníase aos 17 anos, quando trabalhava como padeiro. “Comecei a ter queimaduras, mas não sentia”. A diminuição ou perda da sensibilidade térmica é um dos sintomas da doença. “Desde então, comecei a minha luta, o ativismo” disse, em conversa com a jornalista Mara Régia no programa Viva Maria, da Rádio Nacional.

“Buscar o diagnóstico já é um grande desafio. Os profissionais de saúde não têm o conhecimento necessário, não fazem o que precisa ser feito. Estou no meu terceiro tratamento. Iniciei em 2014, depois, fui reinfectado, em 2017. Em 2019, tratei de novo, com resistência. Mas, se em 2014 tivessem examinado meus familiares, poderia não ter acontecido isso.”

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O jovem mora em Cuiabá, capital mato-grossense. O estado é considerado endêmico para hanseníase e ocupou, por muitos anos, o primeiro lugar no ranking brasileiro de casos. “De que adianta ter bastante caso diagnosticado e não ter serviço”, questiona o rapaz. Sobre o preconceito vivido desde os 17 anos, ele rebate: “Não sofro, mas acontece”.

“O preconceito e a discriminação fazem parte da realidade que a gente está. A gente coloca pra dentro da nossa mente o que é bom. E o preconceito só é bom quando a gente desconstrói esse preconceito. Mas, quando a gente recebe, não é bom não. É um pré-conceito, a pessoa está lá achando que é, mas só a gente sabe o que a gente passa.”

A técnica em nutrição Marly Barbosa de Araújo também denuncia a falta de conhecimento dos profissionais de saúde acerca da doença. Moradora de área nobre na capital federal, ela conta que o diagnóstico tardio veio em razão de falhas no atendimento, já que precisou passar por várias unidades até conseguir uma resposta.

“Digo sempre que eu sofri um ‘preconceito ao contrário’ dos profissionais de saúde. Como eu morava numa quadra de classe média alta em Brasília, eles não pensaram em hanseníase. Isso atrasou o meu diagnóstico. A gente tem que desmistificar que hanseníase é coisa de pobre. Doença não escolhe classe social.”

Marly conta que uma de suas vizinhas chegou a pedir que ela vendesse seu apartamento quando soube do diagnóstico de hanseníase e insinuou que o imóvel poderia ter sido desvalorizado em função da doença da proprietária. “Disse a ela: do mesmo jeito que eu era dona do meu, ela era dona do dela e, se ela quisesse, que vendesse o dela”.

“Mas não vamos querer dizer que o preconceito é falta de informação só não. Se fosse só falta de informação, o profissional de saúde não seria preconceituoso. Ele tem informação sobre a hanseníase e, ainda assim, eu sofri muito preconceito”, disse. “Pessoas esclarecidas também são preconceituosas”, concluiu.

Brasil

Entre janeiro e novembro de 2023, o Brasil diagnosticou ao menos 19.219 novos casos de hanseníase. Mesmo que preliminar, o resultado já é 5% superior ao total de notificações registradas no mesmo período de 2022.

Segundo as informações do Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, do Ministério da Saúde, o estado de Mato Grosso segue liderando o ranking das unidades federativas com maiores taxas de detecção da doença.

Até o fim de novembro, o total de 3.927 novos casos no estado já superava em 76% as 2.229 ocorrências do mesmo período de 2022. Em seguida vem o Maranhão, com 2.028 notificações, resultado quase 8% inferior aos 2.196 registros anteriores.

Dia Mundial

O Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é celebrado sempre no último domingo do mês de janeiro.

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, também conhecida como bacilo de Hansen (em homenagem à Gerhard Hansen, o médico e bacteriologista norueguês descobridor da doença, em 1873). O bacilo se reproduz lentamente e o período médio de incubação e aparecimento dos sinais da doença é de aproximadamente cinco anos, de acordo com informações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Os sintomas iniciais são manchas na pele, resultando em lesões e perda de sensibilidade na área afetada. Também pode acontecer fraqueza muscular e sensação de formigamento nas mãos e nos pés. Quando os casos não são tratados no início dos sinais, a doença pode causar sequelas progressivas e permanentes, incluindo deformidades e mutilações, redução da mobilidade dos membros e até cegueira.

O homem que agrediu uma mulher no restaurante Guaiamum Gigante, na Zona Norte do Recife, na sexta (22), teria tentado atear fogo na ex-namorada. A mulher relatou que estava dormindo quando Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá molhou seu corpo com álcool e tentou acender um fósforo. 

A vítima, que teve a identidade protegida, contou que a violência ocorreu em 2015, após anunciar o desejo de acabar o relacionamento. Segundo ela, Antônio usava drogas e se tornou uma pessoa agressiva durante o namoro.

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"Eu dormindo e ele jogou algo em cima de mim. Quando ele foi para a cozinha pegar o fósforo para tocar fogo em mim, eu percebi a situação e me levantei. Ele ainda chegou a jogar uma faca em mim. Eu corri de camisola na rua, foi quando eu encontrei dois rapazes, pedi ajuda. Antes disso, ele quebrou totalmente minha casa, quebrou tudo", disse à TV Globo.

A mulher procurou a Delegacia de Santo Amaro, área central do Recife, e obteve uma medida protetiva. Traumatizada com a situação, ela saiu do apartamento em que morava e foi viver com a mãe.   

O agressor não foi preso e as denúncias são investigadas pela Polícia Civil.

A comunidade LGBTIQIAP+ continua a enfrentar inúmeros desafios nos dias de hoje. Conforme indicado pelo mais recente relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a expectativa de vida para pessoas trans no Brasil permanece em 35 anos. Além dos casos de violência, a inserção no mercado de trabalho representa uma significativa barreira. Brenda Lucena Trindade, empreendedora no ramo de salão de beleza, destaca a dificuldade em encontrar boas oportunidades de emprego.

“É difícil pra nós que somos trans. Então, nosso desabafo é que não abrem espaço para nós, não abrem empregos bons no mercado de trabalho, pois somos discriminadas. Não existem trans nos melhores salões, nos melhores ambientes do Recife. Ou seja, é uma dificuldade achar empregador que contrate travesti”, explica Brenda, que tem um salão de beleza em sua casa.

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Cibelle Gracielle da Silva, que atua no setor de sandálias, comercializando modelos comuns, de capacho e decoradas, também compartilha sua experiência aos 63 anos, evidenciando os desafios enfrentados por pessoas trans ao buscar oportunidades no mercado de trabalho. Ela enfatiza: “Empreender também não é fácil, mas é importante legalizar a empresa para emitir notas fiscais, contribuir para o INSS e poder crescer”.

Ambas, Brenda e Cibelle, participam da capacitação "Empreender é para todes", promovido pela ONG Junior Achievement Pernambuco. Esse programa oferece ferramentas destinadas a auxiliar pessoas LGBTIQIAP+ a alavancarem seus negócios, com ênfase na aprendizagem prática. A primeira turma está em andamento com participantes do Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT, no Recife.

As aulas, distribuídas ao longo de cinco encontros, culminarão no último, agendado para 19 de dezembro. Além da capacitação empreendedora, os participantes receberão certificados, ajuda de custo para transporte e uma bolsa auxílio de R$ 300 ao término do projeto, visando impulsionar suas ideias de negócio. O conteúdo programático abrange temas como autoconhecimento e orçamento, ferramentas de estruturação do negócio, comunicação e vendas.

O programa também reserva espaço para a apresentação dos negócios planejados pelos participantes. O escritório da ONG em Pernambuco está localizado na Rua da Guia, 142, sala 307/05, Empresarial ITBC, Recife Antigo, e pode ser contatado pelo telefone (81) 3421.2277 ou pelo site.

Vilma Nascimento, histórica porta-bandeira da escola de samba carioca Portela, passou por momentos difíceis no Aeroporto de Brasília, na última terça (21). Aos 85 anos, a idosa foi abordada e acusada de furto na loja Duty Free. Para Vilma, o caso aconteceu por causa da cor de sua pele preta. 

A porta-bandeira havia ido a Brasília para ser homenageada na Câmara dos Deputados e inaugurar uma exposição dedicada a ela, no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. No entanto, ao retornar para casa, sofreu a abordagem no aeroporto. “|Eu não roubei nada. Só pode ser porque sou negra. Eu acho isso um absurdo. Eu, negra, estar la no Congresso, os deputados todos lá me aplaudindo, vindo falar comigo, me beijando, me agradecendo por eu estar lá. Foi lindo mesmo. E depois eu passar por essa vergonha no aeroporto", disse Vilma em entrevista à TV Globo.

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O caso repercutiu nas redes sociais e muitos comentários criticando a atuação do segurança foram compartilhados. A primeira-dama Janja, também comentou em seu perfil: “Inaceitável o que ocorreu com D. Vilma em uma loja no aeroporto de Brasília. Exatamente após ser homenageada no Dia da Consciência Negra. Atitudes racistas não podem mais ser toleradas. D. Vilma, sinta meu carinho, meu abraço e minhas desculpas por tanta ignorância e preconceito”.

 

A ONG Arco está promovendo a Roda de Conversas com o tema Carreira LGBTQIAP+ para capacitar e promover discussões sobre o preconceito e como enfrentá-lo no mercado de trabalho. O evento acontece no dia 6 de outubro, às 14h30, na Casa Arco, em Jaboatão dos Guararapes.

O encontro, em parceria com a Neoenergia, faz parte da Semana Internacional de Voluntariado e procura trazer empoderamento e orientação profissional, além de abordar temas como a potência do LinkedIn, dicas para construir um currículo de destaque e preparação para entrevistas de emprego.

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"O mercado de trabalho, em sua essência, deve ser um espaço de diversidade, onde todos têm direitos iguais de crescimento e realização profissional”, defende Carlos Santos, Diretor-presidente e de Comunicação da Arco.

A roda de conversa possui vagas limitadas para apenas 20 participantes. Os interessados podem se inscrever gratuitamente pelo site da Arco. Pessoas LGBTQIAP+ em maior situação de vulnerabilidade terão prioridade na seleção, levando em consideração avaliação interna. Ao fim do evento, os participantes terão direito a certificado de participação.

Uma pesquisa realizada pela plataforma de empregabilidade Taqe mostra dados referentes ao preconceito no mercado de trabalho. O levantemento, que contou com nove mil respondentes, aponta que 8% das pessoas já sofreram algum tipo de preconceito. Além disso, os dados expõem que 27% dos participantes disseram que já sofreram mais de um tipo de preconceito.

Realizando um recorte de raça, a pesquisa apresenta um cenário em que 11% dos respondentes afirmam que sofreram esse tipo de discriminação no ambiente profissional, sendo, 24% de pessoas pretas, 12% indígenas, 7% asiáticos e 5% pardos. No que se refere à classe, 10% alegam ter sofrido com algum tipo de preconceito. Outro dado apresentado no estudo revela que 8,4% das pessoas sofreram preconceito por gênero. Fazendo também um recorte com pessoas acima de 40 anos, 23% relataram já ter sofrido discriminação por conta da sua idade.

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"Os números são reflexo de um mercado que não compreendeu o valor da diversidade e o papel das empresas no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa. Como uma saída para minimizar o problema e ter um olhar para diversidade, algumas empresas têm optado pela formação de jovens em programas de entrada como aprendizagem, estágio, trainee, buscando maior participação de populações minorizadas em termos de raça, gênero, orientação sexual e situação socioeconômica, por exemplo", afirma Ana Correa, Diretora de Produto da Taqe.

Ao menos uma em cada quatro mulheres lésbicas que entram em um consultório ginecológico no Brasil sofre algum tipo de violência ou não recebe atendimento adequado. É o que aponta o I LesboCenso Nacional, da Liga Brasileira de Lésbicas e Associação Lésbica Feminista de Brasília– Coturno de Vênus. “Seja por um olhar, seja por alguma piada ou algo do tipo. É muito triste e revoltante, porque se a gente vai no médico a gente quer ser é acolhida”, conta Jussiara Silva, de 39 anos, ao se recordar de praticamente todos os atendimentos ginecológicos que recebeu depois de se reconhecer uma mulher lésbica, aos 30 anos. “Desde então eu nunca encontrei uma ginecologista que eu me sentisse 100%”, se ressente, por não conseguir fazer um acompanhamento prolongado com um mesmo profissional.

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Jussiara Silva, de 39 anos - Foto: Aequivo pessoal

Na data em que se celebra o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29 de agosto), relatos mostram que a violência não é exclusividade na atenção à saúde para mulheres adultas. Hoje, quem vê Mare Moreira, com 34 anos, se dividindo entre a tosa profissional de animais e os jogos de videogame, nem imagina que seus problemas nas idas ao médico começaram aos 13 anos. A primeira estranheza foi ser questionada sobre detalhes de sua vida sexual, mesmo ela afirmando que não tinha uma. Nessa época ela já sabia que não sentia atração por meninos, mas nem chegou a falar disso. Ela saiu do consultório, ao lado da mãe, confusa, constrangida e com uma receita de anticoncepcional na mão.

“Um dos flagelos da nossa cultura é permitir que a/o profissional assuma que qualquer mulher buscando atenção ginecológica é uma mulher heterossexual, o que automaticamente a/o direciona a pensar que o sexo experienciado por aquela pessoa é o sexo ‘pênis-vagina’”, afirma a ginecologista e obstetra Letícia Nacle.

A análise de Letícia é confirmada por pesquisas. Um estudo publicado pelo The Journal of Medicine, em 2018, e que analisa a revelação da orientação sexual entre mulheres que fazem sexo com mulheres durante atendimento ginecológico, mostra que os profissionais não questionam sobre a orientação sexual das pacientes, fazem perguntas padrão, elaboradas para atender mulheres que se relacionam com homens, prescrevem sempre o uso de anticoncepcional, mesmo sem necessidade de contracepção, usam equipamentos inadequados durante exames ou não solicitam os exames necessários para o acompanhamento dessas mulheres.

Por ter menstruado pela primeira vez aos 9 anos, Isadora Costa, estudante de arquivologia, começou a ir cedo ao ginecologista. Aos 16, quando começou a compreender sua orientação sexual, se afastou dos consultórios. Por volta dos 18, buscou atendimento, queria fazer exames de rotina e saber se estava tudo bem com sua saúde sexual, já que àquela altura tinha uma vida sexual ativa. Mas os atendimentos eram sempre interrompidos quando ela contava que suas parceiras eram mulheres. “Elas paravam ali, nunca nem passaram um papanicolau [exame para a detecção de câncer do colo de útero], sabe? Eu ouvi várias e várias vezes que sexo entre mulheres não é considerado um sexo de verdade, então, para elas eu continuava virgem. Apesar de não ser”, se indigna Isadora. Para conseguir ter o seu direito de fazer uma ultrassonografia transvaginal respeitado, conta, foi preciso discutir com a ginecologista e ameaçar ela mesma se penetrar com o equipamento do exame.

Diagnóstico

A demora em ter um atendimento bem feito, com exames e atenção, retardou o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos (SOP), que Isadora só recebeu aos 25 anos, depois de anos de fortes cólicas e pelos grossos pelos corpo. “É estúpido, é ridículo porque minha irmã nunca precisou passar por isso, minhas primas também sempre fizeram os exames delas e eu ficava me perguntando se tinha algo errado comigo. Eu me senti lesada por uma vida inteira porque eu nasci homossexual”, afirma Isadora.

Mariana Viegas, cineasta, também poderia ter tido um diagnóstico precoce de um cisto grave no ovário. Mas só conseguiu isso no ano passado, apesar de frequentar consultórios ginecológicos desde a adolescência. Mas em vez de um atendimento adequado, ela conta que recebeu uma série de questionamentos preconceituosos ao revelar a uma das médicas que se relacionava mulheres.

“Ela questionou que drogas eu usava, eu disse que nenhuma. Ela insistiu e eu reafirmei que não usava nada. Então a médica disse que sabia que “nesse meio” rolava muitas drogas. Ela questionou também com quantas parceiras eu me relacionava. Eu disse que estava namorando há mais de um ano. Então ela me passou diversos exames de ISTs (infeções sexualmente transmissíveis) porque, segundo ela “com a homossexualidade vem a promiscuidade, vem o uso de drogas””, relembra Mariana.

“Eu fiquei tão chocada que eu não consegui reagir, as palavras (da médica) ficavam rondando na minha cabeça, ficava aquilo ecoando”. Depois dessa experiência, Mariana só conseguiu voltar ao ginecologista dois anos depois, ao retornar para sua cidade natal. Hoje ela faz acompanhamento na cidade em que mora e relata ter encontrado uma “médica ótima, muito cuidadosa, muito atenciosa, muito gentil e muito acolhedora”.

Atualmente, encontrar uma médica acolhedora é o desejo da maquiadora Janaína Oliveira, de 28 anos. Segundo ela, foi necessário mentir e dizer que já tinha feito sexo com um homem, para que lhe fosse solicitado um exame preventivo do câncer de colo de útero.

“Já tive mais de uma experiência de ser negada a guia de exame preventivo, por ser considerada virgem pelo olhar médico, por eu nunca ter me relacionado com homens, e mesmo eu dizendo que eu precisava sim, pois me relaciono com mulheres e a penetração acontece”, conta Janaína.

A maquiadora Janaína Oliveira, de 28 anos. Foto: Arquivo pessoal

De acordo com o I LesboCenso Nacional, feito pela Liga Brasileira de Lésbicas e Associação Lésbica Feminista de Brasília– Coturno de Vênus, publicado em 2022, 24,98% das mulheres lésbicas se sentiram discriminadas e/ou violentadas em um atendimento ginecológico por conta de sua orientação sexual.

Violências

“São poucas as pacientes que não trazem relatos infelizes ou até mesmo traumáticos em consultas com ginecologista. As experiências variam desde a invisibilidade da orientação sexual até discursos claramente lesbofóbicos ou realização de exames ginecológicos inapropriados e incongruentes com a vivência e contexto daquela mulher. É comum escutar relatos de uso de espéculos (ou bicos-de-pato) de tamanhos M ou G para essas pacientes, o que torna o exame extremamente desconfortável ou até doloroso. Existem espéculos P e PP que seriam muito mais adequados”, garante a ginecologista Letícia Nacle.

Mas as agressões vão além da orientação sexual.  Racismo e gordofobia são relatos comuns nos consultórios. Mare Moreira ouviu de uma ginecologista que deveria “tomar alguma coisa para emagrecer e que assim eu teria uma vida sexual de verdade”, querendo ligar o fato de ela ser gorda ao de só se relacionar com mulheres. Isadora Costa também teve o mesmo problema, uma das profissionais disse que as dores fortes eram resultado do tamanho do corpo dela. “Você sente cólicas porque está gorda, porque você não se alimenta bem”, disse a médica, sem perguntar sobre a alimentação da paciente

Isadora também vivenciou outra agressão. “Senti muito a questão do elitismo. Esse elitismo médico de quem te olha de cima a baixo. É um desconforto muito grande além da lesbofobia, além da gordofobia. Eu me senti muito diminuída, que não deveria estar ali procurando aquele serviço”, conta.

Qualificação dos profissionais

De acordo com a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, publicada em 2011, os profissionais da área da saúde devem ser capacitados para o atendimento adequado da população LGBTQIAPN+. O Ministério da Saúde afirma que tem trabalhado no âmbito da educação permanente, identificando necessidades e capacitando profissionais de saúde. Um exemplo é o curso “Enfrentamento ao estigma e discriminação de populações em situação de vulnerabilidade nos serviços de saúde”, fruto do Acordo de Cooperação Técnica/ Ministério da Saúde nº 1/2022, que também prevê a revisão da Política Nacional de Saúde Integral LGBT.

Já na formação universitária, a ginecologista Letícia Nacle avalia que o ambiente ainda é “muito conservador” para se discutir essas questões. A médica se formou em 2019 e relata que nunca recebeu nenhum tipo de instrução formal na graduação sobre especificidades no cuidado em relação à saúde e mulheres lésbicas ou de qualquer pessoa da comunidade LGBTIAPN+. “Infelizmente o MEC ainda não contempla a temática da diversidade sexual e de gênero em nenhuma graduação da área da saúde”, menciona.

Derrubando mitos

Mas, de todas as falas médicas relacionadas à saúde das mulheres lésbicas o que é verdade e o que é mito, preconceito e desconhecimento? De acordo como o Ministério da Saúde não há protocolo diferenciado para a coleta de exame citopatológico em mulheres que fazem sexo com mulheres. Para a pasta, todas as mulheres de 25 a 64 anos, independente da orientação sexual e/ou como se relacionam, devem realizar o exame.

A médica Letícia Nacle defende que além de seguir o protocolo médico, o profissional deve dialogar com as pacientes, para que o cuidado prestado seja alinhado com a realidade de cada uma. Ela explica que a realização de exames como ultrassom transvaginal ou coleta de prevenção geralmente são realizados em pacientes que já tiveram algum tipo de penetração. Mas a coleta também pode ser feita em uma paciente que tenha vida sexual ativa sem penetração, se ela se sentir confortável pra isso. E para essa definição uma relação de confiança é fundamental.

Outro mito é o de que lésbicas não devem se preocupar com as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A ginecologista afirma que sim, lésbicas estão sujeitas a essas infecções, mas que hoje a prevenção acontece em forma de “redução de danos”, com orientações para que as mulheres lésbicas mantenham “as unhas sempre curtas e limpas, usem lubrificante e preservativos e evitem sexo oral ou penetrativo no período menstrual”, por exemplo. De acordo com ela, estas falas não levam em conta que a prevenção é dificultada porque “os principais métodos de proteção – para as ISTs - foram criados para o sexo pênis-vagina. Quando falamos sobre mulheres lésbicas cis, são poucas as opções. As calcinhas de látex são caras e de difícil acesso. Os métodos mais baratos e acessíveis são ‘artesanais’ e muitas vezes não são congruentes com a prática sexual lésbica”, enfatiza a médica.

“Eu sei que não é só comigo”

Os dados do Censo 2022, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não traz informações sobre a orientação sexual dos brasileiros, então não é possível saber quantas são as mulheres lésbicas hoje no país. O Ministério da Saúde também não tem – facilmente – dados sobre quantas mulheres lésbicas foram ao ginecologista e fizeram exame de prevenção no último ano. Mas a expressão usada por Mariana Viegas para responder ao convite para esta reportagem diz muito sobre a comunidade lésbica “eu sei que não é só comigo”. E mesmo com a invisibilidade e violência relatada por todas as mulheres aqui ouvidas, elas seguem se amparando e rasgando o preconceito. Seja na criação de conteúdos, como o caso da médica e mulher lésbica Letícia Nacle, seja dando seus relatos como Jussiara, Mare, Mariana, Janaína e Isadora. A visibilidade é construída diariamente e todas elas concordam que é preciso que os brasileiros estudem mais, se conscientizem mais para que todas as mulheres sejam respeitadas em suas particularidades nos consultórios ou fora deles.

Mas caso isso não ocorra, o importante é que a mulher e vítima do preconceito – e suas violências - não se silenciem, ressalta Letícia Nacle. Denúncias de violência ginecológica podem ser feitas pelo Disque Saúde 136 e também pelo Disque 100, que recebe denúncias de quaisquer violações de direitos humanos.

 

 

O clube Sociedade Harmonia de Tênis, um dos mais elitizados da cidade de São Paulo, vai ser alvo de uma manifestação neste sábado (12), às 10h, convocada pela Federação Domésticas SP e o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo. O ato "contra a discriminação dos clubes paulistas" acontece na entrada da instituição, no bairro dos Jardins.

No início de agosto, os sócios do Harmonia receberam um comunicado com as regras do clube, segundo as quais as roupas de babás e enfermeiras "deverão ser obrigatoriamente de cor branca". No caso das babás, podem usar bermuda desde que até a altura do joelho e legging, se a camiseta branca – sem estampa ou transparência - tiver "comprimento próximo ao joelho".

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Os lugares de acesso também são restritos. Se estiverem cuidando de seus patrões infantis, as babás têm "permanência admitida" no parquinho, quiosque e vestiário. Se as crianças estiverem em aula ou atividade esportiva, "deverão permanecer à espera nos locais designados, não podendo utilizar as dependências de uso exclusivo dos sócios".

Se quiserem se alimentar, as trabalhadoras domésticas o podem fazer desde que acompanhadas das crianças. E "exclusivamente" nas mesas que ficam entre o quiosque e a piscina ou em frente ao balcão da lanchonete. Os restaurantes estão vetados, a não ser que as trabalhadoras estejam "acompanhadas das crianças e dos patrões".

Mobilização

Nesta sexta (11), integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos distribuíram panfletos convocando para a manifestação na 25 de março, praça da Sé, Santa Ifigênia e Anhangabaú, na região central de São Paulo.

Silvia Maria dos Santos, que preside a entidade, disse que recebeu o caso com "profunda indignação". "É inaceitável que nos dias de hoje aconteçam ainda essas coisas. Em solidariedade às babás e em defesa de seus direitos é que estamos nesse movimento".

"É uma oportunidade para que possamos mostrar nossa determinação em enfrentar a discriminação e promover um ambiente inclusivo e de respeito para as babás e para todas as profissões", pontuou Silvia. "Pedimos respeito e igualdade para nós, trabalhadoras", resumiu.

A Federação Domésticas SP informou estar recebendo manifestações de trabalhadoras domésticas, em especial babás, que frequentam este e outros clubes paulistanos e se sentem "constrangidas com as exigências e privações".

Em nota, a entidade sindical afirma que as restrições visam "demarcar aqueles que estão no local, mas que não pertencem à classe social dos associados, o que facilita e encoraja a prática de ações discriminatórias contra os empregados domésticos que ali estão exercendo seu trabalho".

"Repudiamos essa atitude terrível justamente por entender que é uma conduta discriminatória que só reforça e valida a marginalização da categoria", afirma Nathalie Rosário, advogada da Federação Domésticas SP.

"A gente está organizando trabalhadoras domésticas, carro de som e contamos também com o apoio da deputada Ediane [Maria, do PSOL], que representa a categoria doméstica na Frente Parlamentar", conta Rosário.

"Vamos até lá fazer essa mobilização para mostrar que a categoria existe, tem voz, merece dignidade, respeito e tratamento igualitário. Não pode haver essa disparidade como há muito vem acontecendo", ressalta.

Clube responde

Procurado, o clube Harmonia disse entender que "essa manifestação parte de premissas e entendimentos equivocados em relação às regras internas e normas estatutárias que estabelecem condições para o acesso de todos os públicos, inclusive não-associados, como amigos e familiares de sócios".

"A nossa história de mais de 93 anos como instituição não contempla qualquer prática ou ação que enseje preconceito e/ou discriminação com quaisquer pessoas, incluindo os acompanhantes de associados, que recebem o mesmo atendimento oferecido em nossas dependências", informou a nota.

Por Gabriela Moncau, para o Brasil de Fato

Aproveitando o hype do filme da Barbie, que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas do país, o Náutico publicou um vídeo em suas redes sociais abordando o fato de ser chamado de 'Barbie' de uma forma preconceituosa pelos torcedores dos times rivais. "Somos o time da Barbie e de muito mais gente #TimeDaBarbie", declarou o clube.

No vídeo, o Náutico fala sobre o apelido e relembra outras referências feitas ao clube. "Barbie...? Pode chamar assim se quiser. Somos muito mais do que um 'apelido'. Somos a Tropa do Rato, somos o Timba", diz o time.

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"Juntando nossas kombis batemos recordes dos estádios por aí" é outra das mensagens no vídeo, fazendo referência a piadas dos adversários de que a torcida alvirrubra seria pequena a ponto de caber toda em uma kombi.

A publicação também destaca que "O Náutico também é preto". Em 2020, o Timbu lançou uma camisa toda preta para emitir uma mensagem de luta contra o racismo e de fazer um reconhecimento histórico. Os alvirrubros foram conhecidos como o "clube dos brancos" por ter sido um dos últimos grandes de Pernambuco a ter negros. Mesmo tendo sido fundado em 1901, só em 1960 o clube teve um negro em sua equipe. Tratava-se de Gentil Cardoso, que foi treinador.

Acompanhado de uma trilha épica, o vídeo, entretanto, recebeu algumas críticas sobre sua execução. "A execução... deixou muito a desejar, mas é errando que se aprende", disse um torcedor. "A ideia foi boa, a execução foi horrível", escreveu outro. 

Outros comentários enalteceram a ação: "Mkt fez história, hein?! Bateu de frente com muita gente preconceituosa que ainda existe dentro do clube e deu uma bela resposta pra aqueles que sempre trataram orientação sexual como algo pejorativo", escreveu um usuário do Instagram. "Quem se dói em ser chamado de Barbie, sugiro que busque um psicólogo e comece a tratar a masculinidade frágil", escreveu outro internauta.

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O pastor André Valadão afirmou nas redes sociais que vai acionar a Justiça contra "aproveitadores de plantão" críticos à pregação em que ele afirmou que se Deus pudesse, "matava tudo e começava de novo", em referência às pessoas LGBT+. Em um culto religioso em português na Igreja Lagoinha de Orlando, nos Estados Unidos, o pastor incitou os fiéis contra a comunidade: "vamos para cima".

"Aproveitadores de plantão estão usando o episódio de maneira distorcida para destilar seu ódio contra cristãos. Também jamais saiu da minha boca a expressão "e Deus deixou o trabalho sujo para nós", que maldosamente inúmeras pessoas espalharam por ai. Essas responderão judicialmente. Basta assistir ao vídeo do culto para ver que essa frase nunca foi dita", escreveu nesta segunda-feira (10).

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O pastor voltou a negar que tenha insinuado que pessoas LGBT+ deveriam ser mortas por seus fiéis. O líder religioso é investigado pela suposta prática crime de homotransfobia.

"Não admito, nunca admiti e não autorizo que nossos fiéis agridam, firam, ofendam ou causem qualquer tipo de dano, físico ou emocional, a qualquer pessoa que seja. Repudio o uso de violência física ou verbal a pessoas por conta da orientação sexual", afirmou o pastor.

Valadão diz que a imprensa teria distorcido suas falas e afirma que apenas repetiu "o que está escrito na Bíblia".

"Minha pregação como pastor foi dirigida apenas a fiéis e está protegida pela liberdade de culto, seja no Brasil, seja nos Estados Unidos. Aproveitadores de plantão estão usando o episódio de maneira distorcida para destilar seu ódio contra cristãos", disse.

Para o pastor, em uma pregação intitulada "teoria da conspiração" proferida no domingo (2), o casamento homoafetivo teria supostamente "aberto as portas" para paradas com "homens e mulheres nus com seus órgãos genitais expostos diante de crianças". "Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal o que a Bíblia já condena", acusou o pastor, em ataque à comunidade LGBT+.

Segundo ele, agora seria "a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais. Ele diz, ‘já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês’", afirmou o pastor, fazendo referência à história bíblica do dilúvio, quando o Deus hebraico teria inundado toda a Terra e salvado apenas uma família de fiéis. O arco-íris, nessa mitologia cristã, significa um juramento de que Deus jamais voltaria a destruir tudo dessa forma.

Nesse sentido, o pastor repete: "você não pegou o que eu disse, tá com você. Vou falar de novo, tá com você. Sacode uns quatro do teu lado e fala: ‘vamos para cima’".

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que o pastor responderá legalmente por "propagar ódio contra as pessoas".

O pastor já sofreu outra representação no Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) por transfobia, que levou o órgão a abrir uma investigação criminal contra ele. Como mostrado pelo Estadão, Valadão também realizou uma campanha dizendo que "Deus odeia o orgulho", em referência ao mês do Orgulho LGBT+, celebrado em junho. "Ah, esse mês é o mês da humilhação", disse o pastor em vídeo vinculado ao post.

Desde 1969, o dia 28 de junho é conhecido como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, onde é levantado as bandeiras do conhecimento e tolerância para as causas de gênero e sexualidade. Comemorando seus 54 anos de história, a homofobia, bifobia, lebofobia, transfobia e muitos outros preconceitos ainda estão fortes na sociedade e podem afetar qualquer pessoa, em qualquer idade.

O ódio, a descriminação e o preconceito direcionado a pessoas trangêneros se caracteriza como transfobia e pode aparecer em discursos de ódio, em estereótipos, em bullying e até em violência física. Em 14 anos no topo da lista, o Brasil é líder em assassinato de pessoas trans, segundo dados do Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), a expectativa de vida de uma pessoa trans no país é de apenas 35 anos.

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O primeiro contato das crianças fora de sua família é com a escola, onde passa grande parte do seu tempo e, por causa disso, deixa de ser apenas um espaço de ensino, mas também de socialização e desenvolvimento. Com o preconceito enraizado na sociedade, muitas crianças podem acabar sendo vítimas deste tipo de violência dentro do seu próprio ambiente escolar.

Uma pesquisa feita em 2021, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), com 120 famílias que possuem crianças e adolescentes (entre 5 e 7 anos) transgênero aponta que 77,5% destes jovens já sofreram bullying dentro da sua escola.

Caso Peróla

No mês do orgulho, no dia 21 de junho, se tornou público um caso de transfobia com uma aluna da Rede Estadual de Pernambuco. Anne Pérola Canuto, de 15 anos, é uma travesti pernambucana e estudante do primeiro ano do ensino médio da Escola de Referência em Ensino Médio Joaquim Nabuco. Em vídeo, Pérola relata o caso de transfobia que sofreu por parte de uma professora da sua escola.

“Eu entrei na sala agora pela manhã e ela me chamou para conversar, após já ter sido transfóbica comigo e eu não ter aceitado isso, porque eu não aceito, eu não abaixo a cabeça para transfóbicos. Ela veio conversar comigo sobre isso e ela se referiu a mim como ele e eu falei ‘É ela’, e ela disse ‘Ele. vou me referir a você como homem, porque aqui é uma conversa de homem para mulher’, como se ela fosse a mulher e eu o homem”, narra a aluna.

Pérola menciona que a professora se recusou a chamá-la pelo seu nome social sendo desrespeitosa e utilizando pronomes masculinos propositalmente, mesmo após ter sido corrigida e solicitada que respeitasse os pronomes que a estudante utiliza. Com o apoio de seus colegas de turma, Pérola foi corajosa em expor sua história.

“Eu me sinto sentida com tudo isso que vem acontecendo e sem saber como reagir, sem nem pensar no que eu possa fazer. Comentários, ameaças e muito ódio de pessoas que, para mim, estão no século 18 e acham que o futuro será denominado por heteronormatividade e cisgenerabilidade. Essa caminhada será longa e com pessoas que me amam e que estão comigo, meu único medo agora é perder minha vida!”, declarou em suas redes sociais.

Pérola agradeceu o apoio dos seus amigos e demais internautas que prestaram sua compaixão com a jovem pela internet. Ela menciona que está sendo difícil processar tudo mas está grata a todos, pois ela não está só.

“A transfobia que eu sofri dentro da sala de aula foi totalmente radical e que são coisas que as pessoas não devem normalizar e romantizar, porque é totalmente ridículo”, finaliza a garota em seu vídeo.

O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco para saber uma resposta sobre o caso de transfobia dentro na escola e a Secretaria informou que está atenta ao caso da unidade EREM Joaquim Nabuco.

“Técnicas da Unidade de Educação para as Relações de Gênero e Sexualidades (Unergs) da pasta estiveram na escola para realizar a escuta das partes envolvidas e promover a mediação do conflito. A falha foi reconhecida e a unidade de ensino recebeu as devidas orientações para que o caso não volte a se repetir”, afirmou a SEE.

Escolas não trans-excludentes

Não ser preconceituoso, é um ato individual. Lutar para que não haja preconceito, é um ato coletivo. É nisso que se baseia o trabalho de tolerância e não exclusão de estudantes transgêneros nas escolas. Um ambiente trans-excludente possui normativas e práticas que ferem os direitos de pessoas trans ou não valorizam sua existência.

Uma escola trans-excludente é aquela que não reconhece e não protege seus alunos ou alunas que estão em situação de vulnerabilidade, de desrespeito ou de bullying por serem quem são. Como um espaço de diversidade, o ambiente escolar deve aparecer como forma de acolher e não afastar seus alunos.

O trabalho não trans-excludente deve aparecer com atitudes de conscientizar os colaboradores e os estudantes da instituição escolar, estar dispostos a ouvir as dificuldades e situações de perigo que os estudantes se encontram e trabalhar a inclusão para que a escola não se torne um local de preconceito.

A secretária executiva de Gestão Pedagógica do Recife (PE), Ana Selva, contou ao LeiaJá que a Rede Municipal do Recife possui ações diárias para prevenção de transfobia dentro das suas escolas, além de ações formativas para enfrentar o preconceito não só com pessoas trans, mas com mulheres, pessoas pretas e LGBTQIA+.

“Dentro dos trabalhos realizados estão o programa “Recife: por uma cultura de paz”, onde os profissionais dessas unidades são escutados e, a partir daí, são desenvolvidas vivências para que todos se comprometam com uma convivência mais respeitosa diante das diferenças. As ações formativas voltadas para o enfrentamento dessas violências de gênero e raça, além do esclarecimento sobre sexualidade, precisam ser constantes”, defende a secretária.

“Os estudantes da rede também contam com o apoio do programa “Escola que Protege”, que oferece suporte psicológico quando solicitado. Para além dessas iniciativas, a política de ensino da Rede Municipal do Recife também aborda temas voltados para o respeito e a igualdade, temas que devem ser inseridos de forma contínua no currículo escolar”, finaliza Ana Selva.

A Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco também afirmou, em nota enviada ao LeiaJá, que promove uma educação inclusiva através de ações, projetos e formações que “buscam acolher estudantes mediante as suas múltiplas individualidades, entre elas, as diferentes identidades de gênero e sexualidades.”

“Projetos e formações continuadas para estudantes e profissionais de educação, tais como o Grupos de Pesquisa e Práticas Pedagógicas em Gênero, Sexualidades e Currículo e a Mostra Andanças de cinema em gênero e sexualidades na sala de aula, buscam enfrentar mitos, tabus e preconceitos que envolvem a temática”, explica a SEE.

Além destes trabalhos, a rede estadual de ensino de Pernambuco possui uma política de uso do nome social desde janeiro de 2018. A Secretaria declara que segue normatizações que favorecem o enfrentamento à violência de gênero e à LGBTfobia.

Os cantos homofóbicos entoados pela torcida do Corinthians no clássico com o São Paulo, há um mês, na Neo Química Arena, em São Paulo, farão o time alvinegro jogar uma partida com portões fechados. A punição foi aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em julgamento nesta quarta-feira.

O Corinthians foi enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que versa sobre "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".

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O próximo compromisso em casa do Corinthians é no dia 2 de julho, às 11h, contra o Red Bull Bragantino, pela 13ª rodada do Brasileirão. O clube pode contestar a decisão da 3ª Comissão Disciplinar do STJD. No julgamento, os auditores ouviram Lúcio da Silva Blanco, administrador da Neo Química Arena, e Alessandro, gerente de futebol do clube paulista. Ambos confirmaram a existência do coro discriminatório.

O clube corria risco até de perder pontos no Brasileirão, conforme determinado pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) em casos de discriminação praticada por um grande número de pessoas ligadas a uma mesma entidade desportiva. A perda de pontos também está prevista no Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, que tem prometido sanções mais severas em casos de discriminação no futebol.

No dia 14 de maio, o árbitro Bruno Arleu de Araújo paralisou Corinthians x São Paulo aos 17 minutos do segundo tempo após a torcida alvinegra entoar cantos homofóbicos contra os são-paulinos. Os corintianos começaram a cantar uma música que se referia aos são-paulinos como "bichas". Só havia torcida do time da casa no estádio.

"Vamos, vamos Corinthians! Dessas bichas teremos que ganhar!", gritavam. No telão da Neo Química Arena, um aviso pedia para que a ação dos torcedores fosse interrompida. "É proibido emitir cantos discriminatórios, racistas, homofóbicos ou xenófobos" dizia a mensagem.

Após a exibição do texto, a torcida corintiana aumentou a intensidade do canto. O árbitro Bruno Arleu de Araújo, então, paralisou o jogo por três minutos, até que os gritos fossem contidos. A partida foi reiniciada normalmente.

Leo, um americano de 14 anos, toma testosterona há seis meses. "Me ajuda muito, me sinto mais seguro de mim mesmo, mais em sintonia com minha identidade de gênero", disse à AFP.

Este adolescente transgênero está preocupado com as leis adotadas por vários estados conservadores para proibir os tratamentos hormonais para menores que não se identificam com seu sexo de nascimento.

"A única coisa que eu quero é que eles me deem a injeção toda semana", diz, com convicção.

Ele conta que se sente "menos deprimido", graças à testosterona, que bloqueia sua menstruação, aumenta os pelos e os músculos do corpo.

Leo mora em uma área rural da Pensilvânia (nordeste), onde há poucos “adolescentes queer”. Por enquanto, têm sido deixados em paz pelas autoridades locais. O que ele espera que continue assim – por sua própria saúde mental.

Antes de começar essas injeções, revela, "eu me machuquei", sem entrar nos detalhes dessas dolorosas lembranças.

Mais de 56% dos jovens trans tiveram ideias suicidas durante a vida, e 31% tentaram suicídio, de acordo com a Academia Americana de Pediatria. Também são mais propensos à depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, comportamentos de risco e mutilação do que outros adolescentes.

"Estudos mostram que esses jovens se sentem melhor quando têm meios para expressar o gênero", com o qual se identificam, por meio de bloqueadores da puberdade, ou tratamentos hormonais, explica Jack Drescher, professor de psiquiatria da Universidade de Columbia.

- "Deprimidos" -

Mas, em nome dos efeitos irreversíveis de alguns desses tratamentos, congressistas de uma dúzia de estados, como Idaho, Indiana e Geórgia, aprovaram leis para proibi-los, às vezes acompanhadas de penalidades para os médicos que se arriscarem a violá-las.

“Talvez protejam algumas crianças, aquelas que estão confusas, pensam que são transgênero e depois se arrependem, mas fazem isso às custas daqueles que se beneficiam desses tratamentos”, lamenta o professor Drescher.

Para além da legislação sobre os tratamentos médicos, esses estados também multiplicam as leis para proibir estudantes trans de usarem banheiros de acordo com o gênero com o qual se identificam, ou ainda, para excluir mulheres trans das equipes esportivas femininas.

“Por causa de todas essas leis, muitos jovens estão muito deprimidos, não têm mais fé no futuro”, alerta Rachel Smith, uma mulher transgênero de 47 anos que trabalha como terapeuta comportamental com jovens trans em Baltimore.

Segundo uma pesquisa feita pelo Trevor Project, associação de combate ao suicídio que trabalha com jovens LGBTQIA+, 86% dos jovens trans, ou não-binários, afirmam que esse frenesi legislativo teve um impacto negativo em sua saúde mental.

- "Medo" -

Recentemente, tanto Rachel quanto Leo participaram do "dia da visibilidade trans" em Washington, D.C., onde uma artista vestida de branco e manchada de sangue falso chamou a atenção para o risco de suicídio na comunidade.

A terapeuta considerou essa ação benéfica, apesar do risco de agravar a angústia dos pais, apavorados com o contexto atual.

"Tenho medo pelos meus filhos", desabafa Jaclynn, uma mãe de 44 anos que mora em uma cidade na Carolina do Norte (leste).

De seus quatro filhos, um é transgênero, e outro, queer.

"Ambos estão fazendo terapia, e um deles já tentou suicídio", diz.

"Foi em parte por isso" que ela levou os dois para o ato em Washington: para ajudá-los a se sentirem acompanhados.

As pessoas trans e suas famílias temem que esse clima gere hostilidade.

O padrasto de Leo, que o acompanhou ao protesto em Washington, disse se sentir aliviado, porque "ninguém gritou com eles".

No dia seguinte, porém, na capital, um pequeno grupo de ativistas de extrema-direita atacou ativistas que levavam cartazes com frases como "Protejam a juventude trans", em frente à Suprema Corte.

A polícia intercedeu rapidamente, e ninguém ficou ferido.

Duas pessoas - mãe e filha - registraram queixa de racismo contra um supermercado da Gávea, na zona sul do Rio. Elas tinham sido acusadas de furtar um celular enquanto estavam na fila do caixa.

A acusação foi feita por outra cliente, que também estava na fila, mas saiu para pegar um item e, na volta, alegou que o aparelho estava ali e fora subtraído. A cliente chegou a tomar a bolsa da vítima e revistá-la em busca do celular.

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Pouco depois, o celular foi localizado, por uma funcionária do mercado.

As vítimas, Joana Serafim, e sua mãe, Francisca Serafim, registraram o caso na 15ª DP, na Gávea (zona sul do Rio), como injúria por preconceito. Em nota, a Polícia Civil informou que "as vítimas prestaram depoimento e os agentes requisitaram as imagens das câmeras do estabelecimento". Disse ainda que "outras diligências estão em andamento para esclarecer os fatos", sem detalhar.

O jornalismo esportivo carrega um tabu que vem sendo quebrado aos poucos nas últimas décadas – a presença das mulheres na área. No último século, ver uma delas ocupando a vaga de repórter na beira de um gramado de futebol, por exemplo, era bem raro. Agora, as coisas estão diferentes.

A repórter Juliana Alvarez é um exemplo disso. Ela não começou no jornalismo com o objetivo de fazer esporte, mas acabou se encontrando na área e, hoje, trabalha no Globo Esporte Pará, programa da TV Liberal, afiliada da Rede Globo.

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“Estou em um momento de querer explorar meu lado criativo e o esporte me permite isso. Grandes nomes do jornalismo passaram pelo esporte. É um ambiente muito legal para nos descobrirmos como repórter e exercitar nosso olhar. O esporte, apesar de ser ‘sempre um jogo de futebol’, quanto mais parecido é, mais você tem que se atentar aos detalhes e conseguir construir uma história a partir disso”, afirma Juliana.

Antes de chegar à TV Liberal, Juliana trabalhou no SBT, e foi lá onde “tudo começou”. Ela era do jornalismo geral, porém, um dia, por não ter repórter esportivo na emissora, foi chamada para “quebrar o galho”. Era uma área diferente para a jornalista e justamente por isso que ela se encantou.

Na época, o SBT não tinha um programa voltado apenas para a área. Mas em 2023, na TV Liberal, a repórter entrou de cara no esporte e a trajetória não vem sendo muito fácil; às vezes, pode ser rodeada de preconceito.

“Existe um olhar diferente. Tenho pensado muito sobre isso, pois no meu dia a dia eu passo por situações que normalmente repórteres homens do esporte não passam. Costumo dizer que estudo muito mais para que as pessoas possam, a partir do meu discurso, compreender que entendo de esporte o tanto quanto elas. Na cabine de transmissão, geralmente, sou a única mulher e isso me assusta. Eu sinto que tenho que estudar o dobro, me esforçar o dobro, para que as pessoas consigam ver que a minha qualidade profissional é igual à de um homem”, conta a repórter.

A jornalista também destaca os julgamentos a respeito dela, mas não dá muita importância e ressalta que “responde” a eles trabalhando e mostrando como pode ser igual ou até melhor que muitos homens na área.

“Tem gente que acha que estou no esporte por demérito, por não conseguir uma vaga no jornalismo no geral e acabei caindo no esporte, mas não foi assim, foi uma escolha. No dia a dia, fazendo o meu trabalho de formiguinha, mostrando que eu mereço respeito, que entendo do que estou falando. É muito ruim esse exercício de você ter que provar para o outro que você merece estar ali”, assinala.

Juliana vem sendo inspiração para muitas meninas que sonham em um dia trabalhar com jornalismo esportivo. O fato de ela aparecer praticamente todos os dias na televisão falando de esporte e mostrando que as mulheres também podem conhecer de futebol, basquete, vôlei, entre outas modalidades, serve e muito para a evolução da profissão e a quebra de tabus. Ela deixa um recado para aquelas que se espelham no trabalho dela.

“Estudar é o caminho mais curto para nós chegarmos. Ter referência é fundamental. O caminho para a mulher no esporte é mais árduo, mas temos potencial, um olhar diferente que talvez os homens não tenham. Acho que o nosso receptor quer esse olhar diferente”, finaliza.

Por Eduardo Quemel (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

O doutor Fred Nicácio foi o sétimo eliminado do Big brother Brasil 2023. Após ter deixado a casa, na noite da última terça (28), ele participou do Bate-Papo BBB e foi às lágrimas ao descobrir ter sido alvo de comentários racistas e intolerantes dentro do confinamento. 

Durante a entrevista pós-eliminação, Fred pôde assistir a algumas imagens do reality; Ele então viu quando Cristian falou para Gustavo e Key que o viu parado em frente à cama do casal durante uma madrugada. Eles fizeram comentários intolerantes e demonstraram medo diante das orações do médico. O caso repercutiu negativamente nas redes sociais e rendeu broncas do apresentador do programa, Tadeu Schmidt. 

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Visivelmente emocionado, Fred comentou as imagens e falas dos ex-colegas de confinamento. “Isso não é interpretação equivocada, é julgamento, intolerância religiosa. Isso é muito grave. Isso machuca muito. Isso mata pessoas no Brasil inteiro. Isso destrói a fé e aniquila pessoas. Isso é muito sério. Isso machuca a gente”. 

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Nicácio completou sua colocação apontando a intolerância religiosa contida no comportamento dos brothers. “Jamais poderia imaginar que isso estava acontecendo. É muito sério você associar religiões de matizes africanas a maldade, perversidade, desejos ruins. O que há de mal nisso? É muito triste você ter que ouvir pessoas falando isso. Apertar o botão, Key? Sabe o que é mais louco? 3 pessoas brancas falando disso. Para além de religião, é racismo religioso, associado a intolerância religiosa”.

Gil do Vigor sofreu um ataque homofóbico nos Estados Unidos, onde mora atualmente para cursar um programa de PhD. O ex-BBB fez um desabafo e relatou a violência sofrida em um posto de gasolina, enquanto abastecia seu carro. 

O economista começa dizendo que dançava enquanto abastecia o automóvel, e que esse é um costume seu, quando percebeu uma movimentação em outro carro que passava pelo local. "Um homem passou dentro do carro ao meu lado, abriu a janela e fez sinal de arma como se estivesse atirando em mim, mas sem a arma, apenas o gesto. Fiquei assustado na hora mas depois entendi o acontecido! O preconceito mata".

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Em seguida, Gil fez um pequeno desabafo e lamentou pelo preconceito que ainda existe e faz vítimas fatais. “As pessoas se sentem ofendidas pelo simples fato de existirmos. Meu sonho é um dia vivermos em um mundo seguro para todes!”

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A escola de samba Unidos do Viradouro afastou os seguranças que impediram uma mulher trans de usar o banheiro feminino durante ensaio na quadra da escola, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Através de nota, a presidência da escola classificou a situação como “inadimissível”.

“Reiteramos que nossa quadra é um espaço de acolhimento, de alegria e de respeito à diversidade. Atitude como a de ontem não expressa o espírito da nossa diretoria e tampouco de nossa comunidade”, disse.

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Em publicação conjunta no Instagram com a primeira vereadora travesti eleita no Rio de Janeiro Niterói Benny, os perfis informaram terem acompanhado Ravache numa reunião agendada pela escola de samba, que aconteceu na tarde da quarta-feira (1º), com o objetivo de tentar resolver o ocorrido.

“Pontuamos como a situação ocorrida caracteriza crime e medidas já foram tomadas pela escola, antes mesmo de nosso encontro. Estamos num momento onde não é uma escolha respeitar as identidades de travestis, homens e mulheres trans e pessoas não binárias, isso é uma obrigação instituída pela lei de número 7.716/1989”. 

“A diretoria [da escola de samba] não se eximiu de suas responsabilidades e se mostrou aberta ao diálogo para darmos início a uma parceria”, complementou. Também foram enviadas uma série de processos, incluindo política de orientação sobre regras de conduta para funcionários, prestadores de serviços e componentes da agremiação a respeito da diversidade de gênero. 

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Um vídeo gravado na noite da terça-feira (31), mostra o momento em que Milena Revache foi expulsa do local pelos seguranças. O caso foi registrado como constrangimento ilegal e preconceito na 78º Delegacia de Polícia, no mesmo bairro do ocorrido. 

O amigo de Milena, Eduardo Mello, questionou sobre os direitos dos LGBTQIA+.

“Minha amiga sendo retirada da Viradouro por não poder usar o banheiro. Uma mulher sofrendo transfobia. Mulher trans operada resignada é proibida de usar o banheiro feminino na Unidos do Viradouro no ensaio técnico. Sofrendo preconceito e sendo colocada para fora pelos seguranças de forma grosseira”, apontou. 

O preconceito contra os exames de rastreamento para câncer de próstata, como o toque retal, e a desinformação estão entre os principais inimigos da saúde dos homens. Seis em cada dez homens no Brasil só procuram um médico quando os sintomas estão insuportáveis. É o que mostra uma pesquisa do Centro de Referência da Saúde do Homem da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. A consequência é que 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados em estágios avançados.

 Essa estatística já mostra o tamanho do desafio da campanha Novembro Azul, de conscientização sobre o câncer de próstata. Esse descuido com a saúde retarda a detecção de muitas doenças. “Ainda não existe no Ministério da Saúde um programa específico de saúde do homem, com protocolos de rastreamento. Seguimos as diretrizes e recomendações da Sociedade Brasileira de Urologia, que é de pelo menos um exame de toque retal e um exame de PSA por ano, para homens a partir dos 50 anos. Nos casos em que há um risco maior, esse intervalo diminui para seis meses, a partir dos 45 anos. Fazemos um rastreamento por idade”, explica o urologista Gilflávio Normandes, do Centro de Tratamento Oncológico.

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O câncer de próstata é o 2º tumor mais frequente entre os homens, após os tumores de pele (não melanoma). No Brasil, registra-se, em média, um diagnóstico de câncer de próstata a cada sete minutos, e uma pessoa morre por causa da doença a cada 40 minutos. A mortalidade por câncer de próstata atinge 25% dos pacientes. Esse percentual poderia ser menor se todos os casos fossem detectados com antecedência.

Apesar de ainda ser motivo constrangimento para muitos homens, o toque retal é importante para identificar possíveis alterações na próstata. Cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. O exame de sangue para detectar o nível do PSA é o outro exame muito importante. Segundo a estimativa do INCA, em 2022 serão diagnosticados mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura são de 90%.

Diagnóstico tardio

Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Por isso, é fundamental realizar exames periódicos, mesmo que não exista nenhum incômodo aparente.

A campanha do Novembro Azul de 2022 chama a atenção desses homens que negligenciam o autocuidado. O lema deste ano - “Cuide do que é seu” - é um alerta à população masculina, de que 11% dos homens vão desenvolver o câncer de próstata e, por isso, é preciso prevenir e fazer exames periódicos.

 O câncer de próstata se instala de maneira silenciosa. Na fase inicial, ele não apresenta sintomas. Nas fases avançadas, os sintomas são: dor, ardor ou dificuldade de urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga, dor ao ejacular, presença de sangue na urina e dor óssea – sinais que só se manifestam nos casos mais graves.

 A idade é um dos fatores de risco, cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos. Além disso, o histórico familiar também influencia. “Homens que têm parentes de 1º grau, como pai ou irmão, que tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, ou mesmo mulheres na família, como a mãe, que tenha tido câncer de mama, o risco é aumentado. O mesmo acontece com homens da raça negra, que tem uma incidência maior da doença”, explica Gilflávio Normandes.

Os fatores relacionados com o estilo de vida também aumentam o risco para a doença: alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos; sedentarismo e obesidade.

Com informações do CTO.

Em um comunidado divulgado nessa quarta-feira (5), Luísa Sonza assumiu que foi racista com Isabel Macedo de Jesus e compartilhou um pedido de desculpas. Antes, ao tomar conhecimento do processo judicial que repercutiu na imprensa, a cantora chegou a alegar que a acusação era absurda e que jamais ofenderia outra pessoa pela cor da pele. 

Na ação por danos morais impetrada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em 2019, Isabel conta que passava férias em Fernando de Noronha e acompanhava a apresentação da cantora em um festival gastronômico na Pousada Zé Maria quando foi abordada por Luísa, que ordenou que lhe trouxesse um copo com água. 

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Isabel informou que não era funcionária do estabelecimento, o que teria deixado Luísa "visivelmente surpresa", destacou na ação. A postura da artista levou a denunciante a crer que o fato decorreu dos seus traços raciais e, por esta razão, registrou uma ocorrência na delegacia de Fernando de Noronha, mas disse que os policiais não ligaram para o caso.

 Com a repercussão na imprensa, em 2020, Luísa Sonza chegou a negar as acusações: "tudo isso pe mentira! Não acreditem nisso! Eu jamais teria esse tipo de atitude", escreveu nas redes sociais. Na época, a assessoria da cantora também informou que o caso era falso e que vinha "em um momento oportunista em razão do crescimento exponencial da carreira da artista". 

Em seu pedido de desculpas, ela reconheceu que reproduziu o racismo estrutural, mas indica que não teve intenção. Luísa também enfatizou que nem ela nem sua equipe quiseram se referir a Isabel como mentirosa. Na nota que teria sido feita junta com Isabel, a cantora pede desculpas a autora do processo e a todos que já sentiram as consequências do preconceito racial. 

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