Redes sociais viram "barzinho" para músicos de SP

Com a vida noturna prejudicada pela pandemia, artistas improvisam novos palcos com transmissões ao vivo

por Alex Dinarte ter, 31/03/2020 - 18:57

Com o isolamento social recomendado  pelas autoridades de saúde, bares de bairros famosos pelo movimento noturno não estão recebendo os tradicionais frequentadores. As noite regadas a bebidas e muita música deram lugar ao silêncio. A quarentena instituída para tentar frear o avanço da pandemia de Coronavírus (Covid-19) afetou a vida e as finanças dos músicos.

A criatividade aguçada pelo dom e a necessidade de seguir em dia com as contas fizeram com que o músico Rogerio Silva, de 57 anos, transformasse sua conta no Instagram em palco. As transmissões ao vivo estão rendendo frutos para o instrumentista. "Gosto e uso a tecnologia para divulgação  dos meus shows, mas não tinha a dimensão do real alcance das redes sociais. Agora que compreendi essa força, pretendo continuar a usá-la, fazendo apresentações online e incrementando os outros canais", declara.

O músico Rogério Silva em uma de suas apresentações online. Foto: Daniela Resch/Divulgação

Mesmo sendo afetado diretamente pela atual situação,  Silva pondera a favor do isolamento social. "Óbvio que há preocupação com o emprego, mas eu prefiro os falidos aos falecidos", reflete. Com 41 anos de carreira e tendo a Música Popular Brasileira como bandeira, o cantor e compositor se lembra de ter vivido uma situação financeira  parecida no tempo em que a fiscalização da Lei do Silêncio, no início da década, foi rigorosa.

Apesar de a renda com os eventos ter diminuído, o artista agradece aos seguidores pelo prestígio e pela colaboração no esquema "chapéu virtual", em que os espectadores  podem contribuir com o artista. "A resposta tem sido além das minhas expectativas, as pessoas têm ajudado e eu só tenho a agradecer, pois neste momento qualquer ajuda é bem vinda", comenta o violonista, que é figura famosa nos bares da Vila Madalena, bairro  boêmio da capital paulista.   

Outro que está no ar por meio  das mídias sociais é o motorista e músico Willians Caetano, de 45 anos. Conhecido como China da Vila Formosa, o cavaquinista não está recebendo cachê, mas aproveita a quarentena nas duas funções que exerce para se aproximar dos seguidores em seu perfil do  Facebook. "Faço as minhas transmissões ao vivo, tenho meu repertório, que é samba contemporâneo, e se a galera pedir eu canto com o maior prazer, eu adoro o que eu faço", ressalta China.

China da Vila Formosa tem feito lives no Facebook acompanhado de seu cavaquinho. Foto: Reprodução/Facebook

Além de fazer a alegria dos fãs que acompanham seu trabalho há mais de 30 anos, China acredita que haja uma boa troca entre ele e a plateia do outro lado da tela e garante que seguirá embalando o isolamento com muito samba. "Pretendo continuar sim, passo mais conhecimento para o povo e também aprendo muito", considera. Junto do seu inseparável  cavaquinho, o sambista complementa. "Se depender de mim, faço todos os dias, a música faz parte da minha vida", finaliza.   

Para prestigiar o talento de  ambos, basta segui-los nas redes sociais. Enquanto houver isolamento social, o violonista Rogerio Silva se apresenta de forma exclusiva e sempre ao vivo no Instagram @s_rogerio. Já o cavaquinista  e representante do samba China da Vila Formosa aparece em sua conta no Facebook.  

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