Políticas públicas devem promover mais acesso à leitura

Fatores históricos mostram que os livros ainda estão longe do universo dos brasileiros

seg, 12/10/2020 - 09:28
Whatsapp A estudante Louise Pinto destaca a importância da leitura como vivência humana Whatsapp

A leitura é essencial para a construção do conhecimento e deve ser estimulada por meio de políticas públicas que reforcem a integração educacional e permitam o acesso a livros por toda a população. Essa posição unânime de educadores, reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), sustenta as comemorações de uma data marcante: o Dia Nacional da leitura – 12 de outubro –, instituído por meio da Lei nº 11.899, de 8 de janeiro de 2009, que também prevê a celebração da Semana Nacional da Leitura e da Literatura no Brasil.

Para entender a questão da leitura no Brasil, é importante compreender o histórico cultural brasileiro desde a colonização. Segundo Elaine Oliveira, professora de Estudos Literários, não houve no país uma política de educação e cultura voltada para todos os cidadãos. “No Brasil, a circulação de livros e jornais sempre foi restrita à elite”, explicou.

A professora destaca que, só em 2003, foi instituída uma lei nacional do livro. A Lei nº.10.753, que ficou conhecida como Lei do Livro, tinha o objetivo de aumentar a produção de livros e fazer com que chagassem a população. “Em toda a sociedade, em qualquer faixa etária, o livro deveria fazer parte da vida do cidadão”, afirmou.

De acordo com a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", divulgada em setembro pelo Instituto Pró-Livro (IPL), o país perdeu 4,6 milhões de leitores adultos em quatro anos. Para Elaine, o fator econômico tem grande influência nessa perda, além da falta de incentivo estatal e familiar.

A pedagoga Minéia Neta Braga, que é voluntária do projeto Espaço Cultural Nossa Biblioteca, afirma que um país que perde leitores, perde também sua capacidade de pensar e reagir perante situações que violam seus direitos. “Nós queremos um povo consciente de seus deveres e direitos, um cidadão atuante em suas comunidades”, ressaltou.

Entretanto, apesar dos dados preocupantes, a pesquisa do IPL também mostrou que crianças de 5 a 10 anos estão lendo mais, diferentemente das outras faixa etárias. Isso porque há um estímulo, que precisa ser reforçado com o apoio do governo, da família e escola.

A professora Elaine Oliveira afirma que o Estado precisa propiciar políticas com livros mais baratos e investir em bibliotecas com acervos diversificados. De acordo com a professora, uma sociedade leitora transforma seu país. “Infelizmente, o Brasil ainda está muito atrasado. A gente ainda está brigando por políticas básicas de leitura”, salientou.

Para a estudante de Psicologia Louise Pinto, de 18 anos, ler é uma das coisas mais importantes para a vivência humana. "A leitura sempre esteve presente em minha vida e foi muito importante para a minha formação e para construção de minhas visões de mundo", afirmou.

Por Quezia Dias.

 

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