Quando a experiência encontra a oportunidade

Além de conhecimento e determinação, a abertura de um negócio requer do empresário a ousadia para saber aproveitar as chances dadas pelo mercado e alcançar o sucesso

| qui, 15/12/2011 - 10:30
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Em cinco anos, muitas coisas podem mudar. E no mercado empresarial, esse período é o suficiente para trilhar o caminho do sucesso. Imagine você, com anos de experiência de trabalho, largar tudo para ter um negócio e escrever a própria história como empreendedor. Para muitos, parece uma loucura, um risco pelo qual não vale à pena correr. Mas, cada vez mais brasileiros estão somando planejamento e vontade de vencer desafios e encarando a mudança de status: de empregado para empregador.

Entre 2001 e 2009, 2,7 milhões de pessoas tornaram-se empreendedoras em todo o Brasil. O dado é do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2010/2011, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ao todo, 22,9 milhões de brasileiros empregam pessoas ou trabalham por conta própria, representando 22,7% da população economicamente ativa.

Vale salientar que, no período citado, o mundo inteiro sofreu com a crise econômica dos Estados Unidos e Europa, quando milhões de empresas fecharam ou precisaram fazer demissões em série para evitar a falência. No Brasil, como em alguns outros países, foram as empresas pequenas que mantiveram os empregos. “Enquanto as grandes corporações demitiam, as pequenas deram uma sustentação ao mercado, mantendo os postos de trabalho e aproveitando os benefícios fiscais da Lei Complementar 123 para crescer. Foi aí que as MPEs ganharam mais notoriedade”, frisa o presidente da Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, José Tarcísio da Silva.

Adriana Souza e Edbugue Gomes passaram por esse período de crise financeira no País e saíram dele fortalecidos para ampliar os negócios. Com 16 anos de experiência em administração hoteleira, Adriana viu num anúncio de venda de um hotel uma oportunidade de investimento. Como o casal não tinha recursos suficientes para comprar o espaço naquele momento, fecharam um acordo do aluguel, com pretensões de compra. “O início foi difícil, devido às dificuldades financeiras, mas hoje comemoramos a estabilidade. Nada veio sem esforço. Tivemos que reformar e mudar muitas coisas, inclusive o nome do hotel. Começamos mesmo do zero”, conta Adriana. Atualmente, o Catamarã Park Hotel, localizado em Jaboatão dos Guararapes, representa a primeira vitória dos dois empreendedores, que não pararam por aí.



Em 2010, uma nova porta se abriu para eles. E tudo começou com uma placa de vende-se. Edbugue passou pela avenida Ribeiro de Brito, em Boa Viagem, viu o anúncio em ponto comercial que já estava fechado e pensou ser aquela mais uma possibilidade de crescimento. Hoje. à frente da Comedoria do Eddi, especializada em comida japonesa, o casal trabalha para chegar ao período de calmaria e começar a colher os frutos do investimento, assim como já ocorre com o hotel. “Esse início é sempre difícil, porque o retorno financeiro não é rápido. É preciso ser dedicar e se organizar”, diz a empresária.

O casal é um bom exemplo de empreendedores de oportunidade. “Esse é aquele que tem experiência e saber aproveitar a chance que tem para empreender, para crescer. Os empreendedores de verdade enxergam uma oportunidade no problema e não um problema na oportunidade. É preciso ter coragem, ousadia, criatividade e saber planejar bem o negócio. Esse é um passo essencial para obter o sucesso”, salienta o consultor empresarial e especialista em administração Carlos Roberto Harduim. Ele também recomenda que o empresário nunca descuide da formação. “Seja por cursos, graduação ou pós-graduação, a formação não pode ser deixada de lado. É o melhor que se pode fazer”, salienta.

LEGALIZAÇÃO
Para agilizar a abertura das empresas, o novo Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte prevê a implantação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). O sistema integra todos os processos dos órgãos e entidades responsáveis pelo registro, inscrições, licenciamentos, autorizações e baixas das empresas, por meio de uma única entrada de dados e de documentos, acessada pela internet. A ideia é diminuir a burocracia, que hoje faz o empresário esperar meses até efetivamente estar legalizado. 

Em Pernambuco, o sistema ainda não está funcionando. Os empresários ainda precisam ir na Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), na prefeitura, na Receita Federal, na Secretaria da Fazenda, entre outros órgãos, para conseguir a autorização para empresa funcionar. A expectativa da Jucepe é que a Redesim seja implantada em junho no Estado. “A empresa que irá desenvolver o sistema em Pernambuco já foi contratada. Estamos reunindo todas as entidades envolvidas no processo se legalização, para estruturar a ação. Acredito que em 3 ou 4 anos, o sistema esteja funcionando integralmente”, informa o secretário geral da Jucepe, Roldão Alves Paes Barreto.

O segmento das micro e pequenas empresas aguarda para ver esse serviço funcionar e facilitar a vida de quem desejar abrir o próprio negócio.


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