Com pompa de jogador europeu e status de ídolo, o atacante Grafite, literalmente, desembarcou no Arruda para ser apresentado oficialmente como reforço do Santa Cruz. Cerca de sete mil torcedores acompanharam os shows de vários artistas tricolores como Nando Cordel e Maciel Melo até a chegada do atleta, que aconteceu de helicóptero no final da tarde desta quarta-feira (1º).

Surpreso com a receptividade, Grafite agradeceu ao carinho da massa coral. “Obrigado pela moral. Estou há três dias ensaiando palavras para falar aqui. Mas só tenho a agradecer ao presidente, ao Tininho (vice-presidente de futebol), jogadores, ao professor Martelotte e a vocês pelo carinho e respeito. Não imaginava tudo isso. Espero, de coração, retribuir tudo isso honrando a camisa do Santa Cruz. Espero que essa união entre torcedores, jogadores e diretoria seja por toda a temporada porque vamos precisar disso para voltar à Série A”, disse Grafite em meio à aplausos da torcida.

O atacante coral, que vestirá a camisa 23 seu número da sorte, autografou bolas e camisas para os torcedores. Grafite teve de enfrentar uma marcação cerrada dos tricolores para deixar o gramado do Arruda e seguir até o auditório para a entrevista coletiva. 

Entusiasmado com o grande reforço, o presidente do Santa Cruz, Alírio Morais, iniciou a cerimônia de apresentação de Grafite. “Hoje renasceu a esperança no torcedor do Santa Cruz de voltar a ser o que sempre fomos: um clube grande, forte e unido. Imaginamos que com a chegada do nosso G23 a gente possa encontrar o caminho das vitórias”, afirmou o mandatário coral, antes de agradecer ao responsável pela vinda do atacante.

“Quero fazer um agradecimento a Thomaz Barbosa conselheiro e amigo do clube. A gente deve muito a vinda de Grafite a ele. No Dia dos namorados, após uma conversa no clube, ele saiu falando que talvez no dia seguinte teria uma surpresa. E eis que a surpresa está ao nosso lado. Em nome da torcida, obrigado, Thomaz Barbosa”, agradeceu.

Após a palavra do presidente Alírio Morais, o atacante Grafite concedeu a entrevista coletiva de apresentação. Confira abaixo na íntegra:

Retorno

- Obrigado a todos. Espero estar voltando novinho. Estou contente e feliz por estar aqui nessa coletiva ao lado de vocês e da minha família para retornar o Santa Cruz depois de 13 anos. Foram conversas longas e, graças a Deus, chegamos a um acordo. Espero retribuir esse carinho da melhor maneira possível. Ajudando, fazendo gols e levando o Santa Cruz de volta à Série A. O projeto, a identidade que tenho com o clube e o fato de morar no Recife pesaram bastante para voltar. É um projeto que estou acreditando e posso me encaixar bem.

Recepção da torcida

 - Eu não sabia se fazia foto ou vídeo. Fiquei perdido. Não consegui nem tirar o cinto direito, estava descendo do helicóptero com o fone. Foi uma emoção grande por causa desses 13 anos fora do Santa Cruz. Nunca tive uma recepção dessa maneira e estou feliz com esse carinho. Foi difícil sair do helicóptero e ver aquele monte de torcedor. Nem sei quantos tinham.  Não tinha dimensão desse carinho. Hoje tive a noção do que eu represento para o clube e para o Estado. Espero retribuir em campo.

Outras propostas

- Houve contato de alguns clubes da Série A, mas não chegaram a ser oficial. Até duas semanas minha expectativa não era estar aqui. Eles (diretoria) realmente me surpreenderam e aceitei. Estou engajado com o compromisso.

Liderança

- Pelo fato da minha idade, ter rodado bastante e fui campeão nos últimos cinco anos, acho que posso ter esse papel ajudando. Dentro e fora de campo também. Minha conduta será importante para ser exemplo aos mais jovens. 

Condicionamento físico

- Meu último jogo foi no dia 26 de maio. Depois joguei algumas peladas, mas procurei descansar porque a temporada não foi fácil. Comecei desde a semana passada um trabalho de recondicionamento físico. Ainda terei de voltar para Dubai e depois Doha para agilizar a documentação para voltar o mais breve possível.

Estreia

- A principio só depois do dia 31, porque tenho contrato com outro clube. Estou indo lá para rescindir e voltar para o Recife para ficar à disposição do professor Marcelo Martelotte. Pelo que me conheço, até o mês que vem terei condição de jogo.

Ídolo

- Graças a Deus tudo aconteceu muito rápido na minha carreira. Me profissionalizei com 22 anos e o começo foi difícil. Foi complicado, mas tive o apoio do professor Muricy aqui no Santa Cruz. Volto mais experiente, com mais rodagem no futebol brasileiro, europeu e asiático. Volto com status de ídolo, mas terei de provar em campo. Cheguei aqui um menino e, hoje, volto como um jogador consagrado no futebol brasileiro. Será uma experiência positiva. 

Aposentadoria

- É cedo. Vamos analisar como será esse ano. Há a possibilidade de renovação, por minha parte e espero que do clube também. Não é o meu objetivo parar no próximo ano. Mas, no final do contrato a gente conversa.

Projeção de gols

- Penso em marcar gols, mas uma coisa de cada vez. Não pode querer estar na Série B, chegar e ser artilheiro. Quero muito fazer gols, mas até fazer tem uma distância grande. Estou concentrado em ajudar a equipe. Sei que o time não depende única e exclusivamente do meu futebol, tem meus companheiros também. É um esporte coletivo. Espero agregar bem com eles em campo, fazer gol e dar passe. Não adianta eu ser artilheiro e o Santa Cruz ficar na Série B.  Tem que ter o conjunto e todos ganharão no final.

Camisa 23

- Esse número já vem me acompanhando há oito anos, desde que cheguei na Alemanha e vem me dando sorte. Conquistei títulos, marquei gols e joguei bem. Pedi para dar continuidade. Quando estava negociando, ouvia da diretoria que estavam precisando do camisa 9. Pensei que eles queriam que eu jogasse com a camisa 9. Mas ontem perguntei se podia jogar com a 23 e falaram que não teria problema. É o número que gosto e espero que continue dando sorte.