Nem tudo foram lágrimas

Presidente da época da Batalha dos Aflitos, Ricardo Valois revela recuperação rápida depois do revés e confirma superação alvirrubra nas temporadas seguintes

por Fernando Sposito qui, 26/11/2015 - 08:05
Beto Figueirôa/JC Imagem/Estadão Conteúdo Presidente do Náutico em 2005 afirma que cenas de choro pouco duraram entre os alvirrubros Beto Figueirôa/JC Imagem/Estadão Conteúdo

É verdade que até hoje a Batalha dos Aflitos repercute como um dos jogos mais inusitados da história do futebol. Para o Grêmio, terminou em redenção. Pelo lado do Náutico, o choro foi o resultado final. Mas também é fato que a tristeza não ficou entranhada nos alvirrubros. Pelo menos, não a ponto de comprometer a temporada seguinte. Pois é. Em 2006, ano subsequente à Batalha dos Aflitos, o Timbu não sentiu a ressaca, subindo para a Série A. E o principal: comparando os 10 anos anteriores ao confronto com o Grêmio à década que se encerra neste ano, os alvirrubros se mantiveram na elite nacional por mais tempo no período pós-derrota para os tricolores gaúchos.

Entre 1995 e 2005, o Náutico figurou entre os principais times do Brasil apenas na temporada 2000. E sem tantos méritos como viria a ter depois. Afinal, naquele ano, o Campeonato Brasileiro foi representado pela Copa João Havelange, torneio que não apresentava moldes seletos para listar seus participantes. Foram reunidos 116 times, de três divisões, numa só disputa. Aí, sim, o Náutico apareceu entre os inscritos.

Já na década seguinte à Batalha dos Aflitos, apesar do revés histórico ante os gremistas, o Náutico apresentou uma trajetória mais estável no futebol nacional. Contando com campeonatos brasileiros mais disputados, na fórmula de pontos corridos – modelo adotado a partir de 2003 –, o Timbu pôs o escudo alvirrubro entre os melhores do país nas temporadas 2007, 2008, 2009, 2012 e 2013.

Um dos alvirrubros que participaram do reerguimento do Náutico depois da Batalha dos Aflitos foi o presidente da época do fatídico duelo, Ricardo Valois, que liderou o clube nos biênios 2004-2005 e 2006-2007. O ex-mandatário contou à reportagem do Portal LeiaJá como aconteceu a recuperação do Timbu diante da Batalha, e ressaltou a persistência dos diretores daquela temporada na missão de recolocar o time na elite brasileira.

“Não havia tempo para lamentações. O futebol não nos permite prolongar sofrimentos. Então, na segunda-feira seguinte ao jogo, reuni minha diretoria e dei a todos a opção de acreditar no projeto ou abandonar o barco. Todos quiseram permanecer, e o resultado foi o acesso logo no ano seguinte”, relembrou Valois. E confirmou a tese de que o fatídico revés terminou marcando uma transição de patamares positiva nos anos seguintes: “Após aquele dia, o clube cresceu, de forma geral. Além de subirmos de divisão, investimos no Centro de Treinamento, melhoramos o centro administrativo alvirrubro e muitas outras mudanças”.

O ex-presidente afirmou que, desde que acompanha o Náutico, sempre costumou ver o clube se superar nos momentos de maior dificuldade, e pôs o dia 26 de novembro de 2005 como referência neste aspecto. “Sempre é assim. Quando todos acham que vamos jogar a toalha, surpreendemos. Foi o caso do jogo com o Grêmio. Particularmente, também posso destacar que tive peito para me candidatar novamente ao Executivo, e venci”, orgulhou-se. O histórico, no entanto, não motiva Valois a tentar novamente a presidência, como o próprio alvirrubro afirmou ao fechar suas declarações sobre o duelo histórico: “Não penso em voltar. Acho que o clube precisa se oxigenar, mesmo”.

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