Seleção quer provar que 7 a 1 ficou para trás

Nos discursos, jogadores e comissão técnica falam em "outro momento". E a seleção quer aproveitar o clássico sul-americano da próxima quinta-feira (10) para provar isso

ter, 08/11/2016 - 06:12
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

O tema é inevitável. Desde que a CBF confirmou que a partida diante da Argentina pelas Eliminatórias seria no Mineirão, a lembrança dos 7 a 1 na semifinal da Copa do Mundo de 2014 se mantém viva a cada entrevista. Nos discursos, jogadores e comissão técnica falam em "outro momento". E a seleção quer aproveitar o clássico sul-americano da próxima quinta-feira (10) para provar isso.

O bom retrospecto do Brasil nos últimos jogos é usado para tentar deixar o maior fiasco da história da seleção brasileira no passado. "Aquilo que aconteceu não se apaga, mas é um momento totalmente diferente. Estão acontecendo coisas novas, diferentes, e é isso que a equipe está pensando. Os jogadores não estão pensando no que aconteceu", afirma o atacante Douglas Costa, que disputa vaga na frente com Gabriel Jesus. "O trabalho em si consiste em fazer o que estamos fazendo, ter boas partidas e jogar bem."

O mesmo pensamento tem o volante Renato Augusto. Com a experiência de quem já usou a braçadeira de capitão com Tite, ele diz que a lembrança dos 7 a 1 pode colocar uma pressão extra nos jogadores. O volante admite, contudo, que um bom resultado na quinta-feira pode ajudar a deixar um pouco de lado aquela semifinal de 2014.

"A gente não pode criar mais pressão do que já tem, e por isso não podemos ficar pensando muito no que passou. A cicatriz vai ficar. Temos de mudar o que vem pela frente", avalia o volante. "É um bom momento para vencer, até para diminuir esse assunto. Na Olimpíada, contra a Alemanha, também falávamos sobre a importância de vencer aquele jogo."

O volante Paulinho, que atuou nos 7 a 1 e tem sido titular com Tite, é outro que fala em nova era. "Vivemos um momento diferente. O futebol te dá oportunidade não de reverter, mas de deixar uma boa impressão depois do que aconteceu", diz. "É claro que vão sempre perguntar, mas eu entendo. Temos uma oportunidade de fazer um bom jogo no Mineirão."

Além de Paulinho, outros três jogadores convocados por Tite estiveram em campo naquele jogo - Marcelo, William e Fernandinho. Neymar, Thiago Silva e Daniel Alves estavam na Copa, mas não atuaram. Sobre isso, Renato Augusto diz que a pressão sobre eles não deverá ser diferente daquela sobre os demais jogadores do Brasil.

"Seleção sempre tem pressão. Mesmo eu não estando no jogo, estava como torcedor, como brasileiro. É ruim para todo mundo. A gente não pode criar uma carga ainda maior sobre os jogadores", defende.

Líder das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, o Brasil tem a chance de abrir oito pontos de vantagem sobre os argentinos e aumentar ainda mais o drama dos vizinhos, atualmente fora da zona de classificação para a Copa. Para isso, precisa "apenas" vencer o jogo.

O retrospecto recente joga a favor da seleção. Embalado desde que Tite assumiu, com quatro vitórias em quatro jogos, o Brasil enfrenta uma Argentina que não vence há três partidas e que vem de derrota em casa para o Paraguai. Mesmo assim, os jogadores do Brasil negam qualquer favoritismo.

"Todo mundo sabe que é um clássico, e não existe bom ou mau momento nessas situações", diz Douglas Costa. "Não penso no que a Argentina deve fazer. Acho que o Brasil tem que impor o seu jogo, sem pensar no que eles estão sofrendo."

Renato Augusto também prefere a cautela. "O torcedor acha que vai acontecer uma vitória, uma goleada, mas não é bem assim. É um teste totalmente diferente do que já tivemos", diz. "Clássico é sempre diferente, não importa quem está primeiro ou último."

O volante espera um grande jogo, em uma partida bacana para o torcedor ver. Ele usa a própria experiência para prever isso. "Eu voltei para a seleção exatamente contra a Argentina. É gostoso de jogar."

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