O futuro da natação passa pela popularização no Estado

Treinadores e nadadores veem falta de cultura e incentivo como entraves para renovação das gerações vencedoras

por Renato Torres ter, 22/08/2017 - 08:30
Chico Peixoto/LeiaJáImagens Cada vez menos alunos de escolinhas buscam a profissionalização Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Pernambuco tem tradição nas piscinas. Esta não é uma afirmação controversa, o histórico de atletas compondo a seleção brasileira e conquistando torneios internacionais só reforça que o Estado costuma ser um celeiro de grandes nadadores. Nomes como o de Adriana Salazar, o próprio João Reinaldo Costa Lima Neto, o 'Nikita', passando por Joanna Maranhão, Paula Baracho, e mais recentemente, Etiene Medeiros, costumam levar a bandeira pernambucana aos postos mais altos dos pódios. A preocupação agora é sobre quem irá manter o ritmo, principalmente sabendo que o caminho de fácil não tem nada.

O LeiaJa.com conversou com a nadadora Joanna Maranhão, dona de diversos recordes nacionais e medalhas em mundiais e jogos Pan-Americanos. Longe do Recife, ela treina em Belo Horizonte-MG, mas entende a realidade do esporte no Brasil e em Pernambuco. A necessidade de tornar a natação mais acessível é algo imprescindível no ponto de vista de Joanna.

Joanna é uma das maiores recordistas de medalhas no Brasil (Foto: Satiro Sodré/SS Press/CBDA)

"O que falta na natação pernambucana é o mesmo do Brasil inteiro. É um esporte caro, desde o momento de oportunizar para todo mundo uma piscina, e a prática que precisa começar cedo não é para todos. Quando o profissional começa a nadar tem traje técnologico, touca, óculos, nutricionista, parte física, é tudo muito caro. A gente precisa popularizar mais a natação. Inclusive dentro de Pernambuco, se foca muito no Recife e o Estado tem criança para caramba então temos que expandir para o interior", afirmou.

Tornar a prática algo mais comum aos Pernambucanos parece ser o caminho mais rápido. Mesmo que, em um primeiro momento, não seja algo exclusivamente voltado para formar atletas de alto rendimento. "É popularizar a modalidade. Em um primeiro momento sem visar o alto rendimento, apenas aumentando o número de praticantes. Depois, com uma boa quantidade, se tira qualidade. O caminho é esse, colocar mais crianças nadando, desde a base, mais atrativa, mais brincadeira de caráter lúdico", disse a nadadora.

Sobre o cenário atual, a imagem que chega para Joanna é de um quadro enfraquecido, especialmente pela saída daquele que foi um dos formadores de grandes expoentes das piscinas pernambucanas, o técnico Nikita. "Eu estou fora de Pernambuco desde 2015, então fica difícil falar. Mas vejo, em geral, um cenário pior. No sentido de que, quando se fala da demanda de atletas que chegavam à seleção brasileira, quase a totalidade era de Nikita que dava uma noção mais profissional e a gente chegava. Como foi comigo, Paula, Etienne. Eu nunca vi outro clube com atletas indo e permanecendo. Com o fato dele não estar mais trabalhando com competições, vejo um quadro piorado", contou.

A reportagem visitou as piscinas da escola de natação Nikita e do Sport para conversar com o próprio Nikita e Raul Fuentes, treinador que também teve contato com os maiores destaques do cenário local. Confira o resultado do papo com os técnicos no vídeo a seguir:

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