Promotor criminaliza declaração do presidente da FPF

O promotor é contra as torcidas organizadas, mas ainda assim rebateu o pedido de 'execução' aos envolvidos na confusão durante o aniversário do Santa Cruz

por Victor Gouveia qua, 05/02/2020 - 13:06
LeiaJáImagens/ Arquivo Evandro lamentou que o ato da PM não ter 'executado' os delinquentes LeiaJáImagens/ Arquivo

Mesmo contrário às torcidas organizadas em Pernambuco, o promotor do Ministério Público (MPPE) Ricardo Coelho afirmou que o posicionamento do presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) Evandro Carvalho foi 'infeliz e criminosa'. A resposta veio após o lamento do presidente em relação à postura da Polícia Militar que, para Evandro, deveria ter executado os criminosos envolvidos na confusão durante as comemorações do aniversário de 106 anos do Santa Cruz, ocorrida na segunda-feira (3).

"Declaração infeliz e criminosa à medida que incita a prática de crime e execução e ela deve ser objeto de responsabilização. Uma pessoa que ocupa um cargo de tamanha relevância e importância não pode falar esse tipo de afirmação à medida que estimula a prática criminosa. Isso está na lei penal [...] medidas extremas como esta sugerida não cabe”, analisou em entrevista à Rádio Jornal.

O promotor, que é responsável por uma ação civil pública que objetivava extinguir as torcidas organizadas em Pernambuco, lembrou que a federação foi favorável às uniformizadas na época da ação.







Em seu entendimento, deve haver um afastamento entre política e futebol. Porém, Ricardo avalia que “o que cabe é o rigor da FPF, vontade política de enfrentar o problema. Do MP de ser um condutor desse processo para que tenhamos mais respostas efetivas já que esse problema foi vencido em outros estados e até no exterior", comparou.

Enquanto Evandro disparou contra o Congresso Nacional chamando deputados de 'covardes' por não acatar políticas de extermínio. Para o promotor, a FPF tem poder para proibir a entrada das TO's nos estádios, contudo 'falta vontade política'.

"Por que esse ato nunca foi baixado? Uma decisão judicial numa ação que já existe e está em curso na Justiça também poderia proibir. Essas decisões são políticas e elas não vieram. A federação recusou a recomendação do MP para que essas torcidas fossem proibidas [...] se você considera que os tumultos provocados pelas torcidas são crimes de menor potencial ofensivo, a penalidade aplicada será branda e o meliante libertado. Vai dar cesta básica e estará novamente no jogo. Mas você pode dar uma interpretação mais rígida e entender que houve furto, roubo, tentativa de homicídio, lesão corporal. Não são crimes de menor potencial ofensivo. Eu particularmente acho que não existe normas brandas, falta interpretação adequada", criticou Coelho.

Um dia após a confusão que terminou com feridos e nenhum preso no Pátio de Santa Cruz, área Central do Recife, uma nova confusão foi registrada entre torcidas uniformizadas. Antes da partida entre Sport e Rêtro, ocorrida nessa terça-feira (4), dois grupos rivais trocaram agressões na Estação de metro Tancredo Neves, na Zona Sul. Novamente não houve registro de feridos.

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