"Juninho não queria ir para o Vasco", diz Ricardo Rocha
Foi ele quem indicou a Eurico Miranda, então vice-presidente de futebol do Vasco, a contratação de dois atletas do Sport
Adversário do Sport na segunda rodada do Brasileirão, o Vasco da Gama tem uma relação especial com jogadores de Pernambuco. Vários craques deixaram o futebol do estado para vestir a camisa do Cruz-Maltino. A CBF entrevistou o ex-jogador Ricardo Rocha para falar um pouco sobre essa relação.
O Xerife, como ficou conhecido durante toda sua carreira, nasceu em Recife e começou a carreira vestindo as camisas do Santo Amaro e do Santa Cruz, no começo como lateral-direito. Depois de viajar o mundo e defender clubes como São Paulo, Sporting e Real Madrid, Ricardo Rocha desembarcou no Rio de Janeiro em 1994 para vestir a camisa do Vasco e se somar a tantos outros ídolos pernambucanos. O carinho dos torcedores já lhe dava um pressentimento bom sobre o que estava por vir.
"É impressionante, o Vasco tem essa relação com jogadores pernambucanos. O Juninho, eu, Zé do Carmo, Almir Pernambuquinho, Vavá, Ademir Queixada, o Vasco tem essa relação de muitos anos. É muito legal esse carinho do torcedor. Quando eu vim para o Vasco, eu já sabia dessa ligação com os jogadores de Pernambuco. Então você já chega achando que vai dar certo, que vai caminhar bem. E eu fui muito bem recebido por todos", recordou.
Logo em sua primeira grande competição com o Vasco, Ricardo Rocha escreveu seu nome na história do time. No Campeonato Carioca de 1994, o clube se sagrou tricampeão do estado pela primeira e única vez até os dias de hoje. O Xerife foi campeão ao lado de jogadores como Carlos Germano, Jardel, Valdir e de Dener, que faleceu antes da conquista do título.
Mesmo com a experiência que Ricardo já carregava de uma carreira de alto nível (ele chegou ao Vasco com status de zagueiro de Seleção), a passagem pelo clube lhe deixou boas lembranças, que vão além do título.
"Eu já tinha uma experiência de vida, eu não cheguei novo. Cheguei ao Vasco em 94, tinha de 31 para 32 anos. Já não era garoto, já tinha jogado no Maracanã, enfrentado Vasco, Fluminense, Botafogo. Mas para mim foi um apoio muito grande. E com aquele time de 94 a gente foi tricampeão, o Vasco só tem esse. Para mim, ficou uma história muito bonita", declarou.
"Juninho não queria ir para o Vasco"
Como se não bastasse sua passagem vitoriosa por São Januário, Ricardo Rocha ainda deixou ao clube uma espécie de "herança pernambucana". Foi ele quem indicou a Eurico Miranda, então vice-presidente de futebol do Vasco, a contratação de dois jovens talentos. O atacante Leonardo e o meio-campista Antônio Augusto Ribeiro Reis Júnior, ou melhor, Juninho Pernambucano.
Se hoje Juninho é um imortal na história do clube, eternizado em canções e pinturas nas paredes de São Januário, um pouco se deve ao esforço de Ricardo Rocha. A negociação não foi tão fácil e, a princípio, os dois não queria se transferir para o Gigante da Colina. Mas o Xerife entrou em campo para dar o empurrãozinho que faltava.
"Eu indiquei o Juninho e o Leonardo para o Vasco. E eles vieram e foram muito bem. Mas eles não queriam vir, porque naquele tempo o jogador tinha direito a 15% da transferência e o Eurico não queria pagar à vista, só em três vezes. Eu me recordo de ir para a Seleção achando que estava tudo certo e quando eu voltei, não estava, a coisa não tinha caminhado. Eurico disse: 'Ó, Ricardo, eu só pago em três vezes. Se não, eu prefiro nem fazer o negócio". Aí eu conversei com Juninho e com Léo e eles aceitaram e vieram", descreveu.
Afinal, como o próprio Ricardo Rocha definiu, é um sentimento mútuo, que tem muita história e, como todo vascaíno sabe, não pode parar.
"É amor. É um amor que o Vasco tem pelos nordestinos e que os nordestinos também têm pelo Vasco", concluiu.
Da assessoria da CBF